Blackboard: A Árvore de Rotas dos recebedores

A evolução defensiva, visitada nos últimos dois textos (3-4 e 4-3), foi motivada pelas novas estratégias ofensivas que foram surgindo na NFL ao longo dos anos. Isto é óbvio, é uma terceira Lei de Newton adaptada para os esportes – para cada ação existe uma reação, de mesma intensidade e direção, mas sentido diferente.

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Particularmente, este início do 4-3 (ataques atacando o meio do campo que estavam vazios) foi só uma pontinha do quanto foram importantes novos playbooks para uma evolução defensiva. Como alguns leitores já devem ter observado, sistemas defensivos mais complexos foram surgindo mais e mais a partir da facilitação do jogo aéreo – começou a existir mais espaço para criação.

Só que antes de sairmos desenhando diversos sistemas ofensivos, argumentando quais características históricas marcantes de alguns sistemas fizeram efeito nas defesas e muito mais, é preciso começar no básico do básico: as rotas. São elas o coração do ataque e um recebedor que não sabe correr uma rota direito, bem, não chega nem na NFL.

”Odell Beckham Jr. correu uma rota post e o passe de Eli Manning foi perfeito no meio do campo. A jogada também estava cantada, com Beckham recebendo marcação simples em uma cover 2 – só foi preciso rasgar o meio do campo.” Alguma vez o leitor pode ter se deparado com tal situação e não conseguiu entender nada. O que é uma post? Por que o New York Giants usou esta rota? Quais outras opções havia e por que deu certo? O Pro Football traz para o leitor mais um texto do Blackboard, agora voltado ao ataque. Vamos falar um pouco mais sobre as rotas, mas antes é preciso aprender um conceito que facilita muito entender as formações ofensivas: o personnel (conjunto de jogadores).

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Mas o que é esse personnel?

Saber as posições empregadas no ataque em cada snap é importantíssimo para entender as pretensões ofensivas e defensivas no momento. ”São cinco wide receivers, nenhum tight end e nenhum running back em campo”. Esta é uma frase muito comum no esporte, porém existe uma maneira mais simples de passar a mesma informação: é o chamado personnel grouping (conjunto de pessoal/jogadores).
Como o leitor já deve estar acostumado, o ataque possui apenas cinco jogadores que podem atuar como recebedores e ao mesmo tempo em todas as formações é necessário que haja sete na linha  – sim, o quarterback também pode receber um passe, mas ele está em campo em todos os snaps e não conta para esta classificação – e eles variam entre tight ends, running backs e wide receivers. A denominação do personnel é através de números: o primeiro representa quantos running backs estão em campo e o segundo o número de tight ends. O número de wide receivers em campo será igual a cinco menos a soma dos dois números do personnel – super simples e descomplicado.

Um exemplo é na imagem acima. O Green Bay Packers conta com dois running backs e três wide receivers em campo. Logo, a equipe está no 20 personnel – dois running backs (primeiro número = 2) e nenhum tight end (segundo número = 0). Viu como é simples? Após entender esta denominação fica mais simples explicar as diferentes posições em campo e entender os sistemas ofensivos em si.

As nove rotas básicas

Para entender um pouco de qualquer playbook, dominar o conceito de rotas é fundamental. Obviamente, hoje em dia, existem diversos tipos – e abordar todos tornaria este texto insuportável. Apesar da diversidade, existe um consenso das nove rotas mais básicas que um recebedor deve saber. A árvore de rotas principais engloba nove tipos. As ímpares (1, 3, 5, 7) são aquelas que vão em direção a sideline e ficaram conhecidas como odd. Já as pares (2, 4, 6 e 8) cortam para o meio do campo e são conhecidas como even. Obviamente do lado esquerdo inverte-se a numeração: as da esquerda são as pares e as da direita são as ímpares. Não importa a direção nesta classificação e sim para onde está indo o recebedor. As nove principais rotas são (na ordem numérica): flat, slant, comeback, curl, out, dig (ou in), corner (ou flag), post e a go (ou fly). Elas levam essa numeração devido ser mais fácil comunicar o número do que o nome da rota. Quando no playbook existe a jogada ”nine-nine-nine” quer dizer que todos os wide receivers vão correr rotas fly – simples assim.

Cada uma dessas tem pontos fortes e pontos fracos, bem como a melhor e a pior cobertura que podem enfrentar. Neste texto, vamos se aprofundar um pouco mais sobre cada uma e, no final, contar um pouco sobre as rotas mais complexas que existem.

Rotas básicas

01 – Flat e 02 – Slant

As rotas flat e slant, normalmente, estão juntas nos playbooks ao redor da liga. A rota flat consiste, basicamente, do recebedor ”escorregar” para o flat sem grande avanço. A slant consiste dele fingir que vai para frente e, logo após, fazer um corte abrupto para o meio do campo com um ângulo de 45 graus.
Estas duas rotas são das mais usadas nos playbooks, principalmente aqueles focados em passes curtos. A slant, em particular, é uma rota dificílima de cobrir e extremamente versátil – pode ser usada contra qualquer tipo de cobertura (embora seja mais útil contra marcação individual). Para defender este tipo de rota o cornerback precisa deixar todo o lado de fora aberto, literalmente apostando que o recebedor correrá uma slant. Ela é extremamente utilizada em terceiras descidas curtas devido a sua alta chance de sucesso.
Como o leitor já deve imaginar as rotas fazem parte de um plano maior: as jogadas. Logo, durante uma partida, o que importa são as combinações. Este exemplo aqui é para te colocar um pouco dentro de como funciona essas combinações. Na jogada, os Cardinals utilizam o conceito de flat-slant.
A equipe está na 11 personnel e a defesa responde com a nickel defense. A ideia da jogada é básica: o slot receiver cai para o flat e o seu companheiro ao lado faz uma slant. Se a defesa estiver em algum tipo de cobertura, o nickelback vai marcar o hash (a região perto das marcas brancas no chão, tirando as chances de completar o passe para o recebedor aberto) e o cornerback vai marcar o curl (ou seja, a faixa intermediária de 5-15 jardas no lado externo do campo), deixando livre o flat. Caso contrário (e é o que ocorre), o cornerback vai marcar o lado externo, deixando toda a linha de passe aberta para a slant – e o passe é completo.
A slant torna-se mais difícil de ser completa quando existe um jogador marcando a hash ou um robber, porém continua sendo uma arma letal para terceiras descidas. Cover 1 ou 3 são mais preocupantes, visto que nestas formações normalmente existe um robber – já na cover 2 é mais raro existir um robber e, mesmo assim, ele pode jogar mais enfiado entre os safeties para evitar eventuais rotas in e/ou post. Já a flat é utilizada muito por running backs, pois esta é a leitura de checkdown do quarterback. Por ser ”a bola de segurança”, esta rota é extremamente utilizada em diversas combinações: flat-slant, flat-7, curl-flat e outras.

03 – Comeback

A rota comeback consiste do recebedor percorrer 10-15 jardas e fazer um corte abrupto de 45 graus para o lado de fora do campo e voltar correndo em direção ao signal caller.
Este é o lançamento mais complicado para um quarterback fazer. O tempo de passe, aliado com as chances do cornerback pular a rota e interceptar a bola, aumentam muito as dificuldades de fazer o passe. A rota comeback é extremamente utilizada contra cornerbacks que estejam marcando a distância. O segredo é que, no momento do corte, o recebedor consiga abrir uma separação do marcador – como no gif aqui.
A comeback é extremamente eficiente contra cover 1 e 3, visto que o cornerback deve proteger o fundo do campo, deixando a região a intermediária aberta para encaixar este tipo de passe. Contra a cover 2, principalmente zone, este tipo de rota torna-se extremamente perigosa. Como o safety marca o fundo do campo, o cornerback pode proteger desde o início da jogada o flat/curl, aumentando as chances da rota ser interceptada – e a defesa conseguir um pick six. Para marcações individuais, a agressividade do cornerback na linha de scrimmage normalmente é prejudicial para cortar a rota – marcações mais soltas tornam mais fácil a vida no quesito interceptar a rota.

04 – Curl

A rota curl consiste do recebedor percorrer 10-15 jardas e fazer um corte abrupto para dentro do campo, virando em direção ao quarterback – a preferência é que a bola já esteja no ar. A grande diferença para a comeback é que o recebedor não volta em direção ao quarterback – por isso o nome ser comeback.
Assim como na comeback, a curl, usada nesta jogada, é um jeito rápido e eficiente de bater marcações mais agressivas na linha de scrimmage – e as cover 1 e 3. Por causa da maior facilidade em fazer o lançamento e do tamanho dos recebedores hoje em dia, a rota curl é muito mais popular que a comeback. Também como na comeback, a cover 2 pode ser a grande inimiga – tanto no meio do campo quanto nas laterais – e as chances de ocorrer uma pick six devido a um erro de leitura são grandes. Marcações mais frouxas podem provocar uma interceptação da rota mais fácil, porém é preciso explosão do cornerback para ele defender o passe – seja interceptando ou não.

05 – Out

A rota out consiste do recebedor percorrer 5-15 jardas e fazer um corte de 90 graus para fora do campo. A partir do corte o recebedor deve olhar para o quarterback – que deve estar pensando em lançar para ele.
Na jogada, Tom Brady rapidamente detecta que o Chicago Bears está em uma cover 1 ou 3 (ele faz uma chamada na linha de scrimmage apontando para Chris Conte) e seu recebedor principal torna-se o wide receiver no strong side – rota em amarelo. Novamente, devido ao cornerback ser obrigado a guardar o fundo do campo, o recebedor ganha a vantagem de poder fazer um corte rapidamente e encontrar-se momentaneamente livre.

O lançamento da out é mais seguro do que da comeback devido a bola poder ir um pouco mais aberta – em direção a lateral. Isto a torna extremamente difícil de ser defendida – mas também complica muito a vida do recebedor. Rotas out são constantemente utilizadas em leituras de hi-lo e podem ser úteis contra qualquer tipo de cobertura – basta o quarterback ter a habilidade necessária para encobrir o marcador no flat/curl. Como a out e a comeback são parecidas, alguns ataques não gostam de utilizar um estilo ou outro – geralmente a mais abandonada é a out.

Uma rápida pausa para entender a importância da combinação das rotas em sistemas ofensivos

Antes de continuarmos, vale ressaltar aqui que o leitor pode ver como rotas bem combinadas podem criar um sistema inovador na liga – como foi no caso da West Coast Offense (WCO). Para quem não conhece este tipo de ataque, vai lá e veja o texto do Antony Curti sobre o assunto. Em pouquíssimas palavras, a WCO era baseada em passes curtos que, de vez em quando, eram mesclados com passes longos para deixar a defesa honesta. Após a Mel Blount Rule e o incentivo ao jogo aéreo, Bill Walsh montou um esquema que não dependia tanto da força do braço dos quarterbacks, mas sim de seus cérebros – e da agilidade dos recebedores. Vale lembrar que mesmo com a Mel Blount Rule as defesas ainda eram muito agressivas com os recebedores e os árbitros marcavam poucas faltas – principalmente em lançamentos longos.

Logo, colocar a bola na mão do recebedor e fazer ele correr faz muito mais sentido do que longos lançamentos a todo momento. Se aprofundando um pouco mais, os sistemas defensivos daquela época não eram baseados em safeties que conseguiam trocar de posição a qualquer momento, mas sim em clássicos strong safeties e free safeties – em uma explicação rápida, o hard hitter e o ballhawker. O motivo é que o jogo terrestre ainda era uma forte tradição na liga e muitas equipes traziam o seu safety para jogar no box – Joey Browner e Ronnie Lott são dois exemplos rápidos.
Assim, as defesas estavam acostumadas a jogar em cover 1 e cover 3, com os cornerbacks tendo responsabilidades no fundo do campo e marcando mais a distância – facilitando os passes curtos. Mas Lott, Browner e outros também tinham interceptações e também jogavam em cover 2, algumas vezes. Para evitar a defesa só jogar em cover 2, a WCO explora também passes em profundidade esporádicos, como rotas go e post – tudo querendo atacar o espaço entre os dois safeties. Como já deu para ver, o sistema foi montado de uma maneira inteligentíssima e até hoje é a base da maioria dos ataques da NFL – como do Minnesota Vikings, por exemplo. Entender como funciona as rotas vai além de entender apenas jogadas: você entende sistemas ofensivos, coberturas e sistemas defensivos. Resumindo, é um conhecimento essencial para se aprofundar no futebol americano.

06 – Dig (In)

A rota dig consiste do recebedor percorrer 5-15 jardas e fazer um corte de 90 graus para dentro do campo. Assim como na out (que é um espelho dela para fora do campo), o recebedor deve olhar para o lançador no momento do corte.
Esta jogada aqui foi escolhida para mostrar que algumas rotas são enfeitadas (para dificultar a marcação da defesa), mas mesmo assim o conceito principal continua sendo de uma das rotas básicas. Na jogada, A.J. Green faz a menção de correr uma out e volta para o meio – completando a in. Este passo de lado de Green faz com que o safety dê um passo para fora do campo e fique totalmente fora da jogada – facilitando a recepção da estrela do Cincinnati Bengals.
A dig, junto com a curl e a flat, são as rotas mais presentes nas jogadas da maioria dos ataques. A rota in é bem eficaz contra a cover 2, visto que cobre aquela faixa de campo entre o linebacker e o safety – ela foi um dos motivos para a Tampa 2 ter surgido. Contra a cover 3 e a 1, a dig torna-se extremamente perigosa para o recebedor: além do safety poder fechar na marcação e conseguir a interceptação, o recebedor pode tomar um baita hit e se machucar.
Como a dig chama muita atenção da secundária, ela é combinada constantemente com rotas mais no fundo do campo – como a fly e a post. Normalmente recebedores que estão na slot (ou o tight end com as mãos no chão) que fazem uma dig.

07 – Corner (Flag)

Se você é um old school muito provavelmente conhecerá a rota corner como flag. Este tipo de rota consiste no recebedor percorrer 15-25 jardas e fazer um corte de 45 graus para fora – assim como nas rotas acima, ele deve olhar para o quarterback logo após o corte.
Este exemplo mostra diversas vantagens da flag, tanto devido ao estilo de marcação quanto a cobertura empregada. Como dito no início deste tópico, a rota flat está presente em diversas combinações de rotas. Acima, foi selecionado a flat-7, que combina a flat com a rota 7 – assim como no exemplo da dig, a corner está um pouco enfeitada em seu início, mas a essência continua a mesma. A flag é bem eficiente contra o famoso bump-and-run (como o que Antonio Cromartie está executando) e também contra a cover 1 (ou 3). Como Cromartie está pressionando na linha de scrimmage, Peyton Manning sabe que seu recebedor (Demaryius Thomas) dará um passo para dentro antes de começar a correr a sua rota – o princípio da flat-7 envolve este cruzamento do slot receiver com o wide receiver. Com o passo para dentro e o corte, o cornerback fica totalmente fora de posição para evitar o passe completo – e precisa segurar Thomas.
Mesmo assim, o recebedor completa a sua rota e consegue fazer uma bela recepção – o passe de Manning também foi perfeito. A flat-7 é ainda mais eficiente contra a cover 2 (em especial a Tampa 2) do que contra a cover 1 devido a colocar pressão em cima do cornerback. Se ele ficar marcando o flat, a bola vai no curl – para o recebedor que está completando a corner. Caso contrário, a bola vai no checkdown – e garante uma boa quantidade de jardas após a recepção. Lembre-se que o safety vai ter uma responsabilidade no fundo do campo, logo ele não vai conseguir ajudar o cornerback na faixa intermediária – deixando um espaço para ser explorado.
O passe do quarterback é quase tão difícil quanto na comeback, porém o trabalho mais complicado fica por conta do wide receiver. Esta bola deve ir em direção a lateral e a recepção pode ter que ser feita no limite do campo – assim evita-se qualquer possibilidade de ocorrer uma interceptação. A flag também pode ser combinada com leituras hi-lo, rotas post, fly e, até mesmo, uma dig – ela é constantemente associada com estas combinações de rotas longas.

08 – Post

A rota post é a mais usada para criar diversos tipos diferentes de jogadas. Devido a sua característica de atacar o safety no fundo do campo, a post pode ser combinada com a dig, corner, curl, fly e mais tantas outras. Ela consiste no recebedor percorrer 15-25 jardas e fazer um corte de 45 graus em direção ao meio.
A rota post é extremamente prolífica contra a cover 2 e a quarters. Nesta jogada, o Houston Texans está na cobertura quarters e dá para ver a força da post. O cornerback fica atrelado ao seu lado do campo graças a uma dig que está indo na sua direção. Com isso, Jeremy Maclin ataca o espaço entre o safety e o cornerback (ela também ataca muito o espaço entre safeties na cover 2) e Nick Foles fica com um espaço enorme para completar o passe.
Este é o principal motivo da post sempre estar presente: ela ataca os espaços no fundo do campo. Contra a cover 3 (ou 1) a post é bem mais ineficiente, visto que o single high safety tem mais facilidade em marcá-lo – mesmo assim pode ser utilizada para chamar a atenção e abrir espaço para outras rotas.

09 – Go (Fly)

A nine route é a mais simples de todas, conquanto uma arma letal na maioria dos playbooks. Se engana quem pensa que a go só é utilizada em situações de desespero ou para ganhar 30-40 jardas: ela é uma arma constante dentro da red zone. Four verticals, hi-lo, 999 e tantas outras jogadas são fundamentadas nesta rota simples: o recebedor não faz nenhum corte, apenas corre em linha reta.
Nesta jogada é possível notar o quão eficiente pode ser a rota fly contra uma cover 3 (ou 1). Como o safety fica ocupado com o meio do campo, o recebedor está no mano-a-mano com o cornerback – e em grande vantagem. Já contra a cover 2 sua eficiência diminui, mas ainda é significativa.
A fly não existe apenas nos cantos do campo. Ela também pode ser utilizada pelo meio (é o princípio da four verticals) tanto por um tight end, running back ou slot receiver. Quando utilizada pelo meio do campo, alguns chamam a go de rota seam – o objetivo é o mesmo.
Esta é a árvore básica das diversas rotas que um recebedor pode fazer. Claro que existem inúmeras outras, mas todas têm como base estas nove. Vamos abordar as mais comuns de se ver.

Outras rotas

10 – Wheel

A rota wheel consiste do recebedor fingir que vai correr uma flat (no caso do running back seria uma rota swing) e, de repente, dispara para o fundo do campo.
Esta rota é perfeita quando explorada na man coverage. Neste caso, o running back será marcado por um linebacker e facilmente ganha na velocidade. Para a jogada ser bem sucedida, o quarterback precisa lançar um lobby pass, encobrindo o marcador do seu recebedor e caindo no colo do mesmo. A wheel é uma rota bem efetiva apenas contra marcações individuais – que é quando aparece os matchups favoráveis.

11 – Double Move (Chair)

Existem diversas rotas de double movestop-n-go, out-n-go, in-n-go, etc. – e elas são muito efetivas contra a zone coverage (e marcadores desatentos). O leitor já deve ter cansado de ver touchdowns resultados dessas rotas: o recebedor finge que vai para um lado (ou que vai parar) e volta a correr em linha reta.
Neste exemplo, note como um passo para o lado do recebedor acaba por fazer o safety dar um passo em falso – e ele não consegue se recuperar mais. A vantagem de rotas double move é que podem ser usadas contra qualquer cobertura, contudo dependem do marcador estar desatento no lance – ou seja, não esteja esperando.

12 – Fade

A rota fade é quando o recebedor vai correr uma rota go, porém evita o contato na linha de scrimmage correndo mais para a lateral. Para a jogada dar certo, o quarterback precisa lançar um lobby pass por cima do marcador – assim como na wheel route.
Muitos pensam que a fade só é usada na end zone para um grande recebedor. Sim, ela é geralmente utilizada nestas condições, conquanto está presente também em outras jogadas – como neste belo passe de Carson Palmer. A fade é muito efetiva quando o recebedor encontra-se em uma ilha com o marcador – nunca é prudente o quarterback lançar a bola no meio da marcação dupla.

13 – Shallow cross (Crossing)

A rota crossing é caracterizada quando o recebedor cruza o campo a uma distância de 3-5 jardas da linha de scrimmage. Após cortar para o meio, o recebedor deve olhar para o quarterback e esperar o passe – deve ser a sua frente para que ganhe jardas após a recepção.

A rota shallow cross é muito eficiente, como nesta jogada, quando não existe um robber e a defesa está em marcações mano-a-mano. Sua utilidade é grande em terceiras descidas, visto que o recebedor vai apostar corrida com o marcador – ainda mais se o marcador estiver jogando off. Além disso combinações de rotas podem criar um tráfego no meio do campo, deixando o recebedor livre para conquistar o avanço necessário. A shallow cross está presente em diversas combinações de rotas, como a mesh, crossing-slant e muitas outras. Extremamente versátil e seguro para os ataques em situações de conquista de poucas jardas. Quando as defesas não estão em marcações individuais, mas sim por zona, a eficiência da crossing diminui drasticamente.

14 – Screen pass

Talvez o screen não seja tão associado com rotas, mas sim com o estilo da jogada. Mesmo assim, vale destacar o trabalho do recebedor principal. No screen pass, o jogador que vai fazer a recepção faz uma rota curta – normalmente em direção ao flat. O segredo do sucesso não mora na rota, mas sim no papel dos jogadores de linha ofensiva.

Para uma jogada, como nesta jogada, de screen ser bem sucedida, o ataque precisa esconder ao máximo a jogada que planeja no momento – até mesmo após o snap. O screen pass tem a sua essência nos jogadores de linha ofensiva saírem de sua posição e oferecem bloqueios ao recebedor – neste caso o running back. Note na jogada acima que até mesmo o tight end (rota em azul) faz uma in, disfarçando o screen e fazendo com que a defesa se posicione normalmente. A linha também faz um bloqueio inicial (para desacelerar o pass rush), contudo os dois guards e o center oferecem os bloqueios para Eddie Lacy – que só vai parar na linha de três jardas do campo de ataque. O screen pass pode ser trabalhado com qualquer recebedor em campo: running backs, slot receivers, tight ends e wide receivers. Também existem diversas variações, como o bubble e o jailbreak. Apesar de tantas variações, sua essência é a mesma do mais tradicional (que é o apresentado aqui): colocar a bola na mão de um playmaker (com bloqueios disponíveis) para que ele conquiste jardas após a recepção.

Outras rotas

Existem mais diversos tipos de rotas: swing, whip, stick, spot, smash, sluggo, shake, hitch, deep cross, angle, split, shoot, V, M, tab, drive, slice, skinny post (ou bang 8), dart, stab, drag e mais algumas não tão conhecidas. Apesar da quantidade absurda de rotas, elas acabam sendo uma mistura destas nove rotas básicas que cobrimos com mais detalhes. Por enquanto conseguimos cobrir aspectos extremamente básicos defensivos e ofensivos, mas que fazem muita diferença para entender algo mais complexo – como sistemas defensivos e ofensivos. Nos próximos textos vamos começar a aprofundar um pouco mais no conhecimento de futebol americano, principalmente dissecando sistemas ofensivos e defensivos ao redor da liga.

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