Blackboard: Princípios da Marcação Defensiva por Zona

O Pro Football anda meio esquecido? Não lembram que falaram de coberturas na semana passada? Claro que lembramos, caro leitor, mas a intenção deste texto é outra: se aprofundar ainda mais nas coberturas defensivas.

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Apesar da defesa possuir um range pequeno de classificação de coberturas, as possibilidades são imensas. E sem se aprofundar realmente, fica difícil poder acompanhar o que o jogador deveria estar fazendo quando o passe foi completo. Com a intenção de enriquecer ainda mais o conhecimento do leitor, nada melhor do que se aprofundar de vez no quesito das coberturas.

Como explicamos no primeiro texto da marcação individual (que também fala sobre a postura na hora de marcar), o primeiro texto sobre coberturas serviu para dar um panorama geral sobre o assunto. Quem não conhecia a cover 2 ou a cover 3 conhece agora, mas precisa entender como executá-la. Afinal, não dá para apreciar o xadrez sem entender as jogadas possíveis no xadrez, certo?

Um pouquinho mais sobre a marcação por zona

Para quem não quer mudar de aba e ver o texto sobre coberturas que fizemos, esta foi a descrição que demos para a cobertura por zona:

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Antes de falar especificamente sobre as coberturas é necessário destrinchar o que é estar no mano-a-mano e em zona, bem como as vantagens e desvantagens de cada um.

O nome da marcação já denuncia o que ela é. […] na zone cada marcador é responsável por uma faixa do campo. Isto torna os dois bem distintos e sendo úteis para aplicar em situações diferentes.

A marcação zone permite com que todos os defensores prestem mais atenção no quarterback adversário, limitando a sua movimentação e aumentando as chances de interceptações ocorrerem. Ao marcar em zona eles estarão olhando para o quarterback. Além do mais, os defensores cansam menos pois ficam limitados a uma região do campo. A grande desvantagem fica por conta das falhas de cobertura (locais que não existem jogadores por perto) e defensores perderem o recebedor de vista – assim como uma quantidade maior de jardas após a recepção. A vantagem é poder confundir o signal caller adversário e dificultar a sua leitura, podendo aumentar a geração de turnovers.

Aqui vale ressaltar um ponto muito importante entre a diferença de coberturas: algumas marcações de zona tem o conceito de ceder jardas mas evitar big plays – o famoso bend but don’t break. Ceder passes curtos e ganhos de 2 – 5 jardas em um lance não é tão prejudicial, logo uma marcação por zona, que garante que alguém fará o tackle, torna-se muito mais atraente. Se a intenção é evitar o passe completo, na maioria dos casos marcações individuais são a melhor opção. Lembre-se: assim como no xadrez, no futebol americano é preciso pensar bem antes de tomar qualquer decisão. Não dá para jogar a partida inteira em zona ou em marcação individual: é preciso mesclar para tornar as suas ações imprevisíveis para o adversário.

Vale ressaltar que existe diferença na técnica utilizada pelos jogadores na cobertura se a marcação é individual ou por zona. No caso de uma marcação com robber, por exemplo, o cornerback vai estar dando o lado das hash marks para o recebedor, visto que vai ter ajuda do linebacker ou safety que estiver por lá. O trabalho do footwork também vai mudar tremendamente de uma cobertura para outra: o cornerback vai estar mais interessado em evitar um passe longo na cover 3 e vai recuar mais do que se estivesse em uma marcação individual. Como deu para notar, a marcação individual precisa de muito mais técnica, enquanto a marcação por zona exige muito mais disciplina e leitura de jogo. Além disso, marcar por zona exige muito mais capacidade em realizar os tackles, visto que o objetivo é manter o recebedor sempre em sua frente e ser rápido no tackle – o famoso conceito de bend but don’t break.

Tipos de zona

Como o leitor deve imaginar, só há dois jeitos de jogar em zona: ficando no mesmo lugar ou poder alternar para uma marcação individual ao longo da jogada. E cada um desses tipos de marcação em zona possui um nome:

  • Spot dropping: É o mais intuitivo (drop = recuar, spot = ponto). Antes da jogada cada jogador possui um lugar pré-determinado que ele precisa cuidar.
  • Pattern match: Visando evoluir o conceito de spot dropping, no final da década de 80 foi desenvolvido o pattern match. Ele consiste em cada jogador ter uma leitura bem específica durante a jogada com relação ao que o recebedor vai fazer. Dependendo para onde for, o marcador muda de zona para marcação individual e fica com o alvo até o final da jogada. Nós já falamos um pouquinho sobre esta técnica incrível e ainda vai ter mais um texto sobre isso nos próximos dias.

Como o pattern match merece ser coberto especialmente em um outro texto (devido a ser uma tendência forte para os próximos anos na NFL), vamos nos ater um pouco mais no spot dropping e em como a marcação por zona é muito mais difícil do que parece.

Então é mais fácil jogar por zona?

Quem acompanhou o último texto pode pensar: oras, mas jogar em marcação individual é muito mais difícil. Isto não é verdade. Os dois esquemas possuem dificuldades distintas: enquanto na mano-a-mano o desafio é físico, na zona o desafio é mental.

Jogar em zona, principalmente no spot dropping, exige saber muito mais sobre o que está acontecendo em campo. Como já mostramos, a própria técnica do bump and run muda de acordo com a cobertura que está se executando. Obviamente que a técnica também vai mudar. Se o cornerback está em cover 3, ele vai jogar para fora cuidando do fundo do campo – ele vai ter ajuda no meio. Em cover 2, o seu objetivo vai ser marcar curl, out, comeback flag, logo sua preocupação em ser queimado em velocidade diminui bastante.

Apesar da exigência física ser menor, a mental cresce muito. O principal motivo de alguns cornerbacks não conseguirem jogar em zona (tipo Nnamdi Asomugha mostrou quando saiu do Oakland Raiders para ir ao Philadelphia Eagles) é que é preciso saber o que está acontecendo a sua volta. Caso a sua zona esteja livre de jogadores, o mais correto é ir atrás de alguém para marcar – em vez de ficar sem fazer nada. Um exemplo clássico é o de Richard Sherman contra o Atlanta Falcons nos Playoffs de 2012.

Note que Kam Chancellor muda o lado da jogada e ele vai ficar como single high safety no cover 3, com o seu companheiro indo para a slot. A responsabilidade de Sherman na jogada e começar jogando para fora do campo, visto que ele vai ter ajuda de Chancellor. Só que durante a jogada o safety se perde e Roddy White rasga o meio do campo com uma post. O que Sherman faz? Ele abandona a sua zona e vai atrás do wide receiver, tentando dificultar a recepção. Compare com Asomugha (o cara da imagem que ilustra o texto), por exemplo: ele ficava apontando o dedo direto para Nate Allen e esquecia que boa parte do princípio da marcação por zona é saber realizar o jogo mental.

Antes de partirmos de vez para as coberturas em si, na semana que vem vamos falar um pouquinho mais sobre a marcação individual e suas técnicas. Além disso, faremos uma introdução sobre os subpackages, mais especificamente sobre a formação nickel.

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