Belichick transforma Patriots via Draft

Com carência em quarterback, Bill Belichick teve paciência e capitalizou em Mac Jones – quarterback que tem piso alto de produção e casa com o sistema patriota. Com escolhas bem-feitas em termos de valor, os Patriots saem do Draft como um dos grandes vencedores

“Com campanha de 11-5, o New England Patriots ficou fora dos playoffs apenas pela segunda vez na Era Bill Belichick”. O problema assinalado em 2008 tem coincidências com 2020: em ambos os anos, Tom Brady não era o quarterback do time. Naquela longínqua temporada, Brady rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho na Semana 1 e perdeu o resto da temporada. Matt Cassel veio e não fez tão feio – mas, tal como 2020, a ascensão da AFC East fez com que New England se complicasse.

Curioso que em 2009, como resposta ao solavanco, Belichick fez um bom Draft. Daquele recrutamento saíram alguns titulares que seriam importantes na década seguinte, como Patrick Chung, Sebastian Vollmer e Julian Edelman. 2021 pode se provar um Draft igualmente importante após a ressaca do ano passado for embora.

1ª rodada (15): Mac Jones, QB, Alabama
2ª rodada (38): Christian Barmore, iDL, Alabama
3ª rodada (96): Ronnie Perkins, EDGE, Oklahoma
4ª rodada (120): Rhamondre Stevenson, RB, Oklahoma
5ª rodada (177): Cameron McGrone, LB, Michigan
6ª rodada (188): Joshuah Bledsoe, DB, Missouri
6ª rodada (197): William Sherman, OL, Colorado
7ª rodada (242): Tre Nixon, WR, UCF

Rumores pipocaram para todos os lugares com o título envolvendo duas palavras: quarterback e Patriots. Ao longo de toda a intertemporada acompanhamos a novela e era sabido que New England estava fazendo a lição de casa quanto aos cinco potenciais quarterbacks com nota de primeira rodada no Draft 2021. Como Trevor Lawrence e Zach Wilson eram carta fora do baralho e só faltava a formalidade de serem escolhidos por Jacksonville e NY Jets, Trey Lance, Justin Fields e Mac Jones foram os que sobraram.

Eram tremendos prêmios de consolação: em outros anos da última década, eles brigariam para serem os primeiros a serem escolhidos. Em vez de trocar para cima, gastando capital de Draft para tanto, New England ficou paradinho ali na 15ª posição – só acompanhando o desenrolar do Draft. A paciência, fruto doce de árvore amarga, acabou compensando.

Com a sua escolha original, New England conseguiu um quarterback que encaixa perfeitamente em seu sistema tático. Mac Jones é amplamente considerado um quarterback inteligente nas leituras defensivas e tem boa precisão em curta e média distância – evidenciado pelos 77% de passes completos no ano passado, número incrível até se considerarmos que estatísticas do college costumam ser inflacionadas. Como Belichick preza pela dinâmica de vestiário, é mais do que óbvio que não declara Jones titular já agora – mas dependendo do que acontecer no pré-temporada e primeiras semanas de 2021, Cam Newton pode ter o dissabor de ser substituído por um quarterback de Alabama, sua maior rival no college.

No segundo dia, Belichick e seu corpo diretivo também fizeram um bom trabalho. Christian Barmore era cotado para o final da primeira rodada e amplamente considerado como o melhor interior defensive lineman de uma classe que não empolgava tanto. Barmore ainda pode fazer algumas coisas melhor, como não abaixar tanto a cabeça e precisa ser mais consistente e mostrar com mais frequência o futebol americano que demonstrou na reta final da temporada passada.

Mas há boa perspectiva aqui e em termos de valor, é uma excelente escolha. O mesmo pode ser dito de Ronnie Perkins, EDGE de Oklahoma que saiu na terceira rodada para os Patriots. Embora New England tenha trazido Matt Judon na Free Agency, para além deste restava apenas Chase Winovich – ajuda, portanto, seria bem-vinda. Perkins tem uma excelente primeira passada, o que lhe ajudou a ter uma montanha de tackles para perda de jardas. Por outro lado, caiu no Draft por ter sido suspenso por seis jogos após cair no antidoping. É uma aposta válida, de toda forma.

As demais escolhas também contam com valor interessante. Veloz mas com pouco espaço amostral, Cameron McGrone pode ser bem lapidado; Rhamondre Stevenson é uma aposta válida considerando que não há titular absoluto no corpo de running backs patriota e Sony Michel não teve a opção de quinto ano ativada. Outro jogador de Oklahoma que foi suspenso, Stevenson é uma máquina de quebrar tackles e pode ser útil na red zone e em terceiras descidas curtas. Joshuah Bledsoe, por sua vez, traz consigo versatilidade por ter histórico como safety e também como cornerback.

Melhor escolha: 1/15, Mac Jones, QB: Depois do péssimo ano que Cam Newton fez passando a bola – chegando a ter mais interceptações do que touchdowns – uma competição era necessária. New England escolheu um quarterback na primeira rodada, coisa que nunca acontecera antes – também, pudera, com Tom Brady isso não era necessário. A escolha de Jones abre portas para o futuro e pode ter impacto já em 2021, dado que o quarterback tem piso alto de produção e “casa” com o sistema tático de Josh McDaniels.

Escolha mais questionável: Nenhuma. Há o temor por conta de Stevenson e Perkins já terem sido suspensos no College Football, mas por outro lado temos um histórico positivo de jogadores “andarem na linha” no Patriot Way. Ademais, são escolhas de terceira e quarta rodada. Se derem errado, não é como se tantas outras não tivessem dado. Belichick tomou um risco interessante comprando um bilhete por valor baixo – e pode lucrar no futuro.

Nota: Ótimo

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