A ascensão do jogo terrestre dos Panthers é nova vida à Read-Option?

Um dos matchups mais importantes do Super Bowl entre o Carolina Panthers e o Denver Broncos é o do ataque terrestre de Carolina (melhor da NFL, no quesito,  em jardas por partida) e a defesa contra o jogo terrestre de Denver (segunda melhor da NFL em jardas cedidas por partida). Enquanto a front-seven dos Broncos conta com jogadores extremamente fortes e atléticos, o ataque dos Panthers, além de talentoso, é bastante criativo. O coordenador ofensivo Mike Shula – filho do lendário técnico Don Shula – maximiza a habilidade atlética de Cam Newton de diversas formas, e uma delas é utilizando um estilo de corrida denominado Read-Option. Não sabe o que é? Vamos explicar!

De forma simplificada, a Read-Option é uma jogada na qual o jogador do ataque – geralmente o quarterback – tem uma opção a fazer quando tem a bola, baseado numa leitura que ele faz de certo jogador da defesa adversária. A leitura mais comum é a do último homem da linha de scrimmage da defesa (o defensive end ou o outside linebacker, dependendo da formação). Se o defensor achar que o quarterback vai correr, o mesmo entrega a bola para o running back. Se o defensor vai direto no running back, o quarterback fica com a bola. Isso coloca um stress tremendo na defesa, que precisa ser muito disciplinada para conter essa jogada. Ficou claro?

O canal da NFL no YouTube tem uma série de vídeos explicando alguns termos como esse, exemplificando com jogadas. Só não aprende quem não quer! Veja aqui a explicação da Read-Option.

Quando começou a Read-Option?

A verdadeira origem da jogada é nebulosa, mas sabe-se que a Read-Option começou a ser utilizada já no início do século XX – na forma da Triple-Option -, e foi estabelecida como principal jogada de universidades como Notre Dame e Navy na época. Nas décadas de 80 e 90, equipes como Oklahoma e Nebraska também utilizaram bastante a jogada como base de seus ataques. A Read-Option como conhecemos hoje começou a ser mais comumente implementada nas Spread Offenses, como por exemplo o Florida Gators comandado por Urban Meyer, que fez muito sucesso com Tim Tebow comandando o ataque. O mesmo Urban Meyer tem sucesso parecido com Ohio State, que contou com J.T. Barrett e Cardale Jones como quarterbacks nos últimos anos.

Durante muito tempo a jogada era desdenhada pela NFL, justamente por, historicamente, não haver quarterbacks que podiam ser perigosos tanto lançando quanto correndo com a bola. Com a chegada de quarterbacks como Cam Newton, Russell Wilson, Colin Kaepernick e Robert Griffin III – mesmo que os últimos não tenham tido muito sucesso recente -, os ataques terrestres ganharam uma nova dimensão. Basta lembrarmos do confronto entre San Francisco 49ers e Green Bay Packers nos Playoffs da temporada 2012-2013, no qual Kaepernick correu para 181 jardas e 2 touchdowns. A temporada de 2012 foi um marco recente na história da NFL justamente por ter quebrado alguns tabus que eram colocados na Read-Option. Muitos técnicos que pensavam que a jogada era apenas uma “gimmick“, ou seja, apenas uma jogada ocasional, se viram tendo suas defesas destruídas pelos atléticos quarterbacks. Não à toa, equipes começaram a contratar, como consultores, técnicos de college que usavam a jogada à exaustão em seus planos de jogo.

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Seria a jogada o futuro do jogo terrestre de Carolina?

Todo esse sucesso quer dizer que a Read-Option é o futuro do jogo terrestre na NFL? De forma alguma. Falando especialmente do Carolina Panthers, não é difícil concluir a razão do sucesso da jogada: Cam Newton é um jogador completo. Em completa sintonia com seus bloqueadores e corredores, Newton apresenta uma ameaça real quando corre com a bola, visto que é rápido e muito forte. Contudo, quando defesas colocam mais homens para parar a corrida, Newton tem a calma, presença no pocket, inteligência e braço que poucos lançadores na liga têm. São esses pontos “intangíveis” que o separam de um Colin Kaepernick, por exemplo. Com a ascensão das ditas Spread Offenses no futebol americano universitário, teremos sim mais quarterbacks como os citados anteriormente entrando na liga, o que é ótimo. Contudo, os times ainda terão que trabalhar esses jogadores, da mesma maneira como Newton foi trabalhado, para que a ameaça de correr com a bola seja apenas mais uma arma no arsenal, não a única arma.

Como Denver planeja parar a Read-Option? Existem diversas maneiras, como por exemplo designar um middle linebacker para marcar individualmente o quarterback, enquanto o último jogador da linha de scrimmage fica à cargo apenas do running back. No papel, a estratégia não é tão complicada, principalmente quando se tem linebackers atléticos em sua equipe – coisa que Denver tem de sobra. O que é complicado é ter que se preparar para a Read-Option e, além dela, mais uma infinidade de variações desenhadas por Mike Shula, todas possíveis por conta de Cam Newton. touchdown de Ted Ginn Jr. contra Arizona é exemplo disso: o ataque dos Panthers finge um “QB Power” (uma simples corrida pelo meio do quarterback, com um guard fazendo o pull na frente), realizando um reverse e pegando a defesa adversária totalmente despreparada. Com duas semanas de gameplan tanto para o melhor ataque da NFL quanto para a melhor defesa da NFL, teremos um prato cheio de grandes jogadas para analisarmos.

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