A década de 2010 sacramentou a popularidade do afutebol americano no Brasil. Ainda há muito a percorrer, mas antes de 2010 seria um tanto inimaginável que o Super Bowl fosse o programa mais assistido da TV a cabo. Momentos como os que você verá adiante ajudaram pessoas a escolher seus times, a esquecer dos problemas e a se apaixonar ainda mais pelo futebol americano. Mesmo o fã mais casual do esporte deve se lembrar da maior parte deles.
Por óbvio, há mais do que 10 momentos marcantes. Foi uma lista difícil de fazer, muitos momentos e jogadas acabaram ficando de fora. Para ajudar na confecção dela, pedi ajuda à equipe do site – então pode xingar a todos nós em vez de apenas a mim. Seja como for, é um ranking subjetivo. Coloquei em ordem de “por quanto tempo vamos lembrar onde estávamos, com quem estávamos e o que estávamos comendo enquanto isso aconteceu?”. Certamente sua lista será diferente, mas creio que vários dos momentos abaixo ainda estão cristalinos na sua memória.
Vamos à lista então;
1- 28 x 3, Super Bowl LI
O que rolou: Buscando seu quinto título, o New England Patriots enfrentou o Atlanta Falcons do então MVP Matt Ryan. De repente, no meio do terceiro quarto, os Patriots estavam atrás no placar por 28 a 3 – uma diferença que nunca havia sido tirada na final da NFL. New England tirou forças de só Deus sabe onde e virou a partida de maneira magistral, naquele que foi o primeiro Super Bowl decidido na prorrogação.
Como vou me lembrar disso: Após fazer o Abre o Jogo na ESPN, fui para a casa de dois amigos para beber uma cerveja e ver a partida. Mesmo com o déficit, assisti até o final enquanto meus amigos desistiram do jogo – minha então namorada, torcedora dos Patriots, tinha também desistido da possível virada. Mas Tom Brady tinha um ás na manga.
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2- Arranha ceu de Joe Flacco, Playoffs 2012
O que rolou: A pós-temporada magistral do Baltimore Ravens, na despedida de Ray Lewis dos gramados, foi coroada com essa jogada. 3rd and 3, com os Ravens atrás por sete pontos. Flacco procurou Jacoby Jones em profundidade em vez de buscar apenas a primeira descida – a secundária dos Broncos comeu bola num passe que seria eternizado na voz do Rômulo como “Arranha Céu”. Jones recebeu, correu para o touchdown e Baltimore forçou a prorrogação – eliminando Denver no caminho para o Super Bowl.
Como vou me lembrar disso: Estava passando por alguns problemas pessoais na época e sem muita vontade de ir na formatura de um amigo – que tinha um convite para me dar. Após a virada e jogo, me deu um ânimo de ir na formatura e isso com certeza ajudou a passar por cima daqueles problemas. O torcedor dos Ravens vai se lembrar para sempre – foi o momento que o apelido de “elite”, ao menos para a torcida de Baltimore, fez mais sentido do que nunca.
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3- Aposentadoria de Andrew Luck, Agosto de 2019
O que rolou: Em agosto de 2019, após seguidas lesões – e recuperações – o quarterback do Indianapolis Colts, Andrew Luck, convocou uma entrevista coletiva. Antes, na noite anterior, já vazaram informações que Luck iria se aposentar. Primeira escolha geral do Draft de 2012, Luck foi um dos quarterbacks mais talentosos da década – mas a carreira foi minada por lesões e uma pitada de inconsequência dos Colts ao não investir em linha ofensiva para ele.
Como vou me lembrar disso: Estava no ar, comentando um jogo de college. O Ari num break virou e me passou a notícia que viu na notificação do celular. Achei que era brincadeira dele ou que ele tinha caído em fake news. Foi um soco no estômago. Chegando em casa, gravei um vídeo sobre e, bem, lágrimas caíram.
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4- Milagre de Detroit, Dezembro de 2015
O que rolou: Após uma falta de Detroit, Aaron Rodgers teve mais uma chance para buscar o touchdown da vitória com um hail mary – a bola estava na linha de 39 jardas. O cronômetro, zerado. Rodgers tomou distância, fugiu de um sack e passou a bola com os pés na linha de 35 – ela viajou até a end zone, onde foi recepcionada pelo tight end Richard… Rodgers. Embora os dois não sejam parentes, frequentaram a mesma universidade, Cal Berkeley. Os Packers venceram a partida de maneira épica, fora de casa e contra um rival de divisão.
Como vou me lembrar: A primeira reação que tive, para além da perplexidade, foi de saber que estava testemunhando a história. Mesmo com tantos lances e temporadas fora de série, esse hail mary acabará sendo a assinatura da carreira de Aaron Rodgers.

5- Philly Special, Super Bowl LII
O que rolou: Com 38 segundos faltando no segundo quarto, os Eagles estavam três pontos à frente do New England Patriots, então campeões, no Super Bowl LII. Doug Pederson teve a coragem de chamar uma trick play numa quarta descida para goal – como New England tinha apenas um tempo para pedir e a bola sairia da linha de duas jardas, a expectativa era de um passe rápido ou uma corrida. Então, veio o timeout e na sequência o Philly Special: um passe para touchdown do tight end Trey Burton para Nick Foles, que herdou o time após a lesão de Carson Wentz dois meses antes.
Como vou me lembrar: “&¨%¨”. Um palavrão na hora e sujar meu terno de ketchup. Estava na redação da ESPN esperando para voltar para o estúdio no pós-jogo. Não foi a jogada decisiva do jogo, mas foi o momento que os Eagles mostraram que não tinham medo de New England. Lembro de ter dito para alguém: essa é a jogada do título.
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6- Tip de Richard Sherman no NFCCG 2013
O que rolou: 1st and 10 para os 49ers, que estavam atrás por seis pontos na final da Conferência Nacional contra o rival de divisão, Seattle Seahawks. Com a bola na linha de 18 jardas, Colin Kaepernick foi em profundidade procurar Michael Crabtree – Richard Sherman evita o touchdown com um tapa na bola enquanto mergulhava e o passe é interceptado. Depois do lance, Sherman dá uma entrevista PISTOLAÇO para Erin Andrews, da FOX americana, e chama Crabtree de “sorry receiver” – os dois tinham uma rivalidade pra lá de quente. Essa talvez seja a jogada-assinatura do ano do título de Seattle e da própria Legion of Boom.
Como vou me lembrar: Com um carinho enorme, porque esse jogo foi o “falso ao vivo” do meu teste para comentar na ESPN – o teste foi em maio de 2014 e revi o jogo umas 500 vezes antes dele.
7- Aposentadoria de Peyton Manning, Março de 2016
O que rolou: Após quase 20 temporadas, o quarterback Peyton Manning declarou todo seu amor ao futebol americano ao se aposentar depois da temporada de 2015. Manning sofreu com lesões naquele ano e não foi o mesmo – mas a defesa dos Broncos compensou todas as defesas ruins que atrapalharam Peyton em sua carreira e a inteligência do quarterback lhe ajudou a ser campeão na última temporada de sua carreira.
Como vou me lembrar: Acho que vou chorar em toda aposentadoria de quarterback, viu. Ante a notícia, fizemos um ESPN Leag… Digo, The Book is on The Table à tarde para comentar a aposentadoria e traduzir a coletiva. Enquanto Peyton falava, obviamente caíram lágrimas – ainda bem que não estavam mostrando o estúdio naquele momento.

8- Bears subindo no Draft por Trubisky e Chiefs escolhem Mahomes, Abril de 2017
O que rolou: você já viu no título, me poupe dessa dor.
Como vou me lembrar: Ainda não superei e irei arranjar um DeLorean no futuro para voltar a abril de 2017 e impedir essa catástrofe. Lembrando, eu estava na transmissão do Draft e tive quase um ataque epilético. Digo, meu amigo torcedor dos Bears que sofreu com tudo isso.
9- Kaepernick correndo por cima dos Packers, Playoffs de 2012
O que rolou: Talvez o maior momento da “pistol offense” e da “read option” que tomou a NFL de assalto na temporada de 2012. Colin Kaepernick teve quase 200 jardas corridas, quebrando o recorde do quesito para um quarterback nos playoffs. Foram 181 jardas e dois touchdowns – a corrida de 56 jardas no terceiro quarto, que deixou o jogo 30 a 24 para San Francisco, é a que fica marcada na história.
Como vou me lembrar: Pela perplexidade de “como vão parar isso?”. Como acaba inevitavelmente acontecendo, a NFL se adpata a pirotecnias e os coordenadores defensivos adversários começaram a anular a read-option com disciplina dos defensores e um foco cada vez maior em defensores mais ágeis nas laterais da linha.
10- Malcolm Butler salva os Patriots, Super Bowl XLIX
O que rolou: O New England Patriots viu mais uma recepção absurda no University of Phoenix Stadium durante um Super Bowl. Na sequência da campanha, o resultado seria diferente daquele de fevereiro de 2008: após uma corrida de Marshawn Lynch que não resultou em touchdown, os Seahawks chamaram um passe e ele foi intecetapdo por Malcolm Butler, um herói improvável e não-draftado que deu o quarto título para os Patriots.
Como vou me lembrar: Que os Seahawks não cometeram o “pior erro da história” em simplesmente variar a chamada e passar a bola em vez de correr – dado que esse é um princípio do playcalling ofensivo. Ademais, Lynch era um dos running backs com menos eficiência da liga naquele ano em situações de goal to go. Segundo que há muito mérito dos Patriots: o time treinou, antes do Super Bowl, para anular exatamente essa jogada que Seattle rodou. Fiz um vídeo sobre, aliás.
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