Como os Falcons implodiram após 5-0 em 2015 e o que fizeram para melhorar?

Em 2015 o Atlanta Falcons se tornou a quinta equipe a começar com cinco vitórias e nenhuma derrota a não se classificar para a pós-temporada desde a mudança para calendários com 16 jogos, lá em 1978. Além disso, a equipe da Georgia não foi para os playoffs nas últimas três temporadas, a maior seca da equipe desde as oito temporadas entre 1983 e 1990.


A equipe entra em 2016 querendo reverter este quadro e mostrar que pode disputar o título da NFC South até o final. Matt Ryan teve mais uma temporada com mais de 4.000 jardas, a quinta consecutiva, mostrando produtividade e potencial de conduzir o ataque aéreo da franquia. Apesar de uma boa temporada estatisticamente, o camisa 2 aparentou não estar no seu melhor ano. No famoso eye test, o jogador teve dificuldades em mover o ataque em jogadas-chave, inclusive lançando interceptações no momentos cruciais em partidas, que, em algumas oportunidades, selaram a derrota dos Falcons.

Ryan contou ainda com a (grande) ajuda que atende pelo nome de Julio Jones na posição de wide receiver: o jogador liderou a NFL em jardas aéreas, recepções e targets. Para apoiar o ataque aéreo, a equipe precisa se redimir, do outro lado da bola, no pass rush. O Atlanta Falcons conquistou apenas 19 sacks, pior marca da liga e única equipe a não passar dos 20 – e havia investido num pass rusher via Draft, o sólido Vic Beasley. Apesar de contar com uma das melhores defesas contra o passe, sendo a segunda melhor da NFL em jardas cedidas para recebedores (2.089) e a segunda melhor em touchdowns aéreos cedidos (7), faltou pressão do front seven para incomodar os adversários e forçar a devolução da bola.

A ênfase da intertemporada, inclusive, foi trazer mais talento para o lado defensivo e opções para o ataque – incluindo a Mohamad Sanu, ex-wide receiver do Cincinnati Bengals, buscando alternativas para dividir a carga do ataque aéreo com Julio Jones – dado que Roddy White já tinha dado o que tinha que dar. Antes de mais nada, falemos sobre uma grata surpresa desse ataque, o jogo terrestre.

Devonta Freeman: ilusão ou solidez?

Se você analisar os dez líderes do jogo corrido em 2015, você certamente encontrará Devonta Freeman nesta lista. Depois de uma lesão do calouro Tevin Coleman, que chegou como uma nova opção para o ataque terrestre após o próprio Freeman não engrenar em 2014, o segundanista tomou o backfield de assalto e mostrou que poderia ter grande impacto.

No começo da temporada na qual conquistou seis vitórias e uma derrota, Devonta Freeman liderou a NFL em jardas corridas, com 621, e touchdowns terrestres, com nove. Isso mesmo: nove touchdowns terrestres em apenas sete partidas, uma média que, se mantida, bateria a marca de 20. Todavia, estes números caíram drasticamente nos nove jogos finais. Freeman caiu para uma média de 3.3 jardas por partida, 1.4 jardas a menos que sua média entre as semanas um e sete. Ademais, o jogador entrou na end zone apenas mais duas vezes.

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Para 2016, paira a seguinte dúvida: qual Devonta Freeman veremos? O das semanas 1 a 7 ou da 8 a 17? A bem da verdade, é bem provável que o volume do jogador caia. Com Tevin Coleman saudável e a dificuldade que o jogador demonstrou uma vez que as defesas entenderam a ameaça que ele apresentava, dificilmente Freeman será esse jogador explosivo que marcou presença na temporada de 2015. O backfield do Atlanta Falcons deverá ser um monstro de duas cabeças, com uma divisão de snaps entre Coleman e Freeman, aproveitando os reforços que a equipe buscou para a linha ofensiva, como o center Alex Mack e o guard calouro Wes Schweitzer.

Mais um ano de desenvolvimento defensivo

Dan Quinn entrará no seu segundo ano como head coach do Atlanta Falcons. Para 2016, devemos ver ainda mais a marca da defesa do Seattle Seahawks que ele coordenou entre 2009-2010, 2013-2014.


Para isso, o Atlanta Falcons selecionou o safety Keanu Neal na primeira rodada do Draft 2016 – o que muitos consideraram um reach, isto é, pegar um jogador cujo talento avaliado não compensa a altura no draft na qual ele é selecionado. Entretanto, Neal é um jogador que se encaixa na filosofia defensiva de Quinn: um strong safety veloz, mas que é capaz de bater como se um linebacker fosse, no melhor estilo Kam Chancellor. A habilidade de Neal em cobrir tight ends será um diferencial para a equipe nesta temporada vindoura. A chegada de um nome de talento para a posição era uma necessidade gritante para o Atlanta Falcons, considerando a perfomance de William Morre e Kemal Ishmael em 2015.

Na segunda rodada, a equipe selecionou o linebacker Deion Jones, de LSU – um reforço muito bem vindo para um front seven que necessitava de renovação e gás. O jogador é extremamente veloz, e sua chegada pode já contribuir para o esquema defensivo de Dan Quinn. Capacidade para cobrir os espaços e alcançar os jogadores com a bola é sempre positivo, e, apesar de análises mencionarem que o jogador erra muitos tackles e hesita em algumas jogadas, Jones pode ter um impacto positivo já chegando em Atlanta.

Ainda procurando reforços para o front seven, o outside linebacker De’Vandre Campbell foi selecionado na quarta rodada de forma a trazer companhia para Vic Beasley no pass rush. Ele é veloz, tem um grande alcance com os braços, apesar de faltar instintos para jogar a posição, conforme alguns analistas apontaram. Entretanto, sua seleção é uma aposta para o futuro; um “projeto” para que Dan Quinn desenvolva dentro da sua filosofia defensiva.

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Há quem defenda que o Atlanta Falcons deveria ter selecionado um jogador de linha defensiva, considerando a quantidade de talento que o Draft 2016 tinha na posição. Entretanto, podemos ver que o head coach conseguiu jogadores que encaixam dentro do seu estilo defensivo, sendo possível que a defesa dê um salto de qualidade, tal como o fez entre 2014 e 2015.

Desonerando Julio Jones

É fundamental para o desenvolvimento ofensivo da equipe que elas encontrem mais opções na hora de atacar. Em 2015, o ataque muitas vezes falhou em conquistar aquela primeira descida crucial pela falta de opções: ou era Julio Jones pelo ar ou Devonta Freeman pelo chão. Claro que um talento de primeira grandeza como Jones conseguia fazer e acontecer com a responsabilidade depositada nele, mas isso torna o ataque previsível. E este quadro precisa mudar em 2016.


A chegada de Mohamad Sanu é um passo nessa direção. O jogador ficou atrás de A.J. Green e Marvin Jones por alguns anos no Cincinnati Bengals, e terá a oportunidade de mostrar seu real valor como o número dois do Atlanta Falcons. Outra arma que pode ter um impacto é o tight end calouro Austin Hooper: a equipe carece de uma presença em passes curtos e médios desde a aposentadoria do lendário Tony Gonzalez. Considerando o quanto Jacob Tamme foi acionado em 2015, tudo indica que Matt Ryan continuará procurando o tight end para avançar as correntes do ataque; assim, Hooper pode ter um impacto já na sua primeira temporada.

É importante que a equipe consiga distribuir melhor a carga do ataque. Forçar a produção ofensiva em dois jogadores torna seu ataque previsível para as defesas e evita que os jogadores encontrem matchups favoráveis. É lógico: se a marcação dupla vir sempre, é mais difícil ver o jogador se sobressair. Trazer mais ameaças com potencial de impactar a produção ofensiva da equipe força as defesas a ficarem “honestas” em relação ao que seu ataque pode fazer, ao invés de simplesmente colocar marcação dupla no Julio Jones ou colocar oito homens no box contra Devonta Freeman.

Do lado defensivo, vemos que a intertemporada foi feita para que Dan Quinn ficasse confortável desenvolvendo sua filosofia defensiva. Era fundamental a vinda de novos nomes para o front seven, que, apesar de calouros, chegam com respaldo do treinador para serem desenvolvidos para otimizar o esquema defensivo de Quinn e dar um salto de qualidade ainda maior de 2015 para 2016. Pode não ser o suficiente para tomar a divisão para Atlanta – coisa que aconteceu pela última vez em 2012 – mas são passos na direção certa.

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