Por que Lions e Cowboys sempre jogam no Thanksgiving?

Partidas de futebol americano disputadas no feriado de Thanksgiving – ou, em português, Dia de Ação de Graças – são uma das tradições esportivas mais antigas dos Estados Unidos. De fato, é um costume tão antigo que remonta aos primórdios do esporte no final do século XIX, muito antes inclusive da fundação da própria NFL. Por exemplo, entre 1876 e 1881, as universidades de Yale e Princeton organizaram duelos anuais entre si na data comemorativa, prática posteriormente adotada pela Universidade de Michigan em 1885.

Ou seja, há muita história a ser contada sobre o assunto e maneiras diferentes de abordar o tema, como por exemplo destacando momentos marcantes da rodada de Thanksgiving, o que fizemos no ano passado. Hoje, porém, nosso foco será responder uma dúvida comum a muitos fãs da bola oval: por que Lions e Cowboys sempre jogam no Dia de Ação de Graças?

Bem, quem acompanha a NFL há algum tempo sabe que ambas as franquias jogam anualmente em casa no feriado – Detroit na primeira partida do dia, Dallas na segunda -, contudo pouca gente sabe o porquê. Não é algo aleatório, mas sim um privilégio adquirido há várias décadas, ligado ao desejo dos dois times de aumentar sua popularidade enquanto procuravam se consolidar na liga.

Contexto

Antes de mais nada, é importante deixar claro que a relação entre NFL e Thanksgiving é bem anterior à entrada de Lions e Cowboys em cena. A liga manda partidas no feriado desde 1920, ano de sua fundação.

A primeira equipe a ser escalada regularmente no Dia de Ação de Graças foi o Chicago Bears, atuando na data entre 1920 e 1938 (em 1920 como Decatur Staleys e 1921 como Chicago Staleys). Aliás, a estreia de Harold “Red” Grange como profissional ocorreu durante um duelo disputado no Thanksgiving de 1925. Na ocasião, os Bears empataram em 0 a 0 com o Chicago Cardinals diante de um público de 36.000 pessoas no Wrigley Field, recorde em uma partida de NFL na época.

Apenas um último parênteses: Grange, ex-running back da Universidade de Illinois, foi a primeira grande estrela do futebol americano profissional e um dos maiores responsáveis pelo boom de popularidade do esporte nos anos 1920, época em que a preferência do público estava muito mais com o College Football e o beisebol. Grange era tão famoso e adorado que milhares de pessoas iam aos estádios onde os Bears jogavam só para vê-lo, daí sua importância na história do futebol americano.

Detroit e a Era de Ouro do Rádio

Enfim, vamos voltar agora ao assunto principal do texto. Em 1934, os Lions se mudaram para Detroit e, embora tivessem um time bastante competitivo, não foram muito bem acolhidos pela cidade, a qual tinha uma ligação mais forte com a sua equipe de beisebol, os Tigers. Resumindo, o estádio estava sempre vazio (média inferior a 12.000 pessoas por jogo) e ninguém dava muita bola para os Lions, tal como acontece hoje em dia com os Chargers em Los Angeles.

Foi então que George A. Richards, proprietário da franquia, teve uma ideia ousada: mover o duelo contra os Bears para o Dia de Ação de Graças. E não era uma partida qualquer, haja vista Detroit estar com um record 10-1 na temporada e Chicago estar invicto. Quem vencesse teria vantagem na disputa pelo título de divisão e se manteria forte na briga pelo título da NFL.

No final, os Bears ganharam por 19-16, porém o plano de Richards deu certo. O interesse pelos ingressos foi imenso e os Lions lotaram seu estádio com capacidade para 26.000 pessoas pela primeira vez na história. Ademais, o confronto acabou sendo transmitido pelo país inteiro através das ondas do rádio. Richards era um executivo dono de uma importante estação (WJR) afiliada à rede da NBC. Usando sua influência no meio, ele conseguiu fazer com que a NBC retransmitisse a partida em cadeia nacional, atingindo uma ótima audiência.

E assim surgiu a tradição dos Lions jogarem sempre no Thanksgiving. Graças ao estrondoso sucesso em âmbito local e nacional, a NFL manteve a franquia atuando na data nos anos seguintes, algo que não mudou até hoje. A única exceção foi o período entre 1939 e 1945, época em que a liga estava um tanto bagunçada por conta da Segunda Guerra Mundial.

Também em busca de maior reconhecimento, Dallas seguiu o mesmo caminho

A relação dos Cowboys com o Dia de Ação de Graças se iniciou basicamente pelo mesmo motivo dos Lions: busca por maior popularidade. A equipe foi fundada em 1960 e naturalmente demorou um pouco para cair nas graças do público.

Em 1966, as ambições de Dallas e da NFL convergiram: a liga queria expandir a rodada de Thanksgiving, enquanto a franquia tinha interesse em ter uma partida fixa no feriado. Tex Schramm, general manager do time, chegou a um acordo com a NFL e, no dia 24 de novembro de 1966, os Cowboys receberam os Browns. Mais de 80.000 pessoas foram ao estádio Cotton Bowl para acompanhar a vitória dos donos da casa por 26 a 14.

Desde então, Dallas joga anualmente no Dia de Ação de Graças, sendo 1975 e 1977 as únicas exceções. Nas duas ocasiões o substituto foi o St. Louis Cardinals, porém a tentativa de mudança não deu certo e a NFL percebeu quem era mais vantajoso manter os texanos.

Entre 1970 e 2005, Lions e Cowboys reinaram absolutos, até que em 2006 a liga decidiu incluir um terceiro jogo no feriado. A partida extra ocorreria em horário nobre e não teria nenhuma equipe fixa, alternando oponentes temporada após temporada. Além da capitalizar um pouco mais na data comemorativa, a iniciativa também tinha como objetivo diminuir a insatisfação das franquias que queriam um espaço anual no Thanksgiving.

Em 2017, Detroit e Dallas receberão respectivamente Vikings e Chargers, a partir das 15:30h e 19:30h (horário de Brasília). Fechando a quinta-feira, os Giants visitarão os Redskins, às 23:30h. Todos os confrontos serão transmitidos pela ESPN.

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