🔒 Fantasy Football: O que muda para 2018 após a Free Agency

[dropcap size=big]N[/dropcap]unca é cedo para começarmos a nos preparar para a temporada de Fantasy Football. É uma das máximas nas quais acredito, e, sinceramente, uma das que mais ajudam quando chegar a época dos drafts. Se você já leu o ano inteiro sobre quem está bem ou mal cotado, vai chegar com a cabeça bem melhor para selecionar seu time do que alguém que pegou um ranking pré-fabricado. Por isso mesmo, esse texto: hora de reagir às movimentações mais marcantes da Free Agency 2018 bem antes da hora.

Antes de mais nada, quero chamar a atenção para uma coisa: esse texto é meramente especulativo. São previsões especulativas pautadas apenas nas movimentações recentes e tendências passadas. Pode ser que muita coisa se concretize, da mesma forma que tudo pode mudar de figura dos training camps em diante.

Novos lares, novas expectativas

O mercado de wide receivers foi bastante movimentado nas últimas semanas. Vimos Michael Crabtree, Jordy Nelson, Allen Robinson, Sammy Watkins, Jarvis Landry e Albert Wilson, para citar alguns, encontrar novos lares e oportunidades de se destacar.

Alguns times aproveitaram para adicionar um nome que pode ser o fiel da balança para seu jogo aéreo; outras aproveitaram o mercado para reconstruir sua identidade na posição – em especial o Baltimore Ravens.

Michael Crabtree e John Brown, WRs, Baltimore Ravens

Depois de temporadas decepcionantes do ponto de vista ofensivo, o general manager Ozzie Newsome trouxe dois free agents que podem ajudar Joe Flacco a alcançar números ofensivos mais relevantes. O primeiro deles é Michael Crabtree, egresso do Oakland Raiders e com a função clara de se tornar o homem de confiança para seu novo quarterback. Depois de três anos consecutivos com mais de 100 targets (146, 145 e 101), o papel de opção aérea ofensiva número um é dele.

A expectativa é que Crabtree se mantenha um verdadeiro possession receiver, aquele nome capaz de converter primeiras descidas cruciais e um alvo perene na red zone. Em 2016, 23,9% dos targets nas últimas 20 jardas do campo foram para Crabtree; seis touchdowns vieram dessa conexão. Em 2017, 37,9% dos alvos dentro da linha de dez jardas foram na direção do wide receiver. É esse papel que podemos esperar do jogador em Baltimore.

Ao meu ver, sob a ótica de Fantasy Football, Michael Crabtree segue como uma boa opção para wide receiver número dois. De acordo com  o average draft position do Fantasty Pros, que compila as informações de várias plataformas, Crabtree seria o wide receiver número 17 na pontuação standard, o que o coloca exatamente nessa faixa de wide receiver dois.  A expectativa é que ele seja um jogador com um piso de produção sólido, com uma tendência a semanas produtivas pela sua confiabilidade na red zone – ou seja, anotando touchdowns.

John Brown, por sua vez, é uma aposta bem-vinda. Depois de anos esperando seu potencial se converter em estabilidade em Arizona, Brown busca novos ares em Maryland. Anos lidando com lesões e portador da condição de anemia falciforme impediram que o ex-camisa 12 se tornasse um nome consolidado. Ao meu ver, John Brown tem grande capacidade de criar big plays, mas seu histórico de lesões nunca permitiram que ele fosse um jogador com volume. Em quatro temporadas na NFL, ele bateu a marca de 1.000 jardas apenas em 2015, ano no qual teve sete touchdowns. Somando 2016 e 2017, ele entrou apenas cinco vezes na end zone e totalizou 816 jardas. Não é exatamente empolgante.

John Brown é, hoje, um nome com potencial de grandes jogadas, mas que precisa provar que merece bastante volume. As 14.5 jardas por recepção na carreira impressionam, com certeza. Só que não ficaria confortável em gastar uma escolha mais alta que oitava no ex-Cardinal.

Jordy Nelson, WR, Oakland Raiders

Falei com mais profundidade sobre a saída de Crabtree e a chegada de Nelson em outra oportunidade. Para fins de Fantasy Football, o aspecto tático é o mais importante, mas não vejo o ex-Packer chegando para ocupar um espaço diferente daquele ocupado por Crabtree. Ele será o homem de confiança, com grande potencial na red zone e um piso estável. Ele é um wide receiver um para mim, e se você conseguir pegá-lo na terceira ou quarta rodada após um ou dois running backs sólidos nas primeiras rodadas, você disporá de um começo promissor na construção do seu elenco.

Sammy Watkins, WR, Kansas City Chiefs

Depois de ter sido “alugado” em 2017 pelo Los Angeles Rams, a escolha de primeira rodada encontrou um novo lar: Kansas City. As repetidas lesões e a baixa produção na Califórnia contrastam com o talento do ex-Buffalo Bill, e ele terá um novo período de adaptação sob Andy Reid.

Em 2017, o papel de Watkins permitiu que Todd Gurley, Cooper Kupp e Robert Woods brilhassem nos espaços criados magnificamente nos desenhos de Sean McVay. Claro, o que é do tático não se converte em pontos no Fantasy Football – foram 70 targets, 39 recepções, 593 jardas e 8 touchdowns. Percebemos, portanto, que se Watkins não anotasse um touchdown, ele provavelmente decepcionava sua equipe no Fantasy Football.

Sabemos que Watkins é uma baita ameaça em profundidade – tal como seu novo companheiro de time, Tyreek Hill. Colocamos também um ponto de interrogação sobre como os dois se complementarão sob o comando de um novo quarterback: Pat Mahomes. O camisa 15 é conhecido pelo seu excelente braço – o que favorece Watkins e Hill – mas não conhecemos o quanto isso se traduzirá na NFL. Atualmente, Watkins é visto com um wide receiver dois bem baixo, quase um três, e acredito que um três seja adequado justamente pela imprevisibilidade.  Muitas variáveis para apostar mais que uma escolha mais alta que quinta rodada.

Allen Robinson e Taylor Gabriel, WRs, Chicago Bears

Junto com um head coach de mente ofensiva, armas para que ele possa utilizar e desenvolver Mitchell Trubisky. Allen Robinson chega em Chicago com ares de ser o verdadeiro X receiver da equipe, como deve ser. Na temporada de 2016, a última que jogou, Robinson teve dificuldades em estabelecer a mesma química que teve com Bortles em 2015. Mesmo assim, era sempre procurado em rotas longas, além da red zone, tendo um potencial tanto de big plays quanto uma produção estável com touchdowns. É, ao meu ver, um wide receiver número dois, com upside para se tornar número um. É uma escolha de final de segunda rodada em ligas de doze jogadores.

Robinson tinha dificuldades em se livrar de marcações duplas, e aí entram Gabriel e o tight end Trey Burton. Os dois jogadores são capazes de atrair a marcação e permitir matchups favoráveis para Robinson. Gabriel é uma ferramenta no Fantasy Football que faz arrancar os cabelos; ou ele estoura ou ele tem uma perfomance que afunda seu time. Geralmente, eu me afastaria desse tipo, mas ele deve ter um papel mais proeminente em Chicago do que tinha em Atlanta. Foram 50 e 51 targets em 2016 e 2017, respectivamente; a expectativa é que isso suba e volte ao volume que tinha no ano de calouro em Cleveland (72 targets). Não me vejo buscando Gabriel antes da décima primeira, décima rodada.



Jimmy Graham, TE, Green Bay Packers

A saída de Jordy Nelson abre uma vacância de 391 targets nas últimas três temporadas que jogou. A esperança é que Jimmy Graham tome para si boa parte desse volume, e se torne uma real ameaça na red zone para o Green Bay Packers. Sabemos que Graham é bastante eficiente no jogo aéreo, sendo um pesadelo para defensive backslinebackers mais baixos e menos velozes.

O ponto de interrogação recai justamente sobre sua utilização. Mike McCarthy não consegue explorar o tight end consistentemente – pelo ponto de vista do Fantasy Football, claro. Ano passado, Lance Kendrick, Richard Rodgers e Martellus Bennett combinaram para 598 jardas e dois touchdowns em 92 targets. Em 2015, Richard Rodgers foi o primeiro tight end dos Packers a ter mais de 500 jardas (510) em uma temporada desde  Jermichael Finley em 2012 (667). Em número de touchdowns, a produção na posição é baixa: entre 2010 e 2017, foram 41 touchdowns para todos os nomes da posição da equipe (média de 5.125 por ano).

A título de comparação, Jimmy Graham sozinho teve 46 touchdowns entre 2011 e 2014 em New Orleans; Rob Gronkowski teve 42 nas quatro primeiras temporadas (2010-2013) – números que demonstram que Green Bay poderia explorar de forma mais eficiente seu tight ends com ninguém menos que Aaron Rodgers.

Embora a promessa de Graham seja grande, não acredito que valha a pena queimar o capital de draft para tê-lo no seu elenco virtual;  com o ADP dentro da terceira rodada, minha prioridade sempre é construir ao redor de wide receiversrunning backs.

Jerrick McKinnon, RB, San Francisco 49ers

Quatro anos, 30 milhões de dólares. Esse foi o baita contrato que o San Francisco 49ers deu para o ex-Viking, que agora faz parte do dinâmico e empolgante ataque de Kyle Shanahan. É um dos jogadores que, ao meu ver, mais se valorizaram sob um ponto de vista de Fantasy Football.

Jerrick McKinnon é um encaixe ideal para o San Francisco 49ers e o estilo ofensivo de Shanahan. Durante o ano de 2016, vimos Devonta Freeman e Tevin Coleman serem extremamente perigosos explorando espaços vazios tanto no jogo aéreo quanto no jogo terrestre. Utilizando heavy sets (13 e 21 personnel, por exemplo), Shanahan espera o adversário reagir. Se a defesa vir que há, em teoria, mais bloqueadores, e tentar responder com substituições específicas, Shanahan vai passar a bola a partir dessas formações tipicamente associadas com corridas. E, se McKinnon tiver espaço contra defesas mais robustas, ele tem velocidade para bater qualquer defensor no campo aberto.

McKinnon pode cumprir bem o papel entre os tackles e, mais importante que isso, contribuir para o jogo aéreo como Carlos Hyde não podia. O agora-Cleveland Brown não é exatamente um receiving back, mas mesmo assim teve 88 targets. Imagine o estrago que um jogador mais talentoso na recepção não terá sob a batuta de Kyle Shanahan.

Por estarmos no final de março, acredito que o fã de Fantasy Football ainda não parou para pensar sobre o valor de McKinnon no futebol americano virtual. Ele é um jogador capaz de ficar em campo nas três descidas e um encaixe perfeito para o sistema de Kyle Shanahan. Afinal, o head coach não daria um contrato tão volumoso se não visse no running back um potencial gigantesco dentro da sua filosofia.

Até agora, ele não está sendo visto como essa arma – basta conferir o ADP do Fantasy Pros. Só que com o hype cercando Jimmy Garoppolo e o ataque do 49ers como um todo, seu preço em drafts pode subir drasticamente nos próximos meses. Com um sólido running back número um na primeira rodada, eu fico satisfeito em pegá-lo na terceira rodada. Não arriscaria ele como meu titular absoluto.

Tyrod Taylor, Carlos Hyde, Jarvis Landry no Cleveland Browns

Acho que a situação mais nebulosa dessa Free Agency está no norte do estado de Ohio. O Cleveland Browns deitou e rolou nas trocas e talhou uma moldura ofensiva drasticamente diferente daquela que vimos em 2017. Com a chegada de um quarterback, um running back e um wide receiver, a especulação está mais forte do que nunca para o Fantasy Football.

Tyrod Taylor é o titular absoluto, diz Hue Jackson. E, com Taylor, temos o que já conhecemos: um piso de produção estável pelo seu potencial de resolver com as pernas. Carlos Hyde, por sua vez, parece que encontrará uma utilização limitada; se considerarmos a falta de eficiência no jogo aéreo em 2017 e que Duke Johnson é um dos receiving backs de destaque na NFL, Hyde não deve ser uma arma tão atraente no Fantasy Football. Além disso, lembremos que Hue Jackson esquece o jogo terrestre quando as coisas não vão da forma que ele espera. Conhecendo Jackson, isso acontece frequentemente – pobre Isaiah Crowell.

Jarvis Landry chega como opção no slot e deve manter sua reputação como máquina nos formatos que premiam pontos por recepção (PPR). O que fica ainda em cheque é o quanto do meio do campo ele dividirá com David Njoku, tight end selecionado na primeira rodada em 2017. Nos seus tempos de Miami Dolphins, Landry era soberano em rotas curtas e médias, sem competição. Em Cleveland, bem ou mal, há um tight end disputando esse volume.

Além disso, temos ainda Josh Gordon na equação. De que forma Josh Gordon será utilizado nesse makeover do Cleveland Browns também é incerto – apesar da expectativa (minha) é que ele seja implementado como receiver, o prototípico wide receiver número um.

Claro que de nada adianta ter bons ingredientes se o cozinheiro não for bom. Por mais animado que eu esteja com as aquisições do Cleveland Browns, me mantenho ressabiado enquanto Hue Jackson for o head coach. Posto isso, enxergo Jarvis Landry como uma sólida opção em PPR; seu ADP no formato no final da terceira rodada se aproxima do valor que vejo por ele. Hyde, por sua vez, é um running back três para mim, sendo uma sólida opção para consolidar seu corpo na posição.

As demais movimentações

Vimos muitas movimentações NFL afora. Temos Frank Gore nos Dolphins, Torrey Smith nos Panthers, LeGarrette Blount nos Lions, Eric Ebron nos Colts, Donte Moncrief nos Jaguars, Jeremy Hill nos Patriots… mais e mais transferências que serão comentadas em seu devido tempo. Afinal, todas elas tem implicações na formação do seu time de Fantasy Football. Por ora, espero que o presente texto tenha atingido seu objetivo: fazer você começar a pensar no seu time de futebol americano virtual.

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