Além de Ben McAdoo, quais técnicos podem ser demitidos em 2017?

A NFL é diferente do Campeonato Brasileiro e do futebol, como um todo, em muitos aspectos. Organização, faturamento, porcentagem de lugares ocupados nos estádios, forma de disputa (Deus abençoe o mata-mata) e todo o mais. Em um elemento, porém. o futebol e o futebol americano se encontram: demissões.




Treinador pagando o pato é a coisa mais comum do mundo. Para cada Bill Belichick, no cargo desde 2000 no New England Patriots, um Ben McAdoo que não completa sequer dois anos no cargo. O POJETO, tão desejado por Vanderlei Luxemburgo na concepção de seus novos trabalhos, às vezes vai a cabo antes que pisquemos os olhos. Na NFL e no Brasileirão.

Claro: de certa forma, a demissão após uma ou duas temporadas é mais justificável no futebol americano. Diferentemente do futebol, o treinador na NFL tem participação direta sobre qual jogada será executada em dado momento. No futebol isso não acontece. Seja como for, fato é que a paciência é curta quando as reconstrução não se desenvolve. Principalmente quando há um elenco para tanto.

Aqui, um vídeo resumindo com alguns nomes que podem estar no mercado na próxima temporada. Ou melhor, sem eufemismos, técnicos que podem ser demitidos após a Semana 17.

Abaixo, para você que prefere me ler a ver como meu cabelo está grande após dois meses sem cortá-lo, a mesma pauta.

John Fox

Pense num treinador que colhe os frutos por chegar no Super Bowl há mais de 10 anos com um quarterback marromeno. Eis John Fox, que conseguiu o feito em 2003 com o Carolina Panthers. Depois de passagem pelo Denver Broncos – cujo sucesso ofensivo se devia a Adam Gase e a Peyton Manning – Fox foi mandado embora e os Broncos foram campeões no ano posterior. Ok.

O Chicago Bears, após ousar com Marc Trestman, resolveu ser conservador. Para quem não se lembra do absurdo que aconteceu, Trestman veio com pompas via CFL, a liga de Futebol Canadense cujas regras são DIFERENTES da NFL. John Fox se mostra conservador e retrógado do início ao fim. Pense nele como um “anto-Sean-McVay”. No domingo passado, preferiu as chances de vencer o San Francisco 49ers em casa… Ao tentar bloquear um field goal com cronômetro expirado. Em vez disso, poderia ceder o touchdown, ter tempo suficiente para o ataque e confiar na evolução de Mitchell Trubisky para conduzir o time – como fez contra Detroit, embora ali fosse só field goal.

Por que vai para a rua? Fox já demonstrou que não tem condições de continuar em Chicago. Isso passa por muitos fatores; Começa, por exemplo, desde o fato de chamar Cairo Santos e Pat O’Donnell, kickerpunter do time, de “Carlos” e “Rob”. E termina no fato de Fox ser uma “mente defensiva” e dos Bears precisarem de um guru ofensivo para desenvolver Mitchell tal como McVay fez com Jared Goff. Ah: 12-31 de campanha não ajuda.

Chuck Pagano

Sabe quem foi o melhor treinador que Andrew Luck teve em Indianapolis? Ué, ele não teve só um? Nope. Quando Chuck Pagano teve de se ausentar do Indianapolis Colts para tratar um câncer, Bruce Arians assumiu interinamente o time e foi eleito técnico do ano em 2012. O trabalho credenciou Arians a assumir o Arizona Cardinals, onde chegou à final da Conferência Nacional em 2015.

Enquanto isso, Chuck voltou às sidelines e se mostrou ineficiente em fazer ajustes ou em tirar o melhor de um plantel mais raso do que teve no início desta década. Sem Andrew Luck no comando do barco, o time é um dos piores da Conferência Americana em 2017.

Por que vai para a rua? Ryan Grigson, o arquiteto do castelo de cartas que virou Indianapolis nesses últimos anos, foi mandado embora. Um novo general manager chegou e… Pagano ficou. Isso não costuma acontecer e, se os resultados forem ruins, o general manager novo – Chris Ballard, neste caso – acaba recebendo carta branca para trazer um nome “seu”. Os Colts até mostram competitividade em alguns poucos jogos, como contra Seattle. E é justamente aí que podemos ver a fraqueza de Pagano: não existe qualquer ajuste ao longo dos jogos e o adversários fazem a festa no segundo tempo. Duvida? Olha esse meu tweet.

Hue Jackson

É bem verdade que Hue não é o culpado único pelas mazelas do Cleveland Browns nesses últimos anos. Fato é, todavia, que o elenco não é tão ruim quanto 99% das páginas de memes e seus amigos no bar indicam. Outro fato: Deshone Kizer vem evoluindo, mesmo que os turnovers ainda sejam constantes. No final das contas, sabíamos que ele era cru – mesmo tento um teto alto.

Mesmo que outros problemas possam existir nos Browns – como um elenco bem jovem e questão de “cultura” psicológica que lá foi instaurada ao passar dos anos – não há desculpas para o time ter o desempenho atual. Para quem não se lembra, o time investiu pesado em linha ofensiva e defensiva, os dois pilares de um time de futebol americano. Uma vitória e VINTE E SETE (27!!!!!!!!!!) derrotas em duas temporadas não acontece. Simplesmente não acontece. Não fosse essa vitória no final do ano passado, os Browns teriam quebrado o recorde de derrotas seguidas, dos Buccaneers de 1976-77 (0-26). E aquele era um ume de expansão.

Fato é: Jackson tem chamadas questionáveis e há talento suficiente para que o time não seja, literalmente, 30º em eficiência na red zone, 28º em sacks, 31º em pontos por jogo e 32º em conversão de terceiras descidas. Com o pedigree de coordenador ofensivo de Hue Jackson, isso nem de longe poderia acontecer.

Por que vai para a rua? 1-27 é demais. Fora isso, Jackson gerenciou de forma bizarra a questão de quarterbacks nos Browns. Colocar Kizer no banco no meio da temporada e voltar com ele depois OBVIAMENTE prejudica o desenvolvimento de um atleta que teve problemas com comissão técnica no college football. Fora isso, creio que acima já dei motivos o suficiente.

Bônus Tracks: 

Dirk Koetter: Sim, o time é carente de linha ofensiva e de pass rush. Não, não o suficiente para virar saco de pancadas na NFC South. De ataque “EMPOLGOU” para 24º na red zone e 22º em pontos por jogo. Não era isso que os Buccaneers esperavam quando rolou a promoção de Koetter de coordenador ofensivo para técnico principal. Quanto maior o salto, maior a queda – e aqui, o salto de expectativa e o talento que o time tem no papel são justa causa.

Vance Joseph: Mesmo que a NFL tenha seus momentos de Brasileirão, é um tanto incomum ver técnico sendo demitido após uma temporada e tão somente isso. O trabalho de Joseph no Denver Broncos, após começo 3-1 na temporada, é digno de ao menos colocá-lo com a batata assando. Sua formação é defensiva e, por mais que o ataque de Denver coloque a defesa em situações bizonhas quanto ao território, Joseph tem nas mãos uma das melhores unidades da liga e simplesmente ela não vem bem em vários quesitos – é apenas a 21ª em sacks forçados, por exemplo. E não é como se lesões tivessem tirado Von Miller de campo. Com os Broncos 3-9 apenas dois anos após vencer o Super Bowl, John Elway pode querer implodir tudo, trazer um quarterback novo e uma mente ofensiva para desenvolvê-lo.

Não devem ser demitidos: Pelos mais variados motivos (como no caso de Dallas e Cincinnati, os donos serem general managers e gostarem pacas dos ditos cujos, e em outros pelo ligeiro sucesso recente dos times), mas ao menos começam 2018 com a batata assando; Jason Garrett (Dallas), Jay Gruden (Washington), Adam Gase (Miami), Marvin Lewis (Cincinnati), Jim Caldwell (Detroit). Um nome que me intriga é Jack Del Rio. A campanha dos Raiders é muito aquém em 2017, mas não espero demissão caso Oakland não vá para os playoffs.



“canecas"

Lesões atrapalharam e dão vida extra: Bruce Arians (Arizona) e Bill O’Brien (Houston) tem o ótimo álibi chamado “peças importantes machucaram” e certamente ganharão mais tempo no cargo. Todd Bowles (Jets) entrou o ano ameaçado, mas convenhamos: a campanha do New York Jets com o plantel que tem segura qualquer treinador no cargo, Bowles está fazendo um excelente prato com ingredientes que poderiam ser melhores.

Há crédito na praça para segurar no cargo: Mike McCarthy (Packers) e Andy Reid (Chiefs) vem tendo problemas nesta temporada. Pessoalmente, não sou muito fã de McCarthy – especialmente quanto às chamadas ofensivas – mas dificilmente ele cai só por causa disso. Reid, no último domingo, entregou a responsabilidade de chamar as jogadas de ataque para seu coordenador. Mas é outro caso cujo crédito segura para 2018 sem dúvidas.

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“RODAPE"

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