4 Descidas: 2021, o ano do Carrossel de Quarterbacks

A intertemporada de 2021 deve ser bem movimentada quando o assunto é a posição de quarterback. Jogadores insatisfeitos querendo troca como Deshaun Watson, a franchise tag de novo (provável) em Dak Prescott e outras possíveis trocas são algumas das peças daquele que deve ser um carrossel bem animado

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos de atualidades da liga. Para ler o índice completo da coluna, clique aqui. 

1st and 10: Embarque nesse carrossel

2011 foi o chamado Ano dos Quarterbacks, com a virada de chave de vez para que a posição seja de maneira unânime considerada a mais importante do jogo. Com vários signal callers ultrapassando as 5000 jardas e estar abaixo das 4000 algo que faz o torcedor coçar a cabeça, a NFL entrou com os dois pés na era aérea. Com maior espaço amostral de times investindo na posição, naturalmente erros ocorreriam. De 2009 a 2016, não temos nenhum quarterback escolhido na primeira rodada ainda no time de origem.

Com maior foco na posição de quarterback, com o desenvolvimento da spread offense no college football e consequente amadurecimento mais cedo dos passadores, a paciência com eles ficou cada vez menor. Josh Allen demorou três anos para amadurecer e atingir seu potencial – o que era o padrão e o normal há 20 anos. Com a menor paciência, temos a primeira peça do carrossel. De repente, as equipes perceberam que sem um grande quarterback ficaria difícil competir com as equipes que contam com um jogador de elite na posição. Se você pegar as últimas 10 temporadas, são poucas exceções de um time ganhando com o conjunto em vez de ganhar muito por conta de um grande QB como era até mais recorrente nos anos 1980, por exemplo.

Washington ganhou três Super Bowls entre 1980 e 1991 sem nenhum grande quarterback, por exemplo. Isso é meio sonho hoje em dia. Senão, vejamos:

  • 2010: Aaron Rodgers/Packers
  • 2011: Eli Manning/Giants (fale o que quiser de Eli, mas o cara brilhava quando precisou)
  • 2012: Joe Flacco/Ravens (foi o melhor quarterback daquela pós-temporada, queiramos ou não)
  • 2013: Russell Wilson/Seahawks
  • 2014: 🐐
  • 2015: Peyton Manning/Broncos
  • 2016: 🐐
  • 2017: Nick Foles/Eagles (a exceção que confirma a regra)
  • 2018: 🐐
  • 2019: Baby 🐐
  • 2020: 🐐

Ainda, com o exemplo dos colegas da NBA batendo o pé para saírem de times em situações dignas de Chernobyl, temos quarterbacks mais insatisfeitos ao testemunharem Tom Brady ganhando tudo e seus times numa várzea e gastando escolhas aleatórias no Draft. Russell Wilson e Aaron Rodgers não são os membros mais felizes do mundo em seus atuais casamentos e não dá para cravar que estarão em Seattle e em Green Bay daqui dois anos, por exemplo. Isso sem contar a situação Deshaun Watson, em que Houston virou uma Nova Pripyat tamanha a incompetência daqueles no comando.

Para fazer o carrossel girar ainda mais, ante esse cenário, #AcabouAPaciência. Como efeito, quarterbacks que não são gênios parece que ficam… Contestados. A vizinhança da Linha de Baker (antiga Linha de Dalton, com o mínimo aceitável para um quarterback não ser trocado por outro mais jovem e potencialmente melhor) corre mais perigo do que nunca. Em outros tempos, o San Francisco 49ers estaria satisfeito em ter um quarterback medião em Jimmy Garoppolo. Hoje, vide o Super Bowl LIV, parece não ser o suficiente. Em outros tempos, o Los Angeles Rams estaria suave em ter Jared Goff passando a bola ali, feliz no play-action. Hoje, não tem como competir apenas tendo a mediocridade da posição. Carrossel pronto para girar.

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2nd and 7: Dak Prescott

A novela O Rei do Gado foi reprisada em três ocasiões, contando com o Canal Viva e duas no Vale a Pena Ver de Novo. Sinto-me numa reprise ao falar de Jerry Jones, Dak Berdinazzi e de novo estarmos na época de franchise tag falando sobre isso. Não que eu esteja bravo, agradeço todos os dias à Nossa Senhora das Pautas. Mas convenhamos.

A primeira peça no Carrossel de Quarterbacks é um jogador bem melhor que a média da liga e que não entra na definição que fiz acima. É uma situação pra lá de peculiar por conta do contexto em que Luana, digo, Dak está inserido. A profissão quarterback do Dallas Cowboys está entre as mais difíceis dos esportes americanos. Claro que há vários bônus, vide a enormidade de comerciais de sopas e colchões que Dak faz, mas pressão é alta e Jerry Jones trata seus quarterbacks como verdadeiros filhos – e isso vem com os ônus.

Se Dak Prescott tivesse sido uma escolha de primeira rodada OU quarterback de um time num mercado consumidor menor, não tenho a menor dúvida de que ele já teria tido o contrato renovado. Dak pode não ser um quarterback de elite, mas é um bom jogador na posição. Com ele, Dallas teria tido uma chance real de título da NFC East no ano passado. Sem ele, a defesa ficou ainda mais exposta e a equipe apresentou um futebol americano moribundo por boa parte do campeonato.

Segundo o jornal Dallas Morning News, as últimas conversas entre as duas partes foram as mais produtivas em muito tempo. A grande tendência é que Dak receba a franchise tag para não chegar ao mercado – e assim, não receber propostas de outros times. Ao que tudo indica, sua renovação é questão de tempo. Aguardemos.

3rd and 4: Deshaun Watson

Mais uma peça que pode acelerar ou frear o carrossel de quarterbacks. A situação de Deshaun Watson, em resumo, é de divórcio. Já falamos amplamente sobre o assunto aqui no ProFootball, então não vou me estender tanto nesta descida. Watson pediu para ser consultado na contratação de um novo técnico, foi ignorado, a contratação foi David Culley – que não fez o melhor trabalho do mundo como treinador de wide receivers do Baltimore Ravens.

Claro que a atitude de Watson pode parecer pura nitroglicerina e talvez até um pouco mimada aos olhos de alguns. Mas sejamos francos: o cara tem sua razão. Os Texans implodiram tudo e podem acabar em último lugar na divisão mesmo tendo, na prática, o melhor quarterback da AFC South neste momento. Precisa de muita incompetência para a situação chegar a esse ponto e, considerado o contexto, é total direito de Watson querer pular fora do barco.

O problema é o precedente. Não temos como afirmar isso nem há qualquer fonte sobre, é mais uma conjectura que faço aqui. Caso seja aberto o precedente de uma estrela assim bater o pé e ser trocada, poderemos ver isso acontecendo mais vezes e meu palpite é que os outros donos de franquia estejam na orelha da diretoria de Houston para impedir tal precedente.

Numa situação semelhante, vale lembrar que o Pittsburgh Steelers segurou o rojão e não trocou Le’Veon Bell quando este fez greve por um novo contrato em vez de jogar com a franchise tag. Deshaun já deu a entender que não vestirá mais o uniforme dos Texans e a tendência é justamente essa. Agora resta saber: Houston vai ceder para ao menos conseguir algumas escolhas de primeira rodada ou engolirá seco?

4th and x: Os medião

Ainda temos peças secundárias desse carrossel e será virtualmente impossível lembrar de todas. Sam Darnold deve ser trocado caso aconteça a tendência, que é o New York Jets escolha um quarterback com a segunda geral do Draft. Jimmy Garoppolo, que tem apenas 2,8 milhões de dinheiro garantido no contrato, pode ser carta fora do baralho caso o San Francisco 49ers faça um movimento no Draft por, digamos, Zach Wilson.

Ainda tem Marcus Mariota, dos Raiders, outro que pode ser trocado. Jameis Winston e Mitchell Trubisky são free agents e podem ter nova casa para a próxima temporada. O mesmo vale para Cam Newton e Ryan Fitzpatrick. Se formos mais longe, ainda dá para considerar uma potencial troca de Teddy Bridgewater, que sabe não ter futuro em Carolina e em meio a isso deu unfollow em geral e deixou seu Instagram como privado.

Ainda teremos movimentos bem interessantes na próxima semana e nas próximas, para ser sincero. Tende a ser uma intertemporada bem especial e agitada.

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