Semana 9: Era praticamente tudo ou nada para o San Francisco 49ers. Com 3-5 de campanha e um time relativamente saudável em oposição a anos anteriores, Kyle Shanahan viu sua equipe sucumbir a Colt McCoy em pleno Levi’s Stadium. Perder para Arizona daquele jeito, no início de novembro, seria um ponto divisor de águas na temporada de San Francisco. Dali, as coisas só piorariam ou iriam melhorar. Shanahan então voltou ao básico que consagrou seu pai no final da Era John Elway e que lhe fez chegar ao Super Bowl: corre y corre.
Corridas S/A
O investimento de Shanahan no jogo terrestre fica evidente quando olhamos os números até o desastre da Semana 9 e os números desde então. Nas nove primeiras semanas, San Francisco foi o 21º em tentativas terrestres e não figurava no top 10 em nenhuma estatística relevante no setor. Desde então, as coisas mudaram consideravelmente. O time é o terceiro que mais corre com a bola, o sexto em jardas terrestres totais, o quinto em first downs, o quinto em jardas após o primeiro contato.
Porém, tem uma pegadinha interessante que mostra a inteligência de Shanahan no período. San Francisco não corre bem com a bola a cada jogada. É o 23º em jardas por carregada, com 4.08 desde a Semana 10. Não é um bom número. Mas, embora eu ame a estatística para analisar ataques terrestres, neste caso precisamos passar por cima dela e o que ela quer dizer.
A produção terrestre de San Francisco é fruto da quantidade, não da qualidade.
A produção terrestre de San Francisco é fruto da quantidade, não da qualidade. Sendo o terceiro time que mais corre com a bola e investindo pesado na red zone, os touchdowns estão aparecendo – são 7 corridos no período, 1,4 por jogo, terceira melhor marca da liga. Ademais, o ataque pode fazer basicamente duas coisas: correr ou passar.
Ao escolher esse volume terrestre, Kyle Shanahan está tirando a bola da mão de Jimmy Garoppolo. Ou seja: fazendo algo melhor. É mais do que claro que Garoppolo opera melhor quando precisa passar menos a bola e a defesa está esperando a corrida. Mais corridas ajudaram o quarterback de San Francisco, que está mais eficiente no período.
Menos tempo da defesa em campo
Passes incompletos param o cronômetro. Corridas com tackle dentro do campo, independente de quanto tempo falta para acabar o quarto, o cronômetro segue rodando. Qual a vantagem?
Simples: a defesa de San Francisco não é lá aquelas coisas na cobertura do passe. A secundária é um tanto quanto fraca em talento, então o ideal, por mais que você tenha Nick Bosa e Fred Warner no front, é não deixar esses defensive backs muito tempo em campo. Primeiro porque você evita o show de big plays, segundo porque você terá uma secundária mais descansada.
Não surpreende ver que a defesa de San Francisco ficou menos tempo em campo da Semana 10 até agora do que ficou antes. Até a Semana 9, o ataque tinha 28 minutos de posse por jogo, 26º da liga. Da Semana 10 em diante, tornou-se o 5º, com 34 minutos. São 6 minutos a menos por jogo que a unidade defensiva tem que ir a campo, metade de um quarto praticamente. Faz diferença.
Claro que Nick Bosa voando baixo ajudou no período – e de toda forma, estar mais descansado também faz diferença no pass rush, por óbvio. Mas fato é que Shanahan voltou ao básico e teve bastante humildade ao fazê-lo. Como adepto da West Coast Offense, que por muitas vezes substitui o jogo terrestre pelos passes curtos e jardas após a recepção, o mais fácil e possivelmente mais prazeroso seria sentar o dedo no passe. Com Jimmy Garoppolo e uma defesa que não é a mesma de 2019, o ideal não é esse.
O que esperar de 2022?
A Era da Beleza está chegando ao fim de San Francisco. As futuras renovações de Deebo Samuel e Nick Bosa impedem que Jimmy Garoppolo seja um passivo na folha salarial do time. Simplesmente não há como acomodar tudo. O ideal seria… Um quarterback em contrato de calouro. Que, oras, San Francisco tem. Com toda certeza do mundo, Garoppolo não estará em Santa Clara em 2022 – seu substituto é Trey Lance na próxima temporada.
Enquanto isso, os 49ers buscam terminar a temporada com o máximo de dignidade possível. Um tiro ao título é muito difícil, mas com Kittle e Bosa saudáveis, a chance existe (por mais que nessa NFC, seja pequenina). Agora, uma semifinal de conferência? Tá valendo. San Francisco me lembra o Minnesota Vikings de 2019, um time com quarterback limitado que caiu justamente para os 49ers na Semifinal da NFC. Hoje, o teto me parece ser esse. Mas, depois do início 3-5, é uma vitória e tanto para o fim de ciclo de Jimmy Garoppolo no Levi’s Stadium.
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