A comparação entre Brady e Bridgewater feita por Peterson

Os esportes são uma fonte de ilusão para os torcedores. Todos sabem e até Vegas se aproveita disso. Neste ano, se você somar a projeção de vitórias para a temporada feita pelas casas de apostas (você aposta se o time vai ganhar mais ou menos que aquele número), o número de vitórias obtido será 263,5. Lembre-se que a temporada possui 256 jogos, logo é visível que as casas de apostas esperam que a maioria dos times sejam supervalorizados antes da temporada começar pelos seus torcedores.

Só que este sentimento de supervalorização não ocorre somente entre os torcedores. Técnicos, donos e até os próprios atletas tendem a valorizar muito o seu produto e ficam cegos em suas análises. Isto é totalmente natural e esperado. O complicado é quando esta supervalorização passa até mesmo do bom senso. Uma coisa é um torcedor (ou um membro da organização) dizer que o Philadelphia Eagles vai ganhar a NFC Leste e disputar a conferência, outra que ele vai ser campeão com Sam Bradford ganhando o MVP da liga – o famoso empolgou.

Nesta semana, Adrian Peterson, running back do Minnesota Vikings, teve o seu momento de André Rizek (ou empolgou) e deu uma opinião bem fora da realidade sobre seu signal caller, Teddy Bridgewater:

“Ele me lembra um Tom Brady porque Tom Brady é ótimo nestes passes medíocres. […] Estes passes curtos e passes de média distância e isto é exatamente o que Teddy faz bem. Ele é o tipo de cara que precisa de um recebedor que corra rotas em uma localização específica que você está praticando. Então eu sinto que, com a adição que nós fizemos na linha ofensiva, e, obviamente, com a visão do que eu posso trazer para o ataque também, eu acho que isso fará seu trabalho ser muito mais fácil. Com isso, ele se sentirá muito mais confortável e ele pode realmente voltar ao campo e simplesmente jogar o seu jogo. Então eu estou esperando grandes feitos de Teddy neste ano.” (tradução livre)

O que as estatísticas dizem?

Quem acompanha o site a mais tempo sabe o quão fã de Bridgewater somos. Falando especificamente da cobertura do Draft de 2014, para quem não lembra eu o considerava um encaixe perfeito para os Vikings: “Bridgewater é um encaixe perfeito para esse ataque. Uma ótima troca e a seleção do signal caller da franquia.” Só que mesmo sendo tão fã dele, suas limitações eram visíveis:

“Bridgewater também parece ser um bom jogador para trabalhar com a coaching staff de Minnesota. Norv Turner tem um playbook extremamente baseado na West Coast Offense. Isso significa que o calouro não vai precisar lançar inúmeras bolas por 50, 60 jardas. Bridgewater possui uma força no braço média, nada espetacular. Ele também parece sofrer um pouco com a precisão em passes muito longos. Talvez a maior chance de sucesso seja jogar em uma West Coast Offense.” (texto retirado do Draft simulado de 2014)

Infelizmente, ele ainda não conseguiu superar esta limitação. Sua mecânica um pouco não convencional faz com que não aproveite completamente a força de seu braço e, consequentemente, sofra para conseguir completar passes em profundidade. E isto claramente se reflete nas estatísticas.

Os passes do ex-Louisville viajaram antes da recepção, em média, 3.17 jardas por tentativa no ano passado. Esta foi a quinta pior marca da liga – na sua frente apenas Matthew Stafford (3.14), Aaron Rodgers (3.15), Sam Bradford (3.15) e Joe Flacco (3.16). Para uma base de comparação, a marca de Tom Brady foi de 3.8 jardas viajadas por passe e Russell Wilson teve a marca incrível de 4.57.

Obviamente esta marca vai inflacionar as jardas conquistadas após a recepção, porém mesmo assim ele não fica bem colocado. Foi apenas o 14º colocado em jardas após a recepção – Brady foi o quarto com 500 jardas a mais. Pela falta de lançamentos em profundidade, é óbvio que a porcentagem de jardas após a recepção seria altíssima (56,20% das jardas aéreas dele foram obtidas após a recepção), porém isto se deve muito mais a falta de passes de qualidade em profundidade do que outra coisa.

Além disso, fica visível a superioridade em técnica de Brady. O que o destaca nos “passes medíocres” de Peterson não são nas rotas no meio do campo (mesh ou in), mas sim o trabalho excepcional que faz em rotas para fora do campo – colocando a bola em janelas absurdamente pequenas. Sua mecânica é impecável e nem precisa se falar da sua capacidade de lançar no fundo de campo.

Bridgewater não tem nada disso – ainda. É necessário trabalho na mecânica para melhorar os lançamentos em profundidade no campo. O quarterback de Minnesota tem muito potencial para desenvolver ainda, no entanto, no momento, ele está muito mais perto de Alex Smith do que de Tom Brady.

Apesar da segunda parte da declaração de Peterson ser verdadeira (com relação as novas adições), a comparação foi bem infeliz, colocando pressão desnecessária em um signal caller que ainda está evoluindo – longe de ser um produto pronto. Minnesota tem um elenco qualificado e pode subir para o próximo nível, porém precisa que Bridgewater eleve o nível de seu jogo para eles realmente virarem uma ameaça na NFC. Talento o jovem quarterback tem, é preciso desenvolvê-lo.

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