Dropback, 2008: Cai o invicto e a zebra gigante triunfa no Super Bowl XLII

“Glendale, Arizona – Fevereiro de 2008 – Neste domingo, no University of Phoenix Stadium, em Glendale, Arizona, será realizado o Super Bowl XLII. A expectativa de todos os fãs da NFL cresce diante da possibilidade de vivenciar a história. O New England Patriots pode, em caso de vitória sobre o New York Giants, chegar ao término da temporada com a incrível marca de 19 vitórias e nenhuma derrota. Os Patriots, além de buscar seu quarto título do Super Bowl, buscam ser a segunda equipe a ser campeã invicta (após o Miami Dolphins em 1972). A equipe liderada por Bill Belichick e Tom Brady é franca favorita nas casas de apostas, mas os Giants querem seguir surpreendendo. Em termos de zebra, a equipe nova-iorquina, pode ser considerada a mais perigosa delas: se classificou aos playoffs como wild card e venceu três campeões de divisão fora de casa – Tampa Bay, Dallas e, na final de Conferência, venceu os favoritos Packers naquele que pode ter sido o último jogo da carreira de Brett Favre. Agora, quer derrubar os Patriots com sua potente linha defensiva e com o jogo aéreo comandado pelo quarterback Eli Manning. De qualquer maneira, o jogo de domingo promete fortes emoções, e a perspectiva de um resultado que pode entrar para a história da liga: seja com vitória patriota ou zebra gigante.”

Como podemos ver, pouca gente acreditava que o New York Giants poderia, de fato, fazer frente ao New England Patriots no Super Bowl XLII. Os Patriots tinham favoritismo de 12 pontos nas casas de apostas e dominaram os adversários de tal forma ao longo da temporada que era difícil imaginar de que forma os Giants poderiam derrotá-los.

Mas, para utilizar um velho clichê esportivo… “É por isso que as partidas são disputadas.”

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Para falarmos sobre uma das maiores zebras da historia da NFL, vamos primeiro lembrar das trajetórias das duas equipes, em seguida falando sobre o jogo propriamente dito.

New England Patriots

A temporada regular do New England Patriots em 2007 certamente é lembrada por todos que acompanham a NFL. Chegando a um resultado final de 16 vitórias e nenhuma derrota, podemos dizer que foi a melhor temporada de um time na história. A única outra equipe a terminar a temporada regular invicta havia sido o Miami Dolphins, em 1972. Naquela época, entretanto, cada equipe disputava 14 jogos na temporada regular. Por isso, é possível afirmar que o desempenho dos Patriots na temporada regular de 2007 foi ainda mais impressionante que o dos Dolphins em 1972.

A equipe comandada pelo técnico Bill Belichick quebrou diversos recordes da história da liga até aquele momento. Entre eles, é possível destacar a média de 36,8 pontos por partida, 75 touchdowns marcados e a maior diferença entre pontos marcados e sofridos (315, fruto também do trabalho da quarta melhor defesa da liga na temporada).

O quarterback Tom Brady, por sua vez, também alcançou várias marcas históricas, naquela que certamente foi a melhor temporada de uma carreira fenomenal. Brady lançou para 50 touchdowns (recorde da NFL à época, posteriormente quebrado por Peyton Manning) e apenas 8 interceptações, chegando a um rating de 117,2. O quarterback ganhou, ao término da temporada, os prêmios de MVP e melhor jogador ofensivo.

Ainda que, ao contrário do que aconteceu na outras temporadas em que New England chegou ao Super Bowl, o ataque tenha sido o ponto mais forte da equipe, a defesa dos Patriots mantinha-se muito forte. Com nomes como o defensive tackle Vince Wilfork, o cornerback Asante Samuel e o fortíssimo trio de linebackers Mike Vrabel, Tedi Bruschi e Junior Seau, a defesa híbrida comandada por Bill Belichick permaneceu uma das mais fortes da liga.

Um fato interessante: a partida que finalizou a temporada regular perfeita dos Patriots – na Semana 17 – talvez tenha sido a mais difícil. Uma vitória de 38 a 35 contra… o New York Giants. Talvez essa dificuldade já prenunciasse eventos futuros. De toda forma, possibilitou que Steve Spagnuolo, o coordenador defensivo dos Giants, tivesse minutos e mais minutos de vídeo de seus jogadores contra os Patriots. Utilizando bem essa informação, a zebra poderia – como de fato se verificou – acontecer. Na pós-temporada, os Patriots venceram o Jacksonville Jaguars nos playoffs de divisão, por 31 a 20, derrotando na final da conferência americana o San Diego Chargers, por 21 a 12. Assim, com um dos melhores ataques da história da NFL e nenhuma derrota em 2007 ou janeiro de 2008, New England chegava ao Super Bowl como o grande favorito.

New York Giants

A equipe dos Giants iniciou a temporada 2007 de maneira oposta à dos Patriots. A equipe nova-iorquina perdeu seus dois primeiros jogos, aumentando a incerteza que cercava o time. O quarterback Eli Manning, após três temporadas como titular, ainda tinha dificuldades em se firmar como comandante da equipe em campo, com índices elevados de passes incompletos e interceptações – como de fato foi a história do início da carreira do filho mais novo de Archie. Apesar disso, o time se reergueu, chegando ao término da temporada regular com 10 vitórias e 6 derrotas, além da vaga aos playoffs como wild card. O grande trunfo do time, indubitavelmente, foi a resiliência fora de casa.

Muito dessa recuperação esteve relacionada ao crescimento de Manning como quarterback. O jogador terminou a temporada tendo lançado para 3336 jardas, 23 touchdowns e 20 interceptações. Mas o melhor de Eli Manning ainda estaria por vir, nos playoffs.

Além de Manning e suas armas ofensivas, como o running back Brandon Jacobs e os recebedores Plaxico Burress e Amani Toomer, os Giants contavam com uma forte defesa. O ponto mais forte desta unidade era, sem sombra de dúvida, a linha defensiva. Liderada por Michel Strahan, Osi Umenyiora e Justin Tuck, a linha dos Giants era capaz de gerar pressão constante sobre os quarterbacks adversários, sem necessidade do uso de blitz – ou seja, com até quatro homens no pass rush e os outros sete empenhados na cobertura do passe. Desta forma, a equipe conseguia um ótimo pass rush sem, entretanto, sobrecarregar a cobertura, como frequentemente acontece quando utiliza-se jogadores extras para pressionar o quarterback.

Chegando aos playoffs, o New York Giants se tornou a primeira equipe da conferência nacional até então a vencer três jogos fora de casa para chegar ao Super Bowl. Os Giants venceram os Buccaneers em Tampa (24 a 14), os Cowboys em Dallas (21 a 17) e os Packers em Green Bay (23 a 20, na prorrogação). Este último jogo (final da conferência nacional) trouxe duas curiosidades: foi um dos jogos mais frios da história, com temperaturas que chegaram a – 17º C  e marcou o último jogo de Brett Favre pelo Green Bay Packers.

O New York Giants, então, chegava ao Super Bowl para enfrentar o aparentemente imbatível New England Patriots.  Para os nova-iorquinos, ficava a esperança de saber que os Giants haviam sido a equipe que chegou mais perto de vencer os Patriots na temporada regular. Restava saber se seria possível ir mais além.

O Jogo

Primeiro quarto:

Os Giants ganharam o ‘cara ou coroa’ e escolheram receber a bola. Assim começava o Super Bowl XLII, com uma campanha muito longa da equipe comandada pelo técnico Tom Coughlin. Após quase 10 minutos de jogo, esta primeira campanha se encerrou com o field goal marcado por Lawrence Tynes. Giants 3 x 0 Patriots. É curioso notar um paralelo entre Bill Belichick e Tom Coughlin: ambos estavam na comissão técnica dos Giants em janeiro de 1991, quando Nova York derrotou o Buffalo Bills e seu potente ataque no Super Bowl XXV. Na ocasião, o plano de jogo ofensivo dos Giants se empenhou em gastar cronômetro para que a eficiência defensiva fosse utilizada ao máximo. O coordenador defensivo daquele time dos Giants? Belichick.

New England respondeu também com uma campanha longa, embora não tanto quanto a anterior. Ainda assim, ao término no primeiro quarto, os Patriots ainda mantinham a posse da bola, em uma terceira descida para uma jarda, na linha de uma jarda dos Giants.

Segundo quarto:

Na primeira jogada do quarto, o running back Laurence Maroney anotou o touchdown, dando aos Patriots a liderança da partida. Patriots 7 x 3 Giants.

Após as campanhas inicias de cada equipe terem ocupado todo o primeiro quarto, os Giants estavam novamente com a posse da bola. Apesar de bons avanços dentro do campo dos Patriots, Eli Manning foi interceptado pelo cornerback Ellis Hobbs, mantendo o placar inalterado. Nas campanhas seguintes, as duas equipes devolveriam a bola aos adversários através de punts. Mais uma vez então, os Patriots estavam no ataque, dessa vez conseguindo mover a bola de maneira eficiente. Entretanto, dois sacks seguidos sofridos por Tom Brady determinaram que a equipe se afastasse da distância para um field goal, devolvendo novamente a bola aos Giants.

A equipe nova-iorquina teve mais uma chance de se aproximar no placar, mas um fumble de Eli Manning e uma falta do running back Ahmad Bradshaw também colocaram os Giants muito distantes para tentar três pontos.

Já perto do intervalo, o New England Patriots teve grande chance de marcar pontos. Mas Tom Brady foi “sacado” por Osi Umenyiora, sofendo um fumble e perdendo a posse de bola. Desta forma, o segundo quarto terminou com o placar de Patriots 7 x 3 Giants.

Terceiro quarto:

As equipes retornaram ao campo após o show do intervalo comandado por Tom Petty and the Heartbreakers. New England começou no ataque no segundo tempo, logo chegando a uma quarta para duas jardas. Após o punt, Bill Belichick desafiou que os Giants tinham doze homens em campo, ganhando o desafio. Os Patriots continuaram com a posse da bola, chegando à linha de 25 jardas dos Giants. Mas Tom Brady sofreu um sack (o quarto, não perca a conta!) de Michael Strahan, gerando novamente uma quarta descida. Aí Belichick tomou uma decisão polêmica: em vez de tentar um field goal de 49 jardas, o técnico de New England optou por tentar a conversão da primeira descida (lembrando que era uma quarta descida para 13 jardas). Passe incompleto, e a bola voltava para o New York Giants.

Nenhuma das equipes conseguiria campanhas relevantes no resto do terceiro quarto. Assim, o último quarto se iniciaria com a manutenção da vantagem dos Patriots por 7 a 3.

Último quarto:

No início do quarto período, após uma campanha de 80 jardas, os Giants chegariam à endzone com o passe de 7 jardas de Eli Manning para o recebedor David Tyree. Giants 10 x 7 Patriots.

Após campanhas consecutivas sem avanços ofensivos, os Patriots conseguiram uma longa campanha. Alternando corridas de Laurence Maroney com passes curtos de Tom Brady, a equipe chegou ao touchdown com um passe de 6 jardas de Brady para o recebedor Randy Moss, quando faltavam menos de 3 minutos para o fim do jogo. Patriots 14 x 7 Giants.

A Campanha:

Faltando 2 minutos e 39 segundos para o término do Super Bowl XLII, o New York Giants iniciava uma campanha em que pontuar era fundamental. Partindo de sua linha de 17 jardas, os Giants, avançavam com dificuldade, precisando inclusive de uma conversão de quarta descida, conquistada pelo running back Brandon Jacobs. Pouco depois, o cornerback de New England Asante Samuel deixou uma possível interceptação passar por entre suas mãos. Após este lance que poderia acabar com a partida, dando a vitória aos Patriots, os Giants tinham uma terceira descida para cinco jardas, na linha de 44 jardas do campo defensivo.

Escapando da blitz dos Patriots de maneira inacreditável, Eli Manning ganhou tempo e lançou um passe longo, no meio do campo. David Tyree saltou para a bola junto com o safety Rodney Harrison. Tyree conseguiu realizar uma recepção acrobática, indo ao chão com a bola presa entre sua mão e seu capacete, conquistando 32 jardas. Esta jogada seria considerada um dos maiores momentos da história do Super Bowl, ficando para sempre conhecida como “helmet catch” (recepção com o capacete). Acompanhe o lance no vídeo abaixo.

Algumas jogadas depois, Manning encontraria o recebedor Plaxico Burress com um passe de 13 jardas para o touchdown decisivo. Giants 17 x 14 Patriots.

Os Patriots ainda tinham chance de tentar a virada. Faltavam 29 segundos para acabar o jogo. Mas a defesa dos Giants não cedeu uma jarda sequer nesta campanha, alcançando ainda seu quinto sack sobre Tom Brady na partida. Após o passe incompleto de Brady na quarta descida, Eli Manning só precisou ajoelhar na bola para finalizar o jogo e dar a vitória ao New York Giants, completando uma das maiores zebras da história do Super Bowl.

O Legado do Super Bowl XLII

Após esta partida, a visão de todos sobre Eli Manning mudaria muito. O MVP do jogo, Manning passaria a ser considerado um dos grandes quarterbacks da liga, além de um jogador que brilha na hora mais importante (“clutch“, como se diz nos EUA). Manning e os Giants viriam a conquistar outro título da NFL no Super Bowl XLVI, mais uma vez contra o New England Patriots.

Os Patriots, por sua vez, seguiriam sua trajetória vitoriosa, sempre entre os melhores da liga. Apesar de uma nova derrota para os Giants em Super Bowl, New England voltaria a conquistar o título no Super Bowl XLIX. Este seria o quarto título da equipe, sempre comandada pelos futuros membros do Hall da Fama Tom Brady e Bill Belichick.

Em um jogo que contava com tantas figuras fundamentais da história da NFL, acabou que o momento mais lembrado envolve um jogador de carreira até então (e posteriormente, também) discreta: o autor da “helmet catch” David Tyree. Tão importante quanto, ainda que menos icônico, foi o desempenho da linha defensiva dos Giants, que segurou o poderoso ataque dos Patriots com impressionantes cinco sacks.

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