Lá estava eu no primeiro semestre de economia, em uma aula de Pensamento Crítico e Ética quando o professor começou a falar sobre a teoria subjetiva do valor. Não, isso não é uma autobiografia; mas, outra vez, teorias econômicas nos auxiliam a entender a realidade.
Essa teoria define que o valor de algo é subjetivo para cada pessoa (falei um pouco disso no texto sobre o valor de um jogador na free agency). É por isso que posso aceitar pagar R$100.000,00 em um carro, enquanto você acha um absurdo. A lógica é a mesma para o contrato de Russell Wilson e a possível mudança de plano de jogo de Seattle. O Curti menciona isso no vídeo abaixo. Você não pagaria 100 mil num carro se não tiver CNH. Se o fizer, sinal de que valoriza carros esportivos e que vai usá-lo mais do que chamará um uber.
Após o fim da polêmica sobre sua possível saída, o quarterback de Seattle assinou um contrato de 4 anos e $140M de dólares, tornando-o o jogador mais bem pago da história na posição.
“Ok, mas como os valores influenciam nos planos do time para temporada?” Usando a teoria como base, é feita a pergunta que define o aspecto essencial do texto: por que os Seahawks tornariam Wilson o quarterback mais bem pago da liga se não for para utilizá-lo?
O talento de Russell Wilson e a fronteira de possibilidades
O talento excepcional que o quarterback possui é notório e, se bem usufruído, é capaz de levar os Seahawks longe em todos os anos. “Ah, ele é um running back que passa”. Eu sei que diversas vezes isso não passa de uma brincadeira de Twitter, mas é bom expor os números para desmistificar a falácia e auxiliar na análise.
Na última temporada, Wilson passou para 35 touchdowns (recorde pessoal) com apenas 7 interceptações, teve um rating de 110,9 e obteve isso sendo um dos quarterbacks com menos tentativas de passe da liga, com 26,7 por jogo. Além disso, é o jogador com mais touchdowns lançados nas últimas duas temporadas, com 69 e, de acordo com Player Profiler, foi o quinto em money throws (um lançamento que requer muito atleticismo e habilidade e, também, lançamentos decisivos em momentos críticos de uma partida) e em precisão.
Wilson, melhorou todos seus aspectos como passador e os números comprovam o que a visão é capaz de enxergar. Um exemplo? Durante toda a temporada foi dito que sua bola em profundidade era a melhor da NFL; no quesito, ele foi o segundo em passes completos (em 2017, foi o 14º).
Na atualidade, Russell pode ser considerado um dos 5 melhores na posição e isso auxiliou em sua renovação. Superando sua baixa estatura e se tornando confiável na posição mais importante do jogo, mostra-se capaz de levar os Seahawks a mais um título se possuir um elenco de apoio melhor. A franquia sabe que com ele under center a fronteira de possibilidades é alta e que Wilson está em seu auge.
Porém, o fatídico confronto contra os Cowboys no Wildcard que expôs todos os problemas do sistema ofensivo do time ainda está na memória. No momento mais decisivo do ano, a franquia fracassou e inúmeras críticas foram feitas. O que a renovação de Russell Wilson pode indicar para esse sistema?
Sobre sistemas ofensivos e o valor de um ativo
A tragédia ofensiva de Schottenheimer nos últimos playoffs foi o suficiente para alterar o estilo de jogo ofensivo dos Seahawks? Só saberemos ao início da temporada, mas o contrato de Russell Wilson pode mostrar o contrário.
Em contabilidade, aprende-se que um ativo é um investimento que possa gerar um valor futuro. Wilson é o maior desses ativos do Seahawks e assim deve ser. É improvável que a franquia tenha renovado com seu quarterback para continuar ostentando a menor média de passes por partida (29,9 passes por jogo em 2018). É bizarro possuir um dos cinco melhores passadores da liga e não utilizar seu jogo aéreo de forma mais efetiva.
A NFL atual é voltada para o passe e o plano de jogo ofensivo de Seattle deve ser baseado nesse esquema. Não digo isso de forma a menosprezar Chris Carson e Rashaad Penny, ambos fizeram boas temporada e é excelente que o time possua boas armas no backfield para criar a imprevisibilidade. Porém, viver e morrer pelo jogo terrestre não é uma estratégia funcional nos dias de hoje.
É justificável que a franquia tenha corrido muito na temporada regular, devido as deficiências e limitações do próprio elenco? Sim. Porém, correr 33 vezes por jogo é exagero e implica em subutilizar sua principal arma ofensiva, ainda mais quando sua estratégia claramente não está funcionando (como foi no jogo contra os Cowboys).
A boa notícia é que a franquia deve mudar esse sistema e a renovação é um indício disso. As defesas da NFC vêm se reforçando e Schottenheimer está com a corda no pescoço após as falhas do último ano e não quer ver sua cabeça rolando em 2019. Russell Wilson, hoje é um dos melhores passadores da liga e, com sua maior utilização e a abdicação de um sistema voltado majoritariamente ao jogo terrestre, Seattle pode voar como um “falcão”.
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