A semana de folga ajuda ou atrapalha antes do Divisional Round?

O atual formato dos playoffs da NFL existe desde 1990, quando a liga expandiu o número de times que se classificam ao mata-mata. Até aquela data, apenas os cincos melhores de cada conferência iam à pós-temporada – três vencedores de divisão, já que eram apenas três divisões, e dois wild cards. Após a mudança, passaram a ser seis representantes da AFC e NFC, graças à inclusão de um novo wild card.

Além de significar um aumento no número de partidas de nove para 11, a alteração também teve outro desdobramento importante: a redistribuição das semanas de folga. Antes de 1990, as três equipes com melhor campanha não jogavam no Wild Card Round – havia um único confronto entre o #4 e #5 seed de cada conferência. Depois, o privilégio de uma bye week nos playoffs ficou restrito apenas aos dois melhores seeds, já que o time #3 passou a enfrentar o #6, assim como ocorre até os dias de hoje.

Na atual temporada, as franquias recompensadas com uma folga na primeira rodada do mata-mata foram Patriots, Chiefs, Cowboys e Falcons. As “férias”, contudo, chegarão ao fim neste final de semana, quando elas enfrentarão respectivamente Texans, Steelers, Packers e Seahawks no Divisional Round – confira aqui os horários dos jogos.

Mas, afinal de contas, uma bye week logo antes de um confronto de vida ou morte nos playoffs ajuda ou atrapalha um time? Se realmente for uma vantagem, ela é superestimada? Estas perguntas podem render boas discussões e, como muitas coisas na vida, precisam ser analisadas por diferentes ângulos.

Vantagens: descanso mental e tempo de aprimoramento físico

A principal e mais evidente vantagem de uma semana extra de repouso é as equipes terem mais tempo para recuperar fisicamente seus atletas. Em um esporte no qual há tanto desgaste, isso é importante e nem precisamos dizer o quanto. Com um intervalo maior entre as partidas, os times podem cuidar melhor de jogadores próximos do limite físico ou mesmo lesionados. E não estamos falando só de contusões graves, mas também de pequenos problemas físicos que podem influenciar no rendimento – um tornozelo torcido aqui, uma dorzinha no joelho acolá etc.

Ademais, existe a questão do descanso mental. Semana após semana, os atletas tiveram que lidar com a pressão psicológica de vencer jogos difíceis, competir em altíssimo nível, brigar por uma vaga nos playoffs etc. Ter um tempo para relaxar e se desligar momentaneamente de toda essa cobrança pode ser uma vantagem antes do sprint final rumo ao Super Bowl.

Por fim, se o time não entrar em campo, ele não perderá ninguém lesionado – quer dizer, normalmente não. Na temporada passada houve o caso bizarro envolvendo Tevin Coleman, quando o running back caiu no chuveiro e sofreu uma concussão, porém são exceções. Por exemplo, Jordy Nelson quebrou duas costelas no duelo de Wild Card diante dos Giants e será desfalque contra Dallas, fazendo com que Green Bay atue sem seu principal wide receiver. Os Cowboys, por sua vez, não terão preocupações desse tipo.

Quais então seriam os problemas?

Algumas pessoas consideram que uma semana de folga pode atrapalhar porque interrompe o ritmo de uma equipe.

Em qualquer esporte que seja, um time precisa ter sequência de jogos para render no máximo. Esta, aliás, é uma das razões para a existência da pré-temporada da NFL: dar ritmo e “desenferrujar” jogadores após longos meses de férias. É bastante raro ver alguém “voando” logo na primeira partida do ano. No geral, demora um pouco até os atletas atingirem seu auge, seja físico ou técnico.

A bye week pré-Divisional Round poderia ter esse efeito de “enferrujar” um pouco as equipes logo antes de um confronto de vida ou morte, justo quando elas precisam estar no ápice. A preocupação é que o foco esteja menor – nesse caso, o “relaxamento” citado acima seria prejudicial. Ademais, o entrosamento e mesmo a forma física dos jogadores ficariam prejudicados por conta da falta de partidas para valer.

Se quisermos ir além, é possível citar também fatores abstratos como a confiança e a moral. O que é melhor: um time mais descansado ou com uma sequência de vitórias? Recentemente, os Giants enfrentaram esse dilema. A franquia poderia ter poupado seus titulares na semana 17 contra Washington, já que o duelo não mudaria em nada seu destino. Ao invés disso, New York colocou força máxima em campo, venceu o rival com autoridade e chegou aos playoffs cheio de confiança. Uma semana depois, entretanto, foi amassado pelos Packers. Não que o motivo da derrota tenha sido cansaço (ou uma viagem infeliz de barco), porém hoje fica a dúvida se valeu a pena.

Resumindo, equipes que se classificaram ao Divisional Round após uma vitória no Wild Card em teoria podem chegar com maior “momentum” (boa fase), algo que representaria uma vantagem em relação a quem ficou assistindo pela televisão. Como já dissemos antes, é uma coisa abstrata e difícil de avaliar.

Bye week não atrapalha, mas também não é o fator primordial

Em nossa opinião, os benefícios da semana de folga na pós-temporada são maiores do que os eventuais problemas, logo não faz sentido dizer que ela atrapalha. Ter um tempo extra de descanso e preparação é sim uma vantagem, ainda mais em um esporte como o futebol americano. Basta pensarmos em como normalmente os times voltam mais fortes da sua bye week durante a temporada regular. Por outro lado, não devemos supervalorizá-la.


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Melhor do que folgar, jogar o Divisional Round em seus domínios é o maior benefício de quem termina com os seeds #1 e #2. Já falamos sobre como a home-field advantage é importante devido ao incentivo dos torcedores e outros aspectos como clima, fuso horário etc. De 1990 a 2015, os mandantes venceram 67% das partidas de playoff, seja após terem folgado ou não. Esse parece ser o principal segredo do sucesso. Em todo o caso, é difícil separar completamente uma coisa da outra, afinal todo time de bye atua em casa. Além disso, por ter o seed maior, em teoria apresenta mais qualidade técnica do que o adversário.

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