As 6 maneiras mais dolorosas de se perder um jogo da NFL

Aviso de gatilho: este texto contém altas doses de sofrência.

Terminado o primeiro quarto da temporada 2016 da NFL, ninguém sofreu mais decepções até agora do que os torcedores do San Diego Chargers – nem mesmo Cleveland, com o seu acúmulo de derrotas e a sua maldição (esta é a única explicação possível) na posição de quarterback. A equipe da Califórnia está com o record de 1-4, contudo poderia muito bem estar 4-1 se não ficasse encontrando jeitos inovadores e criativos de perder jogos no último quarto (além do óbvio, pelo fato do pass rush da equipe dar tempo mais do que suficiente para os quarterbacks adversários trabalharem no último período).

Fora a boa vitória sobre os Jaguars na semana 2, San Diego desperdiçou uma vantagem de 17 pontos no último quarto em Kansas City (derrota na prorrogação), tomou uma virada nos últimos minutos contra os Colts, sofreu dois fumbles em um intervalo de dois minutos no final do confronto diante dos Saints e, mais recentemente, perdeu para Oakland porque o holder não conseguiu segurar a bola do field goal que empataria a partida.

O pior para os torcedores talvez nem seja os resultados negativos em si, afinal derrotas fazem parte do mundo dos esportes, mas sim a frustração de ver as vitórias escaparem por entre os dedos do time semana após semana. O próprio Philip Rivers, conhecido por ser um homem que não fala palavrões, deve estar chegando no nível de irritação daquela repórter da Globo News.

O caso dos Chargers 2016 nos fez refletir sobre a seguinte questão filosófica: quais são as maneiras mais dolorosas de se perder um jogo da NFL? Conseguimos pensar em seis delas e separamos vários exemplos para ilustrar nosso ponto – as tais imagens de dor e sofrimento. Então coloque uma música bem triste, deite em posição fetal e relembre das vezes em que o seu time fez você quase desejar nunca ter nascido.

Erros mentais

Um jeito bastante comum de entregar resultados praticamente assegurados é através de erros mentais como drops, fumbles, snaps mal executados etc. Estes pequenos momentos de desconcentração muitas vezes não trazem danos sérios ao longo de uma partida, porém em outras podem ocasionar verdadeiras catástrofes – Tony Romo há 10 anos que o diga. Perdendo por 21 a 20 e com pouco mais de um minuto no relógio, Dallas teve uma chance de ouro para virar o placar contra Seattle no Wild Card de 2006. A equipe precisava apenas converter um field goal de 19 jardas e depois se segurar na defesa. O problema é que Romo, na época o holder, não conseguiu dominar o snap, impossibilitando o disparo do kicker Martin Gramatica. Esta derrota assombrou o quarterback e a franquia por vários anos, sendo um dos motivos da má fama de Tony até hoje.

Outro exemplo famoso foi o fumble de Earnest Byner. O running back dos Browns soltou a bola na linha de duas jardas dos Broncos, faltando 1:12 para acabar o AFC Championship Game de 1987. O touchdown teria empatado o duelo – ao invés disso, Cleveland perdeu por 38 a 33.

Existem casos também em que os erros mentais evoluem para completos colapsos coletivos. Quem não se lembra dos Bengals sucumbindo inacreditavelmente diante dos Steelers nos últimos Playoffs? Tudo começou com um fumble de Jeremy Hill, quando Cincinnati precisava de apenas um first down para garantir o triunfo. Depois disso, uma sucessão de faltas violentas e ridículas ajudou a colocar Pittsburgh em condição de chutar o field goal da vitória.

Chamadas e decisões ruins dos treinadores

Os técnicos podem comprometer as vitórias dos seus times basicamente de duas maneiras. A primeira delas é tomando decisões ruins quanto ao manejo do relógio, possibilitando que os adversários tenham oportunidades para conseguir a reação. Tom Coughlin e os Giants, por exemplo, foram especialistas nisso no começo de 2015. Ademais, também é comum vermos head coaches conservadores sentando em cima de uma vantagem, só chamando corridas e quase abrindo mão de atacar. Isso pode ser muito bom para queimar cronômetro e evitar turnovers, mas por outro lado pode virar um tiro no pé.

A segunda maneira é mais óbvia: escolha errada de jogadas. Vamos usar um exemplo qualquer aqui. Imagine que sua equipe está em uma segunda descida para o goal, na linha de duas jardas, faltando 25 segundos para acabar o Super Bowl. O coordenador ofensivo conta com um dos melhores running backs da NFL, entretanto resolve chamar um passe. O lançamento acaba na mão do cornerback adversário e você vê seu time do coração perder o Super Bowl por causa disso. Deve ser algo bem chato de acontecer.

Viradas faraônicas que seriam dignas de estarem numa novela da Record

As grandes viradas muitas vezes estão ligadas diretamente à falta de competência dos treinadores/times em administrar suas vantagens. Em outras, são frutos simplesmente de reações incríveis. Por exemplo, os Chiefs não cometeram falhas absurdas diante dos Colts no Wild Card de 2013 e mesmo assim, após abrirem uma vantagem de 28 pontos no começo da segunda etapa, saíram de campo derrotados por 45 a 44 – é claro que isso não é nenhum consolo para os fãs de Kansas City.

Se você quiser outro exemplo, só que bem mais impressionante e traumático, podemos citar um caso de 2010. Jogando em casa, na semana 15 da temporada, os Giants abriram 31 a 10 contra os Eagles na metade do último quarto de jogo. Na sequência, Philadelphia anotou quatro touchdowns em um intervalo de pouco mais de oito minutos, sendo o último deles um retorno de punt de DeSean Jackson com o relógio zerado. O lance derradeiro foi uma combinação de péssima cobertura dos especialistas com incapacidade do punter Matt Dodge em chutar a bola para fora de campo. Tom Coughlin, aliás, quase chegou às vias de fato com Dodge após o erro, materializando os sentimentos que estavam passando pela cabeça dos torcedores de New York naquele momento.

Decisões polêmicas da arbitragem

Perder devido à uma decisão equivocada ou controversa da arbitragem é uma das piores coisas que existem, já que a sensação de injustiça torna tudo muito mais doloroso. Na NFL isso ocorre com uma frequência relativamente grande, embora os juízes contem com bastante ajuda da tecnologia. Seja uma falta não marcada, uma recepção não validada (Dez Bryant sabe bem do que estamos falando) etc., todo mundo tem reclamações a serem feitas sobre as zebras.

Falando especificamente do campo das decisões polêmicas, podemos citar um exemplo clássico: o Tuck Rule Game (Divisional Round da AFC de 2001), disputado entre Patriots e Raiders. Até hoje Charles Woodson deve jurar que forçou um fumble de Tom Brady no final daquela partida, o que provavelmente teria garantido a vitória de Oakland e consequentemente a vaga na Final de Conferência. Porém, os árbitros, apoiados pelas regras da época, marcaram corretamente passe incompleto e New England manteve a bola (não vamos começar a Terceira Guerra Mundial aqui, ok? As zebras agiram de acordo com o que diziam as regras). Mesmo não tendo reais motivos para reclamarem, toda a dúvida e polêmica que cerca o lance fez torcedores e jogadores dos Raiders sofrerem demais com a derrota, ainda mais porque a chamada tuck rule, a qual causou toda a confusão, foi abolida alguns anos depois.

Por outro lado, existem casos em que não existe nenhum tipo de controvérsia e os juízes simplesmente erraram feio. O exemplo mais grotesco dos últimos tempos foi a famosa “Fail Mary“, quando Russell Wilson completou um passe para um cornerback dos Packers e os árbitros “reservas”, os titulares estavam de greve, assinalaram touchdown para os Seahawks. Green Bay provavelmente não ficou tão satisfeito assim com a chamada.

Field Goals perdidos

Field Goals desperdiçados talvez pudessem entrar na categoria de erros mentais, mas decidimos reservar um espaço especial para eles. Quem nunca viu seu time perder um jogo por causa de um kicker descalibrado que atire a primeira pedra. Seja Billy Cundiff chutando para longe a chance dos Ravens irem ao Super Bowl, seja Blair Walsh errando um disparo de 27 jardas nos últimos Playoffs (este narrador de Minnesota não conseguiu lidar muito bem com isso), seja Scott Norwood no Super Bowl XXV, sempre haverão histórias e mais histórias de kickers decepcionando em momento decisivos.

Além disso, existe uma versão mais hardcore de derrotas causadas por field goals perdidos – os chamados “kick six“. Em 2015, com o placar empatado em 27 a 27, os Browns tiveram a chance de ganhar dos Ravens com um chute de 51 jardas no último lance da partida. Baltimore não apenas bloqueou o disparo como ainda retornou a bola para touchdown, colocando mais uma derrota agonizante na longa lista de decepções sofridas por Cleveland.

Milagre, destino, sobrenatural, ser Cleveland Browns ou seja lá o nome que for

Por fim, fechando a lista das seis maneiras mais dolorosas de se perder um jogo da NFL, temos a questão dos “milagres”. As vezes uma derrota não é causada por nenhum dos fatores citados acima. Juízes, treinadores ou jogadores não tem culpa de um resultado negativo. Em algumas ocasiões especiais, os culpados são os próprios deuses do futebol americano – ou o destino, ou o nome que você quiser dar. Feitos espetaculares e inexplicáveis ocorrem no mundo dos esportes e, se eles acontecerem contra o seu time, a única coisa a fazer é aceitar.

Podemos discutir se os árbitros erraram ao marcar falta em Aaron Rodgers e dar uma nova chance ao ataque dos Packers. Podemos apontar as várias falhas defensivas de Detroit marcando o passe em profundidade. A única coisa que não podemos fazer é ignorar a magia por trás da Hail Mary completada por Rodgers na temporada passada. Mesmo os fãs dos Lions, passado o baque do momento, devem ter se dado conta da importância da jogada.

Ou então, caso ainda não tenha ficado completamente claro nosso ponto, basta relembrarmos o famoso “Music City Miracle“. Com 16 segundos no cronômetro e perdendo por 16 a 15 no Wild Card de 1999, os Titans retornaram um kickoff para touchdown, vencendo os Bills por 22 a 16. E fizeram isso após o tight end Frank Wycheck completar um passe lateral para o wide receiver Kevin Dyson. O mesmo Dyson que depois seria parado na linha de uma jarda na última jogada do Super Bowl XXXIV. Enfim, por mais que tentemos analisar os aspectos táticos e técnicos do jogo, não é fácil explicar o que aconteceu em Tennessee naquela fria tarde de 8 de janeiro de 2000.

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