Criticar o ídolo de multidões é uma tarefa quase impossível. Naturalmente, ao fazê-lo, você vai desagradar alguém e mexer com o coração do torcedor. Esse coração, porém, foi mutilado por uma total falta de vontade do ídolo no último sábado.
Antes de tecer críticas mais contundentes, achei melhor esperar a poeira baixar e o luto do torcedor do Green Bay Packers – que merecia muito mais do que isso – baixar junto. O problema é que a potência das críticas foram catalisadas pelo resto que vimos nesse final de semana dos playoffs, discutivelmente as melhores semifinais de conferência da história da liga.
Joe Burrow tomou 9 sacks. Não se abateu, lutou e conectou com Ja’Marr Chase para a vitória. Tom Brady estava atrás por 27 a 3, cometeu dois turnovers mas mesmo assim empatou o jogo. Matt Stafford viu o tubarão sentindo sangue na água mas não abaixou a cabeça e conseguiu um passe miraculoso para Cooper Kupp no final do tempo regulamentar. Josh Allen e Patrick Mahomes dispensam apresentações numa troca de socos que lembra o final de Rocky II.
Aaron Rodgers, enquanto isso, esteve apático. Olhar perdido, procurando Davante Adams e quase nada mais. Perdendo alvos como não o faz de costume, como um possível touchdown para Allen Lazard que ficou no campo. Não creio que a derrota de Green Bay seja de sua exclusiva responsabilidade. Mas ao mesmo tempo, creio que o quarterback é um comandante mesmo quando não está em campo. Rodgers entrou com o semblante abatido para aquela que deveria/deverá/deve ser seu último tango em Green Bay.
Consigo entender o lado dele. Várias vezes não foi ajudado, várias vezes teve defesa perenes, várias vezes não teve uma última posse para tentar matar o jogo. Em meio a tudo isso, sua alma sucumbiu. Não é uma crítica às outras aparições em pós-temporada ou tampouco justifico as outras eliminações com isso. Mas a questão é que o contraste com os outros grandes quarterbacks do final de semana é muito grande. Não em talento. Mas em alma, vontade e tesão de Aaron Rodgers. Uma pena. Faltou tudo isso. Como vimos neste final de semana, para além do talento, nos playoffs a alma e o tesão contam.
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