O dia 20 de março de 2020 ficará para sempre marcado na história do Tampa Bay Buccaneers. O time, que teve sua primeira temporada em 1976, contratou um quarterback de 43 anos, nascido em 1977. Mas não era qualquer quarterback: estamos falando do maior da história na posição. Vindo de uma temporada mais apagada para seus padrões, Tom Brady assinou com Tampa Bay em meio a outras opções, como o Los Angeles Chargers e o Las Vegas Raiders. Mudou de conferência e já no primeiro ano, foi campeão da NFC – igualando Drew Brees e Aaron Rodgers no feito, mas em apenas uma temporada.
Pairavam muitas dúvidas no Raymond James Stadium quando da assinatura de Brady. Com idade mais avançada e tendo problemas nos passes em profundidade, como Brady iria encaixar no ataque vertical de Bruce Arians? O técnico abriria mão de não usar o play-action para ajudar seu novo quarterback? Quanta gasolina ainda teria no tanque de Rob Gronkowski, por quem o time trocou mesmo já tendo O.J. Howard e Cameron Brate na posição de tight end?
As respostas para todas essas perguntas vieram entre altos e baixos durante a temporada regular. Tom Brady teve 40 passes para touchdown e Mike Evans recebeu 13 deles – ambos recordes da franquia. O time jogará o Super Bowl “em casa”, feito que nunca tinha acontecido na história do jogo. Mas para chegar nesse ponto, desafios estiveram pelo caminho.
Temporada abre com derrota para os Saints e, num Thursday Night Football, Brady vira meme
O grande rival na NFC South haveria de ser o New Orleans Saints, dado que o Carolina Panthers passava por reconstrução e o Atlanta Falcons terminara o ano de 2019 em alto tom mas não inspirava tanta confiança. Para começar a temporada, nada como uma visita ao Superdome. Como o torcedor dos Buccaneers acabou se acostumando, New Orleans dominou a partida, Brady foi bastante pressionado e turnovers acabaram custando o jogo – com direito a pick six de Janoris Jenkins.
Os Buccaneers recuperam-se da derrota com três vitórias seguidas – nas três o ataque passou dos 30 pontos e Tom Brady teve tempo no pocket para conectar com seu estelar corpo de recebedores. Aí veio o dia 8 de outubro, no primeiro jogo em horário nobre de Brady e Gronkowski no novo uniforme. O quarterback foi extremamente pressionado pela defesa de Chicago e Nick Foles mais uma vez levou a melhor ante Brady – que virou meme por não saber que a jogada derradeira era uma quarta descida, gerando turnover on downs e vitória dos Bears. Aquele foi o primeiro soluço da equipe na temporada.
Depois do ponto baixo, mais três vitórias seguidas. A terceira, contra os Giants, foi mais sofrida do que deveria – 25 a 23 – e mostrou fragilidades nos dois lados da bola. Acabaria sendo um presságio do que viria na semana posterior.
Fundo do poço e varrida dos Saints: Drew Brees ainda mandaria na divisão?
A princípio, sim – mas a temporada ainda teria histórias para nos contar. O Sunday Night Football contra New Orleans, em casa na Semana 9, era um jogo marcado no calendário de todos nós. Tendo perdido o primeiro jogo na Semana 1, Tampa Bay precisava da vitória para não ver os Saints descolando na divisão e também para não perder um potencial critério de desempate contra o time da Louisiana. Não deu. Numa das piores atuações de Tom Brady em horário nobre e na pior atuação do ataque de Tampa no ano, o time marcou apenas 3 pontos, sofreu com turnovers e o jogo passou longe de ser competitivo. Veio a varrida e derrota acachapante por 38 a 3.
Brady & Amigos se recuperaram novamente no jogo posterior, batendo Carolina tal como depois da primeira derrota contra New Orleans. Porém, uma nova sequência ruim veio pela frente: Los Angeles Rams e Kansas City Chiefs expuseram problemas na secundária dos Buccaneers. Brady foi pressionado e nos dois jogos, ambos derrotas, sofreu quatro interceptações combinadas. A semana de folga não poderia vir em momento melhor: com campanha 7-4 e o Wild Card sendo a possibilidade para chegar aos playoffs, os Buccaneers precisariam vencer os jogos finais da temporada para ter a (boa) chance de pegar o eventual campeão da NFC East nos playoffs.
Três partidas fora de casa, três vitórias nos playoffs e o primeiro título de NFC desde 2002
A reta final de temporada teve pouca resistência para os Buccaneers. A defesa voltou a aparecer forte contra Minnesota, Detroit e duas vezes contra Atlanta. O ataque, então, nem se fala: o mínimo que marcou de pontos nesses quatro jogos foi 26 – todas vitórias. Com campanha de 11-5, Tampa Bay classificou-se como #5 da NFC, o primeiro dos Wild Cards. Pelo regulamento, teve que enfrentar Washington fora de casa e teve mais uma vitória, também sem muito susto, por 31-23.
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Saints novamente: desde 2007 um time que fora varrido na temporada regular não batia o time varredor na pós-temporada. No caso, o último time que conseguira o feito fora o algoz de Tom Brady no Super Bowl XLII, o New York Giants. Tal como os Giants de 2007, Tampa Bay enfrentou um adversário de divisão na Semifinal da NFC: New Orleans. Desta vez, os Buccaneers jogaram os 60 minutos com intensidade, a defesa forçou turnovers cruciais e o ataque capitalizou em cima deles. Na final da Conferência Nacional, no Lambeau Field contra Green Bay, mesma história. Nesta pós-temporada, os Buccaneers têm 41 pontos marcados após forçar turnovers – melhor marca dos playoffs e uma das cinco melhores das últimas 20 intertemporadas. A defesa está sendo oportunista, num bom sentido da palavra, e o ataque idem.
Não é absurdo dizer que a chegada de Tom Brady foi sentida nos dois lados da bola – o próprio Bruce Arians, head coach, já mencionou isso na semana passada. Jogando como time, os Buccaneers são o primeiro time da NFL a jogar o Super Bowl no mesmo estádio em que jogam na temporada regular e o primeiro Wild Card a chegar na grande final. Os três últimos que tiveram o feito – 2010 Packers, 2007 Giants, 2005 Steelers e 2000 Ravens – foram campeões. Deixaram os caras embalar – a última derrota de Tampa Bay foi justamente na Semana 12 contra Kansas City. Será que vingarão tal derrota como fizeram contra New Orleans? É o que descobriremos à meia-noite do domingo que vem.
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