Arizona era muito questionado no início da temporada, mas, hoje, com Carson Palmer saudável, é um dos principais candidatos ao Super Bowl. Desde o ano passado acontece a mesma novela: os Cardinals são esquecidos pelos torcedores quando estes relacionam seus contenders para o grande jogo. Um time que não agradava a maioria e que por muitas vezes pareceu carecer daquele algo a mais que os favoritos possuem, hoje mostra força e demonstra capacidade para dar um passo adiante na sua história. Comandado pelo excelente Bruce Arians, Arizona, quando conta com seu quarterback saudável, é muito sólido. Tanto ofensivamente quanto defensivamente, o time consegue se sobressair dentro das quatro linhas. Analisando as estatísticas de 2014, assim como as da temporada 2015, percebe-se que a diferença que Palmer faz não é restrita somente ao ataque aéreo. Jogo terrestre, defesa; Palmer faz bem pro time inteiro, e já provou ser o algo a mais que Arians precisa para guiar a equipe.
Primeiro analisemos o desempenho defensivo. Em 2014 Arizona venceu todos os seis jogos em que Palmer jogou. Nesses seis jogos, a defesa cedeu em média 324.6 jardas e 16.8 pontos por jogo. Nos outros dez em que o quarterback não esteve presente os Cardinals somaram cinco vitórias e cinco derrotas, cedendo 394.3 jardas e 19.8 pontos por jogo. Esses números não se dão somente por um declínio da defesa. Muitas defesas cansam com o passar do jogo – e da temporada – e perdem em rendimento. Quanto mais uma defesa ficar em campo, mais vulnerável ela ficará. Sendo assim, o tempo de posse de bola se torna importante não somente para o lado ofensivo, mas também para o defensivo. Ano passado, com Palmer, o time de Arizona ficou com a bola aproximadamente 33 minutos por jogo, deixando a defesa em campo por somente 27. Já com ele ausente, esses números praticamente se invertem: 28 no ataque e 32 na defesa. Esse é o primeiro ponto em que Palmer, e qualquer outro jogador ofensivo que seja efetivo, ajuda seu time a ganhar: ficar com a bola mais do que o adversário.
Obviamente que não foi só a defesa o problema – sem dúvida que o ataque foi o principal. Aliás, como dito anteriormente, muitos dos problemas defensivos vieram pela ineficiência ofensiva. Com Palmer, Arizona teve em média 359.8 jardas (271.0 aéreas), 2.5 touchdowns, 0.5 interceptação e 25.8 pontos por jogo; além de um rating de 95.6. Já nos dez jogos sem Palmer esses números caíram para 297.7 (227.3), 1.1, 0.9 e 15.5; com rating de 72.5. Quase 60 jardas e dez pontos por jogo é uma diferença muito grande, que fez com que o time caísse de produção e caísse fora ainda no wildcard. Esses números demonstram também o porquê da defesa ter sofrido e jogado tanto sem seu quarterback titular, pois com o ataque sendo insuficiente para manter a bola, a defesa teve que aparecer muito mais. Não somente o time como um todo sofreu com a ausência de Palmer. Larry Fitzgerald, um dos melhores wide receivers da história da liga, teve uma das piores temporadas da sua carreira e viu seus números de recepções, jardas e touchdowns despencarem sem alguém no mínimo razoável para lançar a bola. Com o quarterback titular ele rendeu muito bem, conseguindo 5.3 recepções e 80.5 jardas por jogo. Como todo o resto do ataque, o wide receiver viu esses números caírem para 3.1 e 37.6. Nem um dos melhores da história conseguiu sobreviver a um ataque tão fraco e previsível.
Agora, em 2015, restando apenas um jogo na temporada regular e com o quarterback titular saudável durante toda a campanha, Arizona encontrou novamente o caminho das vitórias – ou massacres, como preferirem. Carson Palmer vai tendo uma temporada digna de MVP, com 4,542 jardas aéreas, 34 passes para touchdown e apenas 10 interceptações.Larry Fitzgerald parece ter rejuvenescido anos, contabilizando 103 recepções para 1,160 jardas e 8 touchdowns – sua melhor temporada desde 2011. No jogo terrestre, Chris Johnson foi contratado sem muitas expectativas, mas acabou por conseguir 814 jardas terrestres até a semana 12, quando se lesionou e foi colocado na injury reserve, ficando disponível para retornar somente em caso de Super Bowl. Com Chris fora, foi a vez de outro Johnson aparecer, o calouro David. Desde que assumiu a titularidade, David Johnson vem destruindo adversários, chegando a atingir 229 jardas totais e três touchdowns terrestres no duelo da semana 15 contra o Philadelphia Eagles. Além destes, outros jogadores vêm fazendo a diferença no ataque. É o caso dos wide receivers John Brown (61 recepções, 958 jardas e sete touchdowns) e Michael Floyd (51 recepções, 833 jardas e seis touchdowns), que formam um grande complemento no ataque aéreo. A linha ofensiva também demonstra melhora, sendo alavancada pelos veteranos Jared Veldheer e Mike Iupati – importante free agentque foi contratado antes do início da temporada -, e se constituindo em um importante fator no sucesso da equipe. Com tantos destaques e talentos, o resultado não tinha como ser diferente: até aqui, o ataque lidera a liga em jardas totais e pontos por jogo, o que demonstra a facilidade ofensiva comandada pelo head coach Bruce Arians.
A defesa não é muito diferente. Mesmo perdendo seu coordenador defensivo das últimas temporadas, Todd Bowles, para o cargo de treinador principal do New York Jets, a unidade consegue segurar os adversários sempre que precisa. Com uma defesa bastante agressiva, a qual é uma das que mais se utiliza de blitz na NFL, as recompensas acabam por vir – mesmo as vezes sofrendo pelo excesso de agressividade. A linha defensiva é comandada por Calais Campbell e o pass rush pelo veterano Dwight Freeney, que também foi um jogador contratado com expectativas baixas, mas que está rendendo muito bem, já tendo sete sacks (três foram no jogo contra Green Bay). Mas o diferencial está nos polivalentes jogadores da secundária. O safety Deone Bucannon é excelente e sua posição em campo varia demais – consegue jogar na sua posição natural, mais adiantado como linebacker e até cobrir wide receivers em um alinhamento mais aberto. O também safety Tyrann Mathieu está fora do restante da temporada, mas quando esteve presente foi um dos melhores defensores de toda a liga, aterrorizando adversários com sua versatilidade. Por fim, Patrick Peterson é um dos melhores cornerbacks da NFL, dando mais estabilidade ainda para o sistema defensivo. É seguro dizer que a defesa, mesmo sem seu coordenador de outros anos, continua mantendo-se entre as melhores da liga.
Isso tudo não aconteceria se não fosse uma pessoa em especial: Bruce Arians. O treinador é um dos melhores na sua função e sempre consegue colocar seu time em condições de vencer. Arians ganhou dois prêmios de melhor treinador nos últimos dois anos, e o trabalho continua dando frutos: a temporada 2015 já é a mais vitoriosa da história da franquia na temporada regular, já tendo 13 vitórias – algo nunca antes atingido. Além disso, com as 11 vitórias da temporada passada, foi a primeira vez que Arizona viu seu time conseguir 11 ou mais vitórias em duas temporadas consecutivas. Para sacramentar um ano quase perfeito veio o jogo contra o Green Bay Packers, na semana 16. Com uma impressionante vitória por 38 a 8, os Cardinals deram seu último aviso para o resto da liga: estão forte na briga, e vai ser complicado os vencer. Tudo isso se deve a um competente time, que é formado e treinado por um head coach mais competente ainda.
Novamente as pessoas tinham dúvidas. E novamente a temporada foi excelente para esse bom time do Arizona Cardinals. Tendo um elenco bastante sólido e um dos melhores head coaches da NFL em Bruce Arians, Arizona sempre vai conseguir ser competitivo. Resta agora saber se Carson Palmer consegue manter o nível de atuação nos Playoffs, afinal, ele é a última peça necessária para que possam atingir o Super Bowl.






