4 Descidas: Baker Mayfield é o quarterback perfeito para o Cleveland Browns

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos e não mais que 3000 palavras (ou quase… Às vezes vai passar). Para ler o índice completo da coluna, clique aqui.

Coluna como áudio abaixo. Abaixo para ouvir e, caso queira, clique aqui para baixar

1st and 10: O quarterback que os Browns precisavam

[dropcap size=big]O[/dropcap] Cleveland Browns é uma máquina de tristezas quando o assunto é a posição de quarterbacks. A essa altura do campeonato eu acredito que você já saiba disso. São 31 titulares desde 1999 – uma lista mais ampla que o número de casamentos da Gretchen (17) e do Fábio Jr. (7) somados.

Ok, foi a estatística mais aleatória da minha vida. Mas serve para demonstrar o total estado de caos que a posição se encontra há anos. Poderemos, contudo, parar no 31 por um bom tempo.

Quando da escolha de Baker Mayfield pelo Cleveland Browns, eu estava ao vivo na ESPN com a transmissão do Draft 2018. Na hora, não pude deixar de elogiar a escolha. Era algo fora da caixa o suficiente para dar certo.

Durante praticamente todo o processo de Draft, foi ventilado que os Browns estavam comprometidos com Sam Darnold e escolheriam o produto de USC na primeira geral do Draft. Até mesmo o dono do time foi ver o Pro Day (treinamento aberto aos olheiros, na universidade) de Darnold.

John Dorsey não pensa como todos. O general manager do Cleveland Browns, contratado neste ano após ser dispensado por Kansas City na intertemporada do ano passado. A dispensa se justificou, na época, por “erros” na gerência do teto salarial – erros esses que acabaram gerando cortes de jogadores populares no Missouri.

Seja como for, o último “grande ato” de Dorsey em Kansas City foi, junto de Andy Reid, subir no Draft para escolher Patrick Mahomes. A escolha foi um pouco contestada na época: Mahomes era um diamante bruto e os Chiefs gastaram capital de Draft para tanto. Hoje vimos no que deu.

Outras tantas boas apostas foram feitas por Dorsey no período em que comandou os Chiefs. Alex Smith renegado de San Francisco. Travis Kelce no meio do Draft. Tyreek Hill, idem.

Edições anteriores da coluna:
4 Descidas: O legado de Rams vs Chiefs – o MELHOR jogo da história da temporada regular
4 Descidas: Mike McCarthy é o freio de mão na vida de Aaron Rodgers

Nos Browns, apostou duas vezes neste ano. Dá para dizer que ambas vem pagando. Embora todos apontassem como “escolha certa” o EDGE Bradley Chubb na quarta escolha, Dorsey escolheu Denzel Ward. O cornerback teve interceptações importantes contra rivais de divisão e corre por fora no prêmio de calouro defensivo do ano.

Na primeira escolha geral, veio Baker.

2nd and 6: A parte mental importa

Um grande erro que temos como analistas de futebol americano se dá ao pensar que os jogadores, profissionais e milionários, são robôs. Não são. Eles são geneticamente tão humanos quanto você e eu. Sendo humanos, estão sujeitos a emoções.

A questão psicológica no esporte é um tanto quanto renegada e isso se deve muito à “melhoresmomentatização” das coisas. Um tweet com uma jogada linda não mostra tudo o que o cara ralou para chegar lá. Uma jogada épica de Odell Beckham Jr não o isenta de ter problemas e querer socar o refrigerador de sideline.

Moral importa. Cultura de vestiário importa. Quem já jogou esporte coletivo sabe disso. Não digo nem em nível profissional, mas em nível amador também. Quando na faculdade, joguei handebol por alguns anos. Não era a coisa mais competitiva do mundo, mas ainda assim era um esporte coletivo: tinha vestiário, a gente treinava três vezes por semana e, como qualquer grupo, não era homogêneo.

Tinha um jogador – não falarei o nome dele – que era expulso em todos os campeonatos que a gente disputava. Ele simplesmente não conseguia se controlar. Era certeza: se fosse provocado pelo adversário iria, mais cedo ou mais tarde, se descontrolar e fazer uma falta digna de expulsão. Quando isso acontecia, a moral do time inteiro sofria um enorme balde d’água.

A espiral negativa do Cleveland Browns na posição de quarterback é parecida nesse sentido. Como eu disse, são 31 titulares de Tim Couch a Baker Mayfield. Entre os dois, vários que “assumiram a bomba” como salvadores e vários que só estavam ali para tapar buraco. Seja como for, o negócio virou uma bola de neve.

É uma bola de neve perigosa, porque nenhuma outra posição no futebol americano é tão mental como a de quarterback. Claro que o atleticismo importa, mas o processamento mental é a característica mais importante. É isso que difere um quareterback de um mero passador.

Assim, com a pressão exponencial, virou uma avalanche. Baker Mayfield é uma boa escolha em abril e se mostra uma boa escolha agora porque ele tem a parte mental afiada o suficiente para estancar esse processo. Ele é blindado contra isso.

Muitos quarterbacks estariam aterrorizados de enfrentar um ex-coordenador ofensivo/head coach, mas no domingo claramente isso não foi o caso. Você pode não concordar com a abordagem de Baker ao final do jogo, quando secamente cumprimentou Hue Jackson. Mayfield estaria pistola porque Jackson “cruzou a linha do inimigo” e se juntou ao rival, Cincinnati.

Não concordo que Baker tenha o direito de pistolar quanto a isso. Afinal, Hue tem contas para pagar e muito provavelmente, se não aceitasse essa oferta, cairia no esquecimento. Ele é, objetivamente, o técnico com pior campanha na história da NFL.

Isso não quer dizer que a atitude de Baker não seja “interessante”. É isso que eu quero de um quarterback. Concordo? Não. Faria o mesmo? Não. Mas é sinal de que ele tem a blindagem emocional suficiente para vencer no Cleveland Browns. É isso que estou dizendo.

E foi isso que disse no Draft, em abril. Cleveland precisava de um cara com atitude como Baker Mayfield. Só um psicológico forte como o dele – renegado no início da carreira no college e que encontrou múltiplas formas de continuar seguindo em frente – é capaz de limpar essa bagunça na posição de quarterback dos Browns. Está limpando.

3rd and 5: Técnico importa

Eu não vou falar de novo sobre o Green Bay Packers, Mike McCarthy e outras coisas, já fiz o suficiente em colunas anteriores. Fato que não podemos ficar passando pano para Aaron Rodgers só porque ele é futuro Hall da Fama, porque ele em si também não vem bem na temporada – antes que digam, ele está saudável da lesão do joelho, como a olho nu dá para perceber em sua mobilidade.

Quanto a Baker/Hue/Todd Haley, é notório que as coisas estão melhores após o divórcio. Inclusive, sobre Haley, dá para dizer que o pós-Haley com Ben Roethlisberger também é melhor – embora isso seja assunto para outro dia.

Primeiros seis jogos de Baker: 58% de passes completos, 6,6 jardas por tentativa, 8 touchdowns e 6 interceptações.

Últimos três jogos, todos após a demissão de Hue Jackson/Todd Haley (respectivamente, head coach e coordenador ofensivo): 66%, 8,8, 9-1 nos mesmos quesitos.

Se quiser ir mais longe e considerar um processo natural de desintoxicação, considerando apenas os dois últimos jogos, temos assim. Mayfield liberto: 78%, 7-0 TD/INT, 10.3 YPA (só Drew Brees tem números melhores no período).

O SB Nation fez um artigo bem amplo que explica os motivos, para além da saída de Hue, pelos quais Baker melhorou. Um dos motivos principais reside na habilidade de Baker em queimar blitzes – qualidade que um quarterback com quem foi comparado no processo de Draft, Russell Wilson, vem deitando e rolando.

Contra Atlanta, foram oito passes completos de nove tentados em situação de blitz (cinco ou mais jogadores indo para cima do quarterback). Com mais gente indo para cima do QB, mais espaço na secundária e no segundo setor da defesa. Não surpreende que desses oito, dois passes foram para touchdown contra os Falcons – primeira vitória fora de casa de Cleveland em 25 jogos.

Freddie Kitchens é o novo coordenador ofensivo desde as saídas de Haley/Hue. Ele não inventou a roda. Apenas abriu o ataque, tal como Baker operava em Oklahoma. Passes mais curtos, por exemplo. Para se ter ideia, são 14 jogadores diferentes com passes recebidos pelos Browns no período pós-Hue – no último jogo, quatro jogadores diferentes receberam passes para touchdown.

Na sombria era anterior, o plano de jogo dos Browns era previsível e travado. Agora, é imprevisível. É o caos orquestrado que Mayfield precisa para brilhar.

Baker Mayfield tem garra, resiliência emocional e está evoluindo. São 17 passes para touchdown nesta temporada – melhor marca de um quarterback calouro dos Browns desde… 1999.

Agora vai. Pode me cobrar.

Podcast desta semana:

[dropcap size=big]O[/dropcap] Denver Broncos venceu duas partidas importantes e contra times que provavelmente estarão nos playoffs. Foram dois jogos disputados e ganhados no finalzinho: primeiro contra Los Angeles e agora contra o potente ataque de Pittsburgh. Por incrível que pareça, ainda dá para o time chegar aos playoffs – até porque o calendário é bem amigável.

Falamos bastante sobre a situação dos playoffs nas duas conferências e, como não poderia deixar de ser, sobre o Seattle Seahawks. A equipe embalou de vez e vem forte com a defesa arrumada e Russell Wilson jogando em alto nível. Também falamos sobre os Colts como potenciais wild cards da AFC e como um time que pode dar trabalho se chegar à pós-temporada.

Por fim, ao som de PIPOCA, elegemos a pior decepção da temporada.





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4th and 3: Takes gerais

Cara, foi uma semana esquisita na NFL. Até mesmo difícil de encontrar pautas. O Thanksgiving teve um Dallas Cowboys em subida, o melhor time da NFL (Saints) e a melhor defesa da NFL (Bears). Mas já faz tempo.



“prmo"
Ante isso, separei alguns takes rápidos que praticamente é a coluna do Bulio no site. Espero não ter roubado nenhum take dele, porque a coluna sai amanhã.

1- Os Broncos têm uma excelente chance de ir para a pós-temporada. Já há algum tempo falo em transmissões e no meu whatsapp que esse elenco é melhor do que a campanha que tinha. As vitórias contra Chargers e Steelers podem dar moral. Se Vance Joseph não estragar tudo, dá para chegar no Wild Card. O calendário ajuda: Bengals sem Andy Dalton, 49ers, Browns, Raiders e Chargers (em casa na Semana 17).

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2- O Seattle Seahawks vai para a pós-temporada. Por mais que a nota de corte da NFC seja alta, historicamente falando, o time tem vantagem no primeiro critério de desempate contra os rivais de Wild Card: vitória no confronto direto. Packers e Panthers foram derrotados por Seattle. A equipe ainda joga em casa contra os Vikings, que também podem ser adversários nessa briga. Fora esse jogo da Semana 14 contra Minnesota, ainda temos 49ers duas vezes, Cardinals na Semana 17 e um Chiefs já classificado na Semana 16 (e em casa). Dá.

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3- Rapidamente ainda sobre Seattle: o jogo terrestre e a linha ofensiva melhoraram horrores em 2018. Isso tira pressão de Russell Wilson, que pode brilhar como quarterback de elite que é. Se você não acha isso, está vendo outro esporte.

4- O jogo terrestre é mega importante para os Patriots e no domingo a gente viu isso. Com o jogo terrestre funcionando, abre-se espaço no meio – o setor preferido de Tom Brady. Ainda, a volta de Rob Gronkowski é excelente para o time e o tape do jogo mostra isso também. Sony Michel teve 133 jardas terrestres, melhor marca de um running back patriota desde Jonas Gray contra os Colts em 2014.

5- Falando nos Colts, olho em Andrew Luck. Corre por fora na briga por MVP e é o favorito para Comeback Player of The Year. A linha ofensiva, como já falamos, faz um trabalho excelente – só cedeu o primeiro sack de novembro… no domingo. Foi o primeiro sack em 6 jogos, o que interrompe uma sequência de 239 snaps. Acredito que Indianapolis consiga pegar uma das vagas do Wild Card, como há algum tempo venho falando.

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