“Os dois lugares têm meu coração e os dois lugares têm pessoas em quem eu acredito”. Andrew Whitworth, um dos melhores offensive tackles da última década e que quase sem precedentes jogou em alto nível depois dos 30 e tantos anos, pode ter seu último jogo em casa, por seu atual time, contra seu antigo time. É difícil mensurar o que está passando na cabeça do cara. “Tudo como de sempre”, você pode dizer.
O problema é que a semana do Super Bowl é tudo, menos o de sempre. Perguntas aleatórias, questões mais focadas no lado humano. Mesmo que Whitworth esqueça quem está do outro lado, dificilmente os repórteres deixarão que ele esqueça. O sul de Ohio é onde o left tackle começou sua carreira e onde passou 11 anos. Nunca passei 11 anos no mesmo lugar, não tenho ideia de como pode ser. O mais perto que cheguei foi quando minha mãe teve a infeliz ideia de me mudar de turno na escola. Estudava de tarde e fui para a turma da manhã. Até me dei bem com eles naquele longínquo ano de 2000, quando estava na terceira série. Mas confesso que quando rolou uma excursão e a gente jogou queimada contra o pessoal da tarde, balançou. Tudo bem, você já sabe nessa altura do campeonato que eu sou piegas e que essas crônicas são mais exageradas do que deveriam. Queimada na terceira série? Sério, Curti?
Bom, tentei me colocar no lugar de Whitworth, mas acho que não chega nem 0,1% perto. Primeiro porque não foram 11 anos, segundo porque estamos falando de um atleta profissional que tantas vezes bateu na trave em Cincinnati. Em março de 2017, os Bengals seguiram em frente e Andrew também, assinando com o Los Angeles Rams. Com eles, chegou no Super Bowl LIII. Perdeu. Cogitou aposentar.
“Eu percebi o que esse jogo significa. Não dou a mínima se você vai para o Hall da Fama, se você foi para o Pro Bowl ou ganhou 20 Super Bowls. No final das contas, todos vocês vão morrer”. Com o coração dilacerado após a derrota para os Patriots, a declaração poderia indicar um estoicismo acima da média pelo left tackle. Mas o destino lhe pregaria a peça deste domingo. De todos os destinos finais naquela que deve ser sua última partida na carreira – afinal, ele tem 40 anos – logo os Bengals?
O coração de Whitworth certamente estará dividido. É claro que o time de Cincinnati é bem diferente daquele de 2016, último ano do jogador por lá; Ora, o quarterback protegido pela linha ofensiva é completamente diferente daquele que ele protegera, além de ser consideravelmente melhor. O resto do time, idem. Até o uniforme mudou. Mas, para ele, ainda será estranho olhar para o defensor alinhado em sua frente no derradeiro e mais importante jogo de sua vida. De todas as cores que ele esperava, as últimas seriam aquelas que devem dividir seu coração. O laranja, branco e preto que ele defendeu por uma década.
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