Como Kyle Shanahan fez da formação shotgun a arma letal do Ataque Falcons

A primeira vez que um quarterback recebeu um snap em formação shotgun num Super Bowl foi apenas em 1970 (temporada 1969), na quarta edição do grande jogo. Len Dawson (Chiefs) recebeu aquele que seria o único snap nessa formação nos primeiros nove Super Bowls disputados.




Nos anos 70, a porcentagem de snaps em shotgun subiu para 3,9%. Nos anos 80, 12,8%. 18,7% nos anos 90, 25,9% nos anos 2000 e nesta década subiu para 60,4% (!!!). Curioso notar que o Atlanta Falcons está abaixo dessa porcentagem, com apenas 40% de snaps em tal formação. Mas, delas, 91% são passes. E os Falcons (perdão o trocadilho) VOAM quando nessa formação. Na pós-temporada, Ryan tem 40 passes completos de 47 tentados – 85,1% de passes completos, porcentagem absurda.

Como explicar? 

Em primeiro lugar, o impressionante é que a defesa ESTÁ esperando o passe (91%, como dito) e mesmo assim os Falcons conseguem dominar. Enfim, vamos à explicação: o primeiro motivo é que essa formação coloca os melhores jogadores do ataque de Atlanta em campo – especificamente quando estão em pacote 11, com 3 recebedores, 1 running back e 1 tight end. No caso, Jones/Gabriel/Sanu + Hooper (TE) e Freeman/Coleman (RB).

A combinação dos três recebedores vem sendo mortal. Jones foi o segundo em recepções da liga, Sanu fez recepção em 86,5% das bolas lançadas em sua direção desde a Semana 8 (líder da liga) e Gabriel é uma gigantesca ameaça em profundidade: ele tem 42,7 jardas de média em passes recebidos para touchdown.

Não obstante, os running backs não parecem ser atrapalhados pelo fato do time estar em shotgun. Porque eles estão recebendo passes a rodo também – algumas partidas, como a contra Denver e contra Seattle foram destaques nesse sentido. 10,2 jardas por recepção para os corredores quando o time sai de shotgun. Isso fala bastante.

E são tantas armas espalhadas que fica difícil de conter todas…

O princípio básico de defesas no futebol americano é que você tem uma quantidade limitada de recursos. No caso, são 11 jogadores. Pelo menos três deles precisam ir para cima do quarterback por pass rush, se não a vida do passador fica muito fácil. Sobram 8 na marcação, no mínimo. Como utilizá-los para neutralizar o time adversário? Eis a pergunta importante quando o oponente tem um ataque tão rico em armas como os Falcons.

Sim, Jones é a principal ameaça – mas isso não quer dizer que os outros recebedores não estão sendo usados. Julio tem 11 passes recebidos via shotgun nestes playoffs, Freeman tem 7, Sanu tem 6, Gabriel tem 6, Coleman 4, os tight ends têm 5 e os outros jogadores, uma. É muito alvo. E como todos são requisitados com frequência, fica difícil a defesa saber quem marcar.

Ter Gabriel em profundidade não significa dizer que Matt Ryan avacalha com passes longos Isso é importante de dizer. Gabriel é uma espécie de coringa do time: ele estica o campo, fazendo com que a defesa fique preocupada com isso. Assim ficando, abrem-se espaços para passes curtos. E Ryan doutrina. 2,20 segundos no pocket em média e 24-25 em passes até 5 jardas saindo da formação shotgun.

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Resumo da ópera: é muita arma, é muita jogada diferente e os recebedores são todos prolíficos. Como parar isso? Bom, pressionar Matt Ryan quando puder. O problema é que essas janelas (dados os passes rápidos) não acontecem com frequência. Saber quando mandar a blitz e a pressão é o mais importante no plano de jogo patriota para domingo.


“RODAPE"

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