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Semana 2008: Quando conhecemos um tal de Aaron Rodgers

O futebol americano é um esporte complexo. Para fazer um time dar certo, principalmente a médio/longo prazo, são necessárias muitas peças, tanto ofensivas quanto defensivas – além de uma equipe técnica capaz de organizar o talento dos jogadores, construindo a tal da “máquina bem azeitada”.

Dito isto, não dá pra ter muita dúvida de que, se tivermos que individualizar um ponto como o principal na formação de um bom time, este será um quarterback competente.

Equipes que conseguem manter um quarterback de alto nível durante a maior parte de sua carreira obtém muitos anos de sucesso, com idas sucessivas aos playoffs. Foi o caso do San Francisco 49ers durante as carreiras de Joe Montana e Steve Young, por exemplo.  Mas como já sabem os que acompanham a NFL de perto, não é fácil encontrar este quarterback. Muitos busts no draft, apostas erradas na free agency, combinações que não dão certo… fato é que, sem um bom quarterback, não se vai muito longe na liga.

O que dizer então de uma equipe que consegue “emendar” dois grandes quarterbacks em sequência, gerando perto de 20 anos de atuações em alto nível e disputa por vaga nos playoffs? Além de San Francisco (e Indianapolis atualmente, embora o resto do time não ajude Andrew Luck) é o que aconteceu em Green Bay.

E 2008 foi o ano dessa troca. Depois de mais de 15 anos como titular da equipe, Brett Favre se “aposentou” pela primeira vez (mais sobre isso no artigo específico sobre o tema na Semana 2008) e Aaron Rodgers assumiu o posto nos Packers, o qual segue ocupando 9 anos depois.

Mas, como veremos aqui, o caminho de Rodgers à titularidade não foi tão simples assim. Relembraremos a chegada do jogador à NFL e, principalmente, tudo o que cercou a sua primeira temporada no comando do Green Bay Packers.

2005-2007: drafts, tropeços e esperanças

No processo que antecedeu o Draft de 2005, Aaron Rodgers era considerado candidato à primeira escolha geral. O prospecto, vindo da Universidade da California at Berkeley (Cal Bears), disputava ainda a condição de melhor da posição na classe, com Alex Smith, de Utah.

No dia da seleção, a surpresa: O San Francisco 49ers, detentor da primeira escolha, preferiu Smith. Isto iniciou uma queda vertiginosa de Aaron Rodgers. Já perto do fim da primeira rodada, outro fato surpreendente: Rodgers foi selecionado por uma equipe sem necessidade imediata na posição. Os Packers, que naquele momento contava com o veterano Brett Favre (que ainda não indicava desejo de se aposentar), escolheram Rodgers na posição 24. O objetivo era claro: escolher o quarterback do futuro.

Brett Favre não ficou muito satisfeito com a escolha do general manager, Ted Thompson, deixando isso claro em declarações à imprensa – fazendo com que o início da carreira profissional de Aaron Rodgers fosse turbulento. A postura do então calouro também não ajudou. Considerado arrogante e pouco comunicativo, Rodgers demorou a se entrosar com seus companheiros de equipe. Diz a lenda, inclusive, que o primeiro contato entre Rodgers e Favre não foi muito amistoso. Rodgers teria chegado ao grupo de quarterbacks dos Packers, nos primeiros treinamentos de intertemporada, e dito “Oi, vovô!” para Favre. É… tato passou longe.

Em campo, as coisas não começaram muito melhores para Aaron Rodgers. Em sua primeira pré-temporada, Rodgers jogou mal, segurando demais a bola e tendo dificuldades com a leitura de defesas. Já mostrava boa precisão, mas era ainda muito imaturo.

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Com Favre mantendo-se como titular, Rodgers foi trabalhando para melhorar sua técnica, mudando seu ponto de lançamento da bola e estudando defesas. Em 2007, tanto na pré-temporada quanto na oportunidade que teve para entrar em campo após uma contusão de Favre contra os Cowboys, Rodgers mostrou muita evolução: boa presença no pocket e passes precisos. Talvez este tenha sido o dia em que Aaron Rodgers mostrou ao mundo que estava pronto para ser um quarterback titular na NFL.

Fora de campo também, Aaron Rodgers parecia ter evoluído muito. Já conhecido nos Packers por se dedicar muito aos treinamentos, o quarterback se tornou querido no vestiário, criando uma boa relação até mesmo com Brett Favre.

Brett Favre aposentou-se – só que não. Ao querer voltar no meio da offseason, os Packers se comprometeram com Aaron e trocaram Brett para os Jets

2008: a novela Brett Favre e a temporada de Aaron Rodgers

Após a temporada 2007, Brett Favre anunciou que se aposentaria. Aaron Rodgers se tornaria, então, o titular dos Packers. Favre, no entanto, mudou de ideia no meio da intertemporada, decidindo se manter na NFL. Esta situação deixou os Packers (e Rodgers) na famosa “sinuca de bico”. O que fazer? Receber Favre de volta ou recusar o retorno da maior estrela do time? Ted Thompson optou por seguir com o seu “escolhido” Aaron Rodgers, eventualmente trocando Brett Favre para o Jets.

Este episódio só gerou mais pressão em cima de Aaron Rodgers (e de toda a equipe dos Packers). O futuro mostraria, contudo, que a decisão de Thompson tinha sido correta.


“RODAPE"

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Se já não havia pressão suficiente sobre Aaron Rodgers, o Green Bay Packers começou a temporada 2008 no Monday Night Football, em casa contra o rival Minnesota Vikings. Rodgers foi muito bem em seu primeiro teste, liderando os Packers à vitória.

A temporada como um todo foi de altos e baixos e, no fim das contas, os Packers terminaram com 6 vitórias e 10 derrotas, em terceiro lugar na Divisão Norte da Conferência Nacional e fora dos playoffs. Apesar disso, Aaron Rodgers deixou claro que tinha potencial para ser um quarterback titular de longo prazo na NFL. Rodgers terminou a temporada com 63% de passes completos, 4038 jardas aéreas, tendo lançado para 28 touchdowns e 13 interceptações, com um rating de 93,8. Com números assim e uma campanha de apenas seis vitórias, resta comprovado que a culpa não era tão só dele.

Durante o ano, Aaron Rodgers mostrou várias das características (positivas e negativas) que viriam a se tornar marcas registradas ao longo de sua carreira. A presença no pocket e a mobilidade já estavam lá, assim como a precisão nos passes, mesmo em movimento. Por outro lado, um outro fator que estaria presente nas suas primeiras temporadas já se fazia presente: a tendência a segurar demais a bola, levando a um número elevado de sacks (34 em 2008).

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De qualquer forma, no fim da temporada os Packers apostaram todas as fichas em Aaron Rodgers, com um novo contrato de 6 anos e 65 milhões de dólares.

O que é possível dizer com tranquilidade é que, na temporada 2008, foram estabelecidos os alicerces da grande carreira de Aaron. Seu jogo visualmente bonito, seu domínio do campo, sua precisão e mobilidade, todos já estavam lá. Desde então, os Packers também estão lá, sempre na disputa por vagas nos playoffs.

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“RODAPE"

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