Como explicar o momento do Green Bay Packers?

Uma das coisas mais fundamentais nos esportes são as coisas inexplicáveis, como a sequência do Oakland A’s ou o 7×1 (imagens fortes, cuidado). Obviamente depois todos tentam entender o que está acontecendo, mas são as grandes surpresas que acabam deixando os fãs mais apaixonados ainda.

E um destes exemplos é o Green Bay Packers deste ano. Nós já falamos do playcall do Celso Roth da NFL diversas vezes, mas será que é só isso que faz a equipe estar 4-5 e com apenas 28% de chances de ir aos Playoffs? Ninguém mais tem culpa na história?

As lesões são importantes, mas não deveriam ser a desculpa

A máxima “next man up” é muito utilizada no futebol americano. Ela quer dizer que, em caso de lesão, o próximo deve entrar e manter o mesmo nível da unidade E isto não é o que acontece para Green Bay. Em 2010, o ano do Super Bowl, os Packers tiveram 14 jogadores na Injury Reserve – conte comigo os titulares: Nick Barnett (linebacker), Morgan Burnett (defensive back), Jermichael Finley (tight end), Ryan Grant (running back), Brad Jones (linebacker) e Mark Tauscher (offensive tackle). Qual a diferença para 2016? Eles não tiveram tantos problemas na linha ofensiva e na secundária!

No ano do Super Bowl apenas Tauscher (que já estava no final da carreira) se machucou no início da temporada e foi rapidamente substituído. Independente do que acontecia com os running backs ou até mesmo com Aaron Rodgers (olha a jamanta!), a fundação do ataque estava lá – e foi o que fez a diferença, além de ter Joe Philbin influenciando o Mike McCarthy.

De volta para 2016, compare com a situação do momento: a linha que iria começar a temporada era (da esquerda para a direita): David Bakhtiari (machucou-se na semana 10), Josh Sitton (foi navalhado da equipe), J.C. Tretter (fora desde a semana oito), T.J. Lang (machucou-se na semana 10) e Bryan Bulaga (o único sobrevivente!). Não há como sobreviver com tantos problemas assim, visto que a fundação ofensiva precisa de entrosamento para funcionar da maneira correta – assim como a secundária.

O problema de contusões também afetou diretamente a secundária: enquanto em 2010 foi “só” o Burnett que ficou de fora desde a semana quatro, em 2016 as baixas incluem a dupla Sam Shields e Damarious Randall – o que força o não-draftado deste ano LaDarius Gunter a jogar o tempo todo! Some isso a falta de pass rush (com Clay Matthews fora), o que explica o aumento em 10% das jogadas de blitzes (de 25% para 35%) e fica fácil entender o porquê da defesa de Dom Capers ter virado um queijo suíço. São 32 jogadas aéreas para mais de 20 jardas no ano (décima pior marca) e apenas 22 sacks. Muita blitz, pouca pressão e o resultado? Cede um rating médio de 101,4 para os quarterbacks adversários – quarta pior marca da liga.

Tudo bem que o rating não é uma estatística muito grandiosa, mas ela nos dá uma noção clara do que está acontecendo: Dom Capers não está sabendo lidar com as contusões. E isto afeta diretamente o ataque, criando uma bola de neve digna de se lançar no estádio. Aqui vale uma observação sobre o momento da carreira de Capers. Existem coordenadores que conseguem extrair o máximo de suas unidades mesmo com um talento prejudicado (estou falando com você Rod Marinelli) e outros que simplesmente precisam da ajuda de outros setores. Mesmo assim, acho que até mesmo com Marinelli esta unidade não funcionaria, visto que o ataque não vem contribuindo em nada dentro de campo.

A defesa põe pressão em um ataque que possui diversos problemas causados pelo playcalling (chega de falar disso) e pela linha ofensiva devastada (e sem running backs!). Como o time sempre está correndo atrás, McCarthy resolve abandonar o jogo terrestre muito cedo (os Packers só correram com a bola 202 vezes no ano, sexta pior marca) e lançar mais. Isto gera mais pressão no jogo aéreo e o desastre é inevitável: só contra os Colts foram cinco sacks. O ataque entrega a bola para o adversário, a defesa sofre big plays e o processo continua. Não dá para Aaron Rodgers ganhar a partida sozinho, de maneira nenhuma.


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Para todo problema complicado existe uma solução simples, rápida e totalmente errada

Está claro que é uma combinação de fatores absurdas que está fazendo com que os Packers estejam descendo morro abaixo – nem perto do jeito do Kiwi, parecem mais o queijo perseguido das corridas. Claro que nem tocamos nos pontos batidos porque fica claro o início do problema: as contusões. Independente da qualidade dos reservas, secundária e linha ofensiva precisam muito de entrosamento e unidades sem isto não vão para frente – que é o caso de agora.

A melhora da franquia será muito difícil antes da volta dos contundidos. Capers está enfrentando uma situação de se ficar o bicho come (sem blitzes os ataques vão sustentar longos drives) e se correr o bicho pega (tentar blitzes para pressionar vai ocasionar mais big plays e mais pontos). Novamente a franquia vai ter que confiar em seu ataque que não está bem, principalmente pela falta de equilíbrio e fluidez nas chamadas – um ponto velho a ser batido.

Por fim, a sorte dos Packers é que a NFC North está passando por um momento extremamente complicado. Os Bears respiram por aparelhos desde a lesão de Jay Cutler, os Lions sempre buscam emoções (eles estiveram atrás do placar no último quarto em TODOS os jogos) e os Vikings perderam quatro seguidas e estão sem muitas perspectivas de melhora por causa do ataque devastado por lesões. E Green Bay tem Aaron Rodgers, o que sempre os deixa na briga.

O 4-5, de alguma maneira, ainda mantém os Packers super vivos na disputa pelos Playoffs. Claramente tem muita coisa errada e é primordial começar ajustando o playcall e encarando a realidade: o ataque sem equilíbrio não vai a lugar algum. Após isso, o momento é de pensar defensivamente em como aplicar pressão sem perder eficiência na cobertura – o nome disso é a volta de Clay Matthews. É preciso cair na realidade e aceitar que o momento é extremamente delicado, principalmente defensivo, caso contrário a sequência de sete Playoffs consecutivos (a sequência mais longa da NFL) não será mantida.

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