Por que há tantos extra points errados no futebol americano nacional?

O Brasil é o país do futebol. Óbvio. Isso todo mundo já sabe. Os familiares incentivam suas crianças quando dão bolas de futebol. Parece uma naturalidade aos brasileiros chutar. Temos reconhecidos jogadores nas principais ligas do futebol bretão pelos cinco continentes. Fato.


Com o crescimento exponencial do futebol americano, a naturalidade do movimento dos chutadores seria incrível. Os placares dos jogos disputados em terras tupiniquins poderia seguir o padrão de excelência dos campeonatos americanos e canadenses. O Brasil poderia ser recheado de “Tonys DiRienzos”, “Cairos Santos”, “Maykons Bonanis” ou “Rafaeis Gaglianones” por todas as regiões da federação.

Em um levantamento realizado pelo pessoal do Touchdown, do Jornal do Comércio, sobre a Superliga Nacional, o repórter Haim Ferreira apresentou que o desempenho dos kickers em situação de chutar o extra point foi apontada como baixa. Nas duas primeiras rodadas do certame, das 85 tentativas de mandar a bola entre as traves e anotar mais um ponto, os times de especialistas tiveram uma margem de erro de 31%, o que significa que 24 pelotas foram chutadas para fora do gol – ou se é que elas chegaram em condições do kicker realizar o chute.

Vale ressaltar que nesta época inicial da competição, duas partidas terminaram com dois pontos de diferença: Timbó Rex 19-21 São José White Sharks Istepôs e Minas Locomotiva 33-35 Botafogo Reptiles. Será que a culpa é só dos kickers?

Mas afinal, por que as equipes brasileiras sofrem para anotar o que seria uma jogada fácil de um chute de menos de 20 jardas?

O Pro Football conversou com o treinador do Vasco da Gama Patriotas, Gabriel Mendes, para entender a razão do fraco desempenho dos nossos chutadores na primeira divisão do campeonato brasileiro.

Biel, como também é conhecido, foi o coordenador do time de especialistas do Brasil Onças – a seleção brasileira – na disputa da Copa do Mundo de Futebol Americano, realizada em Canton/Ohio, nos Estados Unidos, em 2015. Atualmente é o treinador principal da nossa Seleção.

Para o técnico, o special team é historicamente negligenciado no Brasil. O baixo rendimento nos chutes de bonificação após o touchdown não é somente culpa do kicker, mas da falta de atletas com funções particulares como long snapper e holder. “Os times reservam pouquíssimo tempo para treinar time de especialistas. E não estimulam jogadores que sejam especialistas numa só função. Em muitos times, até o kicker e o punter atuam em outras posições. Acho difícil encontrar no Brasil um long snapper que seja apenas long snapper”, explica.

E não somente a carência desta característica nos elencos atribuem para o aumento do erro, a dificuldade na logística para transportar um grupo volumoso atrapalha até mesmo selecionar os espaços dentro dos ônibus. “Nas viagens, os times vão de ônibus e tem apenas 40 e poucos lugares. É difícil reservar espaço para jogadores exclusivos do time de especialistas. Além disso, a maioria dos times treina muito pouco: 1 ou 2 vezes na semana. Então sobra pouco tempo para o special team mesmo. Infelizmente. É um problema não só cultural, mas estrutural também. Os times precisam de mais tempo de treino para poder dedicar mais tempo para o time de especialistas”, comenta.

Para Mendes, o cenário perfeito apresenta que todos os times dispusessem de um coordenador de special team e um kicker específico. “O ideal seria que todos os times tivessem um coordenador de special team. E que tivessem, pelo menos, um kicker que seja apenas kicker. O holder idealmente o segundo ou terceiro quarterback – nunca o primeiro. E o long snaper, idealmente, que não seja titular nem no ataque, nem na defesa. Desta forma, é possível destacar esses três, que respondem por 95% da execução do extra-point ou field goal, e focar em repetição todo treino. A questão é que botando o time todo junto, acaba não dando tempo de fazer toda a progressão de chutes, de perto para longe, variando nas marcações e no meio. Portanto, o ideal é trabalhar à parte com esses três: long snaper, holder e kicker e, obviamente, botar os 22 também num período menor, reservado para o ST”, idealiza.

Confira abaixo o desempenho nas duas primeiras rodadas da Superliga por conferência

Conferência Nordeste

19 touchdowns
2 conversões de dois pontos
6 extra points

Conferência Leste

30 touchdowns
3 conversões de dois pontos
21 extra points

Conferência Oeste

22 touchdowns
0 conversões de dois pontos
14 extra points

Conferência Sul

26 touchdowns
0 conversões de dois pontos
18 extra points

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