Colin Kaepernick foi colocado na maior friendzone da história da NFL

A essa altura do campeonato – ou do pré campeonato, no caso – você já deve estar de saco cheio desse assunto. Bom, se te consola, é a primeira vez que eu escrevo sobre em quase um mês. Estava esperando alguns acontecimentos se desenrolarem antes de poder propriamente tecer alguns comentários.

O leitor de longa data sabe que eu odeio, com todas as forças, aquele tipo de quarterback que sai muitas vezes do pocket. Não é um conservadorismo sem motivo. O quarterback é a rainha/rei do tabuleiro. É ele que tem poder de causar mais danos na defesa adversária e ele que, caso punido, coloca o destino da equipe em xeque. Colocar essa peça importante em risco de tackle em campo livre para que cinco jardas sejam ganhas? Não me soa um risco plausível num dos esportes mais fisicamente exigentes.

Dito isso e não adentrando nos outros detalhes que me fazem ser fundador da International Association of Running Quarterback Haters, o ponto é que até não gostando do estilo de jogo de Colin, é inconcebível pensar que ele não esteja num elenco só por conta disso.

Dinheiro? Para começo de conversa, um jogador pode ser testado sem risco nos training camps de agosto. Isso é: caso ele seja cortado antes de setembro, o time não precisa arcar com o salário. E convenhamos: se os Dolphins podem oferecer 10 milhões de dólares – conforme reportado pelo Yahoo Sports – para Jay Cutler, não é como se Colin não valesse pelo menos metade disso.

Também não sou hipócrita. É óbvio que se ele fosse Tom Brady, não importará o quanto ele protesta ou deixe de protestar. Mas o nível de jogo apresentado é suficiente para que a desculpa apareça. O que não é um argumento plausível por si só quando lembramos que há 100 quarterbacks em camps no momento. Alguns são calouros não draftados. Alguns vieram até mesmo da Arena Football League. Colin é melhor do que pelo menos metade deles. Você tem que ser muito insano para não achar isso. Até eu, que sempre fui crítico dele, reconheço.

Há algo além.

Os exemplos de Baltimore e Miami, as duas equipes supostamente interessadas nele, explicam bem a situação.

No caso de Baltimore, Joe Flacco está machucado e não sabemos como ele volta na Semana 1. Ryan Mallett é o reserva e nesta semana já teve treino sendo interceptado cinco vezes e dando um mega xilique depois. Se os números de Kaepernick são semelhantes aos de Flacco (pode conferir) nos dois últimos anos, não dá para, do ponto de vista lógico, afirmar que ele não seria uma melhora em relação ao reserva Mallett. O técnico do time, John Harbaugh, sabe disso e ficou interessado. O general manager, Ozzie Newsome – que é ótimo – também. O dono do time, doador ativo do Partido Republicano, vetou. Ah, Curti, mas eles negaram que ele vetou! Gente, sério, vocês realmente acham que abertamente esse veto seria assumido? Não, né.

Já nos Dolphins, a situação é mais complicada. Outro quarterback está machucado lá, Ryan Tannehill, embora não saibamos a extensão do problema. No mínimo, ele deve ficar fora de setembro. No máximo (e é um ponto de vista plausível) ele – finalmente – deve operar o joelho e perder o restante da temporada. Mas Kaepernick não deve ser hipótese lá.

Para começo de conversa, Colin usou uma camiseta de Fidel Castro no ano passado. Jogou em Miami, ainda pelos 49ers, e foi vaiado. Por óbvio. A cidade possui extenso número de refugiados cubanos ou filhos/netos destes – que estão longe de serem fãs de Castro. Esporte envolvem muitos aspectos que permeiam a sociedade. Não dá para ignorar esse contexto. E ele foi levado em conta quando os Dolphins escolheram assinar com Cutler.

Não vou entrar no mérito do protesto – o qual ele disse que não fará mais – ou qualquer coisa do gênero. Isso cabe a você decidir.

O ponto é que Colin Kaepernick foi colocado na friendzone definitiva da NFL. Para boa parte das equipes, ele é bom jogador. Mas não o suficiente para que isso anule a bagagem do circo midiático e da torcida dividida ante suas posições políticas.

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