Peyton Manning não passou para nenhum touchdown no Super Bowl 50. Estatisticamente falando, foi um dos piores Super Bowls já jogador por um quarterback que saiu com o ti… Blah, de nada importa isso tudo. A última vez que um passe de Peyton foi completo numa partida de futebol americano profissional, foi em um momento que importou: ou seja, com ela sendo recepcionada dentro da end zone. Não foi um touchdown propriamente dito, mas um “mini-touchdown”: a conversão de dois pontos que acabou garantindo com que o Denver Broncos saísse com a vitória no Super Bowl.
É curioso notar como a última vez que Peyton Manning tenha sido um momento importante. Mas, mais do que isso: um passe bem sucedido que fora fruto de extrema análise da defesa adversária. Nesta edição especial de All 22 aqui em The Concussion Pro Football, vamos destrinchar tudo o que importa, taticamente falando, na jogada em questão.
VEJA AQUI O ÍNDICE COMPLETO DA COBERTURA DA APOSENTADORIA DE PEYTON MANNING
Algumas notas antes:
a) Sabemos que o texto está um pouco “carregado” de termos técnicos, mas não teria como ser de outra forma. Pedimos desculpas se não fomos didáticos o suficiente. De toda sorte, já adianto que em meu “Manual do Futebol Americano” haverá a explicação detalhada de todos os termos aqui apresentados.
b) Também pedimos desculpas pelo fato deste artigo ser de leitura muito mais fácil no computador, com tela maior, do que nos celulares. Sabemos que praticamente 50% do tráfego do Pro Football vem de celulares, mas fica a dica: ligue o computador e dê uma olhada em resolução alta, Peyton nos deu uma aula de futebol americano. Agora sim, vamos ao último passe completo da carreira de Peyton Manning.
Leitura antes da jogada (pré-snap)
A leitura feita pelo quarterback antes da jogada é das mais importantes. A princípio, a primeira coisa que o signal caller tem que fazer é diagnosticar onde está o safety – ou, caso não seja tão nítido, como é o caso da jogada abaixo, onde está o jogador mais provavelmente marcando em zona/profundidade no meio do campo (se houver). Depois, eventualmente tenta-se ler qual marcação está sendo empreendida pela defesa adversária: homem-a-homem ou zona (ou um híbrido dos dois).
Segundos durante a jogada, nos quais Peyton tem que decidir
Realizado o snap, Peyton Manning processou vários dados. Claro: ele tem muito mais capacidade de fazê-lo do que eu, então pode ser que tenhamos deixado passar alguma coisa acima (até porque ele é jogador profissional e passou a semana estudando as tendências de Carolina). Agora, as coisas começam a ficar interessantes: não era uma blitz, embora parecesse (e até fosse lógico numa situação de defesa contra um quarterback não-móvel e sem running back – sem contar o fato de Ryan Harris ter sido um left tackle abaixo da média em 2015). Apenas quatro homens vão pressionar Peyton: o problema para os Panthers é que o pivô de Owen Daniels funciona.
Fowler fica desmarcado por meio da slant e o pivõ de Daniels funciona, “travando” Kuechly e Coleman no meio do campo e tendo uma área (em verde) para que Peyton possa dar o passe (em preto). Veja como a angulação da rota é a principal responsável pela separação de Fowler em relação à Harper – isto, somado ao fato de que safeties naturalmente não são hábeis em marcar individualmente, fez com que houvesse um matchup essencial para que o passe fosse completo.
Uma jogada que durou pouco mais de 5 segundos pode ser analisada num texto que você demorou minutos para ler. E eu, algumas horas para escrever. Esta é a beleza do futebol americano. Mais do que um esporte de contato, ele é um esporte extremamente estratégico, no qual um avanço mínimo de duas jardas – como o acima – requer horas de estudo e experiência para os jogadores.
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