4 Descidas: Entre competitividade com Kaepernick e o fracasso com Sanchez, Redskins escolhem o fracasso

Quatro Descidas é a coluna semanal de Antony Curti sobre a NFL, publicada todas as segundas. São quatro assuntos e não mais que 3000 palavras (ou quase… Às vezes vai passar). Para ler o índice completo da coluna, clique aqui.

Coluna como áudio abaixo. Abaixo para ouvir e, caso queira, clique aqui para baixar

1st and 10: Não tem outra forma direta de dizer isso.

Colin Kaepernick é um quarterback que vai para o Hall da Fama. Não. É um quarterback que vai para o Pro Bowl? Não. É um quarterback melhor que Mark Sanchez? Sim.

Quando da lesão de Alex Smith, o Washington Redskins foi atrás de um reserva para seu novo titular, Colt McCoy. As opções foram: E.J. Manuel, T.J. Yates, Kellen Clemens, Josh Johnson e Mark Sanchez. O último, muito por conta de laços com membros da comissão técnica da equipe, foi o escolhido.

Em jogo de virtual vida ou morte contra o Philadelphia Eagles, o desastre aconteceu de vez.

McCoy fraturou a perna e saiu logo no primeiro tempo – fazendo com que Sanchez entrasse em sua primeira partida desde a semana 17 da temporada 2016. O primeiro snap foi tudo bem, obrigado. Com maestria digna de New York Jets de 2009, Sanchez fez um handoff perfeito (hahahaha sacanagem) e Adrian Peterson, aos 33 anos, correu para 90 jardas e um touchdown. Depois disso, em 31 jogadas, foram 89 jardas de scrimmage pelo jogo inteiro.

Para se ter ideia de quão fraco Mark Sanchez é/foi ontem, seu passe completo mais longo foi de 8 jardas. OITO JARDAS. Em qualquer aspecto que você espere um bom desempenho, ele foi pífio. Passes para mais de 10 jardas? 0-4 e uma interceptação. Passes sob pressão? 2-7, 14 jardas e uma interceptação.

Ante esse espetáculo de atuação, só que não, o Washington Redskins chegou a uma excelente conclusão: precisam de ajuda na posição de quarterback, já que Alex Smith e Colt McCoy estão fora da temporada. E, bem, Mark Sanchez não é confiável.

Com a equipe ainda na briga por pós-temporada e jogos contra defesas fortes, como Tennessee Titans e Jacksonville Jaguars, a solução encontrada foi realizar testes com Landry Jones e Ryan Mallett. Excelentes escolhas, hein? Agora vai!

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2nd and 6 Ai que saco curti, de novo isso de Kaepernick.. chega dessa caceta

Semanalmente faço uma interação legal com meus seguidores lá no Instagram. É aquele negócio de abrir para perguntas e eu respondo por story. Não tem uma semana que não me perguntam se Colin Kaepernick ainda não assinou com algum time.

Sério.



“prmo"
Os motivos são muitos. Para começar, Colin joga (jogava?) na posição mais importante do jogo, a de quarterback. Nessa posição, conduziu (foi ajudado pela defesa, é bem verdade, mas era ele no comando) uma equipe a um Super Bowl. No caminho, bateu o Green Bay Packers, que é coisa de 20% dos torcedores de NFL no Brasil. É óbvio que fica no imaginário coletivo. Ainda, teve uma saída abrupta da NFL – motivada por seus protestos.

Por conta disso, a pauta é relevante. Ainda mais porque não tínhamos chegado num ponto em que o seguinte cenário aconteceu:

Time brigando por playoffs + que tem jogo terrestre como base do ataque + com quarterback titular e reserva se machucando.

Assim, mais do que natural que o nome de Colin DEVA ser mencionado. Goste você de suas posições políticas ou não.

Eric Reid, colega de San Francisco 49ers, foi o primeiro a protestar junto. Ele tem um time – o Carolina Panthers, que assinou com Reid depois de muito tempo no qual ele ficou desempregado. Mas ele é safety e foi coadjuvante no protesto. Não conta.

Durante a carreira de Colin, eu fui seu maior crítico no Brasil. De brincadeira, sou o membro fundador da Associação Internacional dos Haters de Quarterbacks Que Correm Em Vez de Fazer Progressão de Passe. Dava-me horror quando o primeiro alvo da jogada travava e Colin saia correndo que nem maluco – em vez de procurar mais alvos para passar a bola.

Não retiro nada do que disse na época. De toda forma, é mais do que óbvio que, mesmo com esses problemas, Colin é um quarterback melhor que Ryan Mallett, Landry Jones, Mark Sanchez e toda essa turma de nada a ver ai. Ele é melhor passador do que todos eles e, ainda, adiciona a ameaça terrestre. Em adicionando, melhora o nível dos running backs por tabela – da mesma forma que Lamar Jackson fez no Baltimore Ravens nessa sequência de três vitórias seguidas da equipe de Maryland.

Se Washington ganhar os próximos três jogos, sua chance de playoff sobe para 73% de acordo com simulações do Five Thirty Eight. Mesmo assim, prefere quarterbacks aleatórios sendo que é claríssimo que Colin é melhor do que eles e que o camisa 7 lhes dá mais competitividade. Não precisa ser gênio para perceber isso.

Podcast Recap da Semana 13

Antes da partida contra o Arizona Cardinals, Aaron Rodgers deu uma entrevista coletiva dizendo que a rota para os playoffs passava por vencer todos os jogos até o final da temporada. Em casa, favoritos por mais de duas posses, os Packers perderam para os Cardinals. Mike McCarthy foi mandado embora. Green Bay tem 1% de chance matemática de playoff. Discutimos amplamente a situação.

Ainda, temos o panorama geral dos playoffs da duas conferências, uma apologia a Russell Wilson e ao Seattle Seahawks e mais comentários sobre Patriots e Vikings.

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3rd and 10: Miguezão

Durante toda a atuação pavorosa de Mark Sanchez ontem, pipocaram no twitter sugestões de Colin Kaepernick como opção para o Washington Redskins.

Ante o desastre de Sanchez e a derrota para o Philadelphia Eagles, o técnico do time, Jay Gruden, endereçou o assunto hoje. “Nós provavelmente iremos numa direção diferente por conta do tempo reduzido para atuar e precisar de alguém rapidamente”.

MIGUÉ. CLÁSSICO MIGUÉ. Só faltou deixar de responder no Whatsapp e dizer que está trabalhando muito para isso ser um migué ainda maior. Enfim, voltando. Nesse quesito, para rebater a desculpa esfarrapada, vou recorrer de Mark Bullock, um dos principais analistas que cobrem a franquia nos EUA. Neste texto para o The Athletic, ele refutou o migué de Gruden com muito tape e explicação que, bem, não tem como argumentar contra quando o assunto é o dentro de campo. Como o The Athletic é pago, vou transcrever e traduzir o principal:

“Jay Gruden disse que Colin Kaepernick foi discutido para reforçar o elenco depenado de quarterbacks da equipe, mas falou que “iria numa direção distinta” por conta do tempo curto para colocar alguém em campo. Eles assinaram com Mark Sanchez por conta de sua familiaridade com a comissão técnica, mas em tempo tão reduzido, não há formas realistas de crer que os Redskins podem deixa-lo pronto e ao mesmo tempo se manterem na briga pelos playoffs. 

Assinar com Kaepernick permitiria aos Redskins a montagem de uma fundação no jogo terrestre com conceitos que eles já utilizam nesta temporada, com o quarterback sendo uma ameaça terrestre. (…) Kaepernick obviamente é conhecido como uma ameaça terrestre como quarterback; Há várias jogadas de read option que ele executava em San Francisco que os Redskins poderiam facilmente incorporar. (…) Os Redskins têm vários conceitos de read option já instalados neste ano e usaram até mesmo speed option e triple option. (…).

Com Kaepernick como quarterback, os Redskins podem ter ajuda necessária no jogo terrestre, o qual foi a fundação do time nesta temporada. Ter o quarterback como tal ameaça faz com que a defesa tenha números desfavoráveis a seu favor por conta do jogador a mais que tem de se preocupar. O jogo terrestre de Washington teve problemas muito por conta das lesões na linha ofensiva, então qualquer ajuda de um quarterback móvel seria benéfica. (…)

Assinar com Kaepernick daria aos Redskins uma fundação para trabalhar e se manterem competitivos para os quatro jogos finais. Eles já executam vários conceitos com os quais ele é familiar e outros que podem ser instalados rapidamente”. 

Percebeu o migué?

4th and 2: Mas…

Quem quer arruma um jeito.

Quem não quer, arruma uma desculpa.

A pessoa que mui provavelmente não quer Kaepernick, no caso, é Dan Snyder. Por anos relatei as decisões infantis e imaturas de Snyder, dono da franquia. A batalha dele contra protestos por conta do nome racista da franquia vem de anos, por exemplo. O argumento magnânimo é que o time chama assim desde que ele era criança. É, eu sei que vai ter algum mala enchendo o saco dizendo que é uma homenagem aos índios, então listo aqui o Dicionário Oxford que define Redskin como uma gíria ofensiva e com contexto racista, mas se você quiser contestar a maior autoridade em língua inglesa, siga em frente.



“STEELERS"
Seja como for, nesse contexto, um dos últimos donos de franquia que daria o braço a torcer por um jogador que protestou durante o hino americano e causou boicote de alguns fãs, bom esse cara seria Dan Snyder. Não vai acontecer – de jeito nenhum. Para Dan engolir seu orgulho, Colin teria que ser um jogador de nível Pro Bowl – coisa que ele não é.

A situação é tão absurda e transborda tanta hipocrisia que na semana passada os Redskins assinaram (e foram o único time interessado) em Reuben Foster, linebacker cortado do San Francisco 49ers após episódio de violência doméstica. Mas Colin, alguém que protestou pacificamente? Nah, não vai rolar.

Olha, eu não sou hipócrita. Kaep não foi correto em algumas atitudes. Por exemplo, ele usou uma meia com porcos vestidos como policiais. Em Miami, usou uma camiseta com Fidel Castro – e, cazzo, a última cidade onde você poderia fazer isso é naquela que virou refúgio da ditadura cubana né (e não queiram, um regime que tem um maluco e o irmão dele como líderes por décadas é uma ditadura, seja o regime econômico que for).

De toda forma, a causa é justa – violência policial é uma parada que acontece nos EUA. O protesto foi pacífico. Mesmo com esses vacilos que eu listei acima, Colin não machucou ninguém. Se o time pode contratar um jogador ruim (Foster era um dos piores linebackers quando da contratação), por que não alguém que efetivamente pode ajudar seu time a chegar nos playoffs?

É simples. Porque para alguns, a vitória não é tudo. Dan Snyder é um deles. Entre a competitividade com Colin Kaepernick e o fracasso, os Redskins escolheram o fracasso.

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