5-0 e agora, a um jogo de perder a divisão: Como os Chiefs chegaram ao Apocalipse?

Depois de começar a temporada com cinco vitórias e nenhuma derrotada, deixando pelo caminho ninguém menos que o New England Patriots e o Philadelphia Eagles nas duas primeiras semanas, o Kansas City Chiefs parecia ter as respostas para chegar à pós-temporada. Hoje, após a Semana 12 da temporada regular, vemos uma equipe com retrospecto 6-5, sem chegar nem perto da explosão ofensiva que demonstrou nas primeiras semanas de 2017.

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Por causa de uma inepta divisão, o time segue como líder da AFC West – só que a gordura que tinha para queimar praticamente já se acabou. Com a vitória do Los Angeles Chargers no Thanksgiving e o triunfo do Oakland Raiders contra o Denver Broncos, os Chiefs olham agora seus rivais se aproximarem com retrospectos 5-6. Considerando que o duelo na Semana 14 o time do Missouri enfrenta os Raiders e na Semana 15 os Chargers, a AFC West está completamente escancarada.

Essas últimas semanas fazem o fã de futebol americano questionar o que aconteceu. E tal como mencionamos sobre o Dallas Cowboys, o problema passa por Alex Smith – e com uma parcela de “culpa”, se é que podemos tratar dessa forma, maior que a de Dak Prescott. Lembrando que o tema vem sendo tratado na imprensa americana também, como é o caso da Sports Illustrated hoje à tarde.

“Descobriram” Kareem Hunt?

O argumento de que “descobriram” como para Kareem Hunt é um daqueles fáceis de encontrar pela rede mundial de computadores. Depois de cinco jogos consecutivos com pelo menos 100 jardas from scrimmage, o produto de Toledo não anota um touchdown desde a Semana 3. Ontem, contra o Buffalo Bills, foram 17 jardas em 11 tentativas.  As defesas descobriram como impedir que o camisa 27 faça o estrago que nos encantou no início da temporada?

Primeiramente, a “descoberta” de Kareem Hunt nada mais é do que a fragilidade da linha ofensiva em abrir espaços para o jogo terrestre. O contato com o running back tem acontecido muitas vezes antes mesmo dele chegar à linha de scrimmage,  o que impede que Hunt desfile sua explosão, capacidade de criar espaços com seus cortes rápidos e sobreviva aos tackles com seu equilíbrio fora do comum.

Sem o jogo terrestre, alguns conceitos do Kansas City Chiefs acabam não sendo eficientes.  O ataque de Andy Reid explora o campo horizontalmente. Vemos, constantemente, jogadores no backfield correndo para o perímetro do campo, criando misdirections, explorando os bloqueios no espaço feitos por wide receiverstight ends, uma fonte geradora de big plays quando você tem armas como Tyreek Hill no seu elenco.

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Quando o jogo terrestre se torna ineficiente – ou seja, quando a defesa vê que não precisa colocar mais homens no box para impedir os avanços dos running backs -, o time adversário consegue colocar mais defensores na cobertura – o que nos leva ao próximo ponto.

Se as defesas “sentam” no perímetro, o ataque do Kansas City Chiefs desmorona

Sem respeito pelo jogo terrestre, os defensores na cobertura precisam afunilar a ameaça que é deixar Tyreek Hill e Kareem Hunt correrem perto da sideline. Reparem no jogo contra o Dallas Cowboys como os cornerbacks consistentemente ocupam o espaço externo e forçam Hill e companhia para dentro do campo, permitindo que os linebackers e demais defensive backs façam o tackle.  Da mesma forma fez o Pittsburgh Steelers na Semana 6, dando o caminho das pedras para conter a explosão do ataque de Andy Reid.

A solução encontrada para impedir essas grandes jogadas foi fechar os espaços curtos e médios nas laterais do campo – nada mais, nada menos que utilizar a defesa em zona para evitar as big plays. Com as zonas bem executadas nas flats e meio do campo, você tira o pão com manteiga da exploração do perímetro do Kansas City Chiefs e força Alex Smith a decidir o jogo de forma mais tradicional.

E agora, Alex Smith?

O camisa 11 é o último elemento dessa equação do descarrilamento do Kansas City Chiefs. Vimos que, sem linha ofensiva, o jogo terrestre desaba, as defesas conseguem se dedicar a fechar as avenidas no perímetro – e forçam Alex Smith a resolver a partida. Pois bem, o skill set do ex-San Francisco 49er não é exatamente ideal para fazê-lo.

signal caller é o exemplo de um game manager médio. Não força passes em situações apertadas, é conservador nas escolhas dentro de campo e prefere garantir duas jardas em uma terceira descida a tentar converter o first down. Até aí morreu Neves. Só que precisamos destacar que essas características fazem de Alex Smith um quarterback que hesita e segura a bola mais tempo do que deveria. Uma visão comum contra o Buffalo Bills foi ver  Alex Smith abraçar a bola de futebol americano, dançar no backfield e perder jardas.



Antes fosse esse o problema na Semana 12 – decisões erradas, passes ruins e a tradicional hesitação fizeram com que o Kansas City Chiefs conseguisse o seu primeiro first down com menos de quatro minutos no segundo quarto. Sem sequer mencionar a interceptação, vinda de uma falha de comunicação com o recebedor – um passe que, mesmo que a comunicação fosse perfeita, seria questionável pela cobertura executada pelo Buffalo Bills.

No aspecto teórico , a melhor forma de bater o comportamento em zona demonstrado pelas defesas que enfrentaram os Chiefs é buscar a verticalização do ataque. Jogadas explosivas no braço do quarterback, explorando os soft spots, isto é, os espaços vulneráveis das coberturas em zona. Só que essa solução não é exatamente a praia de Alex Smith.  É fundamental ter um senso de antecipação em relação às rotas e os espaços que elas exploram, deixar a hesitação ir embora e soltar o braço. Tem coisa menos Alex Smith do que isso?

Pat Mahomes é a solução?

Já vemos artigos e artigos clamando pela entrada do quarterback calouro Pat Mahomes. Por mais que eu tenha minhas ressalvas com Alex Smith, colocar um prospecto cru dentro de campo, especialmente quando os Chiefs lideram a AFC West, não é a solução. O esquema ofensivo de Andy Reid exige bastante da parte mental de um quarterback, e se considerarmos o sistema do qual Mahomes vem, a catástrofe poderia até se agravar, considerada a qualidade da linha ofensiva da equipe em 2017.



Além disso, Andy Reid não é o cara das decisões impulsivas – discípulo de Mike Holmgren que é [note] Chiefs’ slump prompts question: when do you bench a competent quarterback? CARPENTER, Les. The Guardian. Acesso em 27/11/2017 – https://www.theguardian.com/sport/blog/2017/nov/27/kansas-city-chiefs-alex-smith-patrick-mahomes-nfl [/note], enquanto ele acreditar que seus conceitos podem funcionar com seu pessoal, ele os manterá. O problema é que o Los Angeles Chargers e Oakland Raiders estão batendo na porta, e uma mudança necessária pode chegar apenas tarde demais.

Os Chiefs rumam ao abismo, necessitando de uma guinada que deveria ter sido feito há algum tempo – e que, ela própria, faria o time correr risco de cair no abismo por si. Agora, é confiar na gordura acumulada no 5-0. Considerando os Vikings do ano passado, parece ser uma proposição difícil de engolir.

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