É natural que em uma offseason fora do comum, com menos tempo de treinamento e sem jogos de pré-temporada, quem manteve a base do ano passado largue na frente de quem está começando tudo do zero. Talvez esse tenha sido um fator chave para explicar o massacre por 38 a 6 imposto pelo Baltimore Ravens contra o Cleveland Browns.
Contudo, a principal lição que tiramos dessa partida foi: Baltimore continua sendo um time excelente e com um ataque poderosíssimo. Muitos esperam algum tipo de regressão por parte de Lamar Jackson e de toda a unidade em 2020, afinal os coordenadores defensivos tiveram um ano de filmes para analisar em busca de soluções. Pelo jeito não será o caso, embora obviamente ainda seja muito cedo para tirarmos conclusões definitivas.
Lamar Jackson outra vez calou quem insiste que ele não consegue passar a bola
Nós chegamos a comentar no Twitter que talvez tenha sido o melhor jogo de Lamar passando a bola desde que chegou à NFL. Dos seus 25 passes tentados podemos destacar apenas dois que foram realmente ruins: a recepção acrobática de Mark Andrews no primeiro touchdown e uma bola forçada contra marcação tripla já no garbage time.
De resto, Jackson foi perfeito, mostrando uma precisão e um toque dignos de Russell Wilson em vários momentos. Além dos dois touchdowns para Andrews, o quarterback de novo demonstrou grande sintonia lançando em profundidade para Marquise Brown, encaixando passes em janelas apertadas diante de uma secundária razoável.
Enfim, foi mais um prego no caixão daquela chata narrativa do “running back que passa a bola”. As boas atuações de Jackson lançando a bola já superam em muito as más – e a vitória sobre os Browns foi outro exemplo. Lamar é mais do que capaz de vencer jogos com o seu braço.
Olho no running back calouro J. K. Dobbins
À primeira vista, as estatísticas de Dobbins não chamam tanto a atenção: sete carregadas para 22 jardas e dois touchdowns. Contudo, é importante esclarecer que a razão para sua baixa média de jardas por tentativa (3,1) foi o fato do calouro ter carregado a bola próximo à goal line algumas vezes, ou seja, simplesmente não havia espaço para conseguir maiores avanços.
Podemos tirar três conclusões disso. A primeira é que Dobbins roubará carregadas de Mark Ingram na red zone e em situações de goal. A segunda é que o ataque terrestre de Baltimore agora será um monstro de quatro cabeças formado por Jackson, Ingram, Dobbins e Gus Edwards – talvez fosse o plano em 2019, mas Justice Hill em nenhum momento conseguiu se firmar. Já a terceira conclusão, esta, porém, pensando mais para frente, é que Dobbins se tornará o principal corredor do time em pouco tempo, sobretudo quando o veterano Ingram ir embora.
John Harbaugh afirmou que veríamos um revezamento de running backs carregando a bola no ataque em 2020. A ótima estreia do calouro escolhido na segunda rodada deixou isso ainda mais evidente: ele e Ingram comandarão o show, enquanto Edwards também terá suas oportunidades. Quando teve espaço para desenvolver suas corridas, Dobbins correu com força e decisão para quebrar tackles, lembrando bastante um jogador que foi ídolo nos Ravens não muito tempo atrás: Ray Rice.
Baltimore conseguiu uma vitória impressionante sobre um oponente que, no papel, tem cacife para brigar por playoffs. Claro que ainda é muito cedo, mas não vimos nenhum indício de que o melhor ataque de 2019 irá desacelerar nesta temporada; pelo contrário, vimos até uma perspectiva de crescimento com a adição de Dobbins e a grande atuação de Lamar. Os Ravens voltam a campo no próximo domingo à tarde, quando visitarão o Houston Texas no NRG Stadium.
