Contratações no final de junho, ainda mais de quarterbacks, são atípicas na NFL. O Draft já passou, a Free Agency também. Mas 2020 é um dos anos mais atípicos da história: Tom Brady saiu do New England Patriots e tudo indicava que o quarterback do time fosse o vencedor da disputa no training camp entre Brian Hoyer e Jarrett Stidham. Um elemento a mais, então, foi adicionado: Cam Newton assinará contrato de um ano, 7 milhões de dólares com o New England Patriots de acordo com Adam Schefter e Chris Mortensen, repórteres da ESPN americana.
Por que a contratação só agora?
Como disse, estamos num ano pra lá de atípico. Entre as mudanças, viagens foram reduzidas – isso afeta diretamente a possibilidade de exames físicos antes de uma contratação. No caso de Cam, isso foi um tremendo complicador. As “últimas imagens” que tivemos dele foram terríveis: a partir da semana 10 de 2018 ele teve atuações péssimas e se computarmos o rating dele desde essa semana até hoje, ele está junto de Josh Rosen (Arizona, Miami) e Mason Rudolph como um dos piores quarterbacks da liga.
O que aconteceu? Num Thursday Night Football em que o Carolina Panthers entrou com campanha 6-2 e brigando pelo Wild Card da Conferência Americana, Newton sofreu com contato de vários adversários – o determinante para a lesão no ombro parece ter sido com TJ Watt, pass rusher do Pittsburgh Steelers. Depois disso, os números de Cam foram ladeira abaixo e os Panthers não tiraram seu quarterback de campo até o final da temporada. Na pré-temporada de 2019, então, ele acabou machucando o pé. Essa lesão foi a que tirou ele da temporada passada, com Cam tendo jogado apenas dois jogos (Rams, Buccaneers) e tendo atuações bem abaixo do esperado.
A última imagem foi o corte por parte do Carolina Panthers – que optou por assinar com Teddy Bridgewater, um quarterback com menos talento mas que está apto para jogo. Então, entre esse momento e agora, a incerteza reinou na carreira do MVP de 2015.
O que muda em New England e para Newton?
Acima de tudo, é importante dizer que Cam Newton chega para ser titular caso faça um training camp minimamente de acordo com seu talento e caso esteja saudável. A tendência é que esteja substancialmente mais saudável do que o ano passado, dado que para a contratação ele deve ter passado por exames físicos – que, agora, são mais possíveis que outrora pelo relaxamento das regras de restrição de viagens nos Estados Unidos.
Em termos táticos, Josh McDaniels deve fazer adaptações pra incluir mais jogadas nas quais Newton esteja fora do pocket – jogadas essas praticamente inexistentes no livro de jogadas do coordenador ofensivo com Tom Brady titular até o ano passado. Os recebedores dos Patriots, sobretudo N’Keal Harry, agora em seu segundo ano, terão mais pressão para performar melhor. Afinal, não será um Jarrett Stidham segundanista que passará a bola, mas um outrora MVP.
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Newton pode adotar uma postura mais conservadora em termos de contato. Ainda deve ser móvel, em tendência – até porque Bill Belichick sempre gostou disso nele e há tempos elogia o camisa 1 ex-Panthers. Mas contatos “estúpidos” devem ser evitados porque Belichick sabe da importância da saúde de um quarterback. Entre 2009 e 2019, excetuada a suspensão, Tom Brady começou todos os jogos dos Patriots como titular e teve apenas lesões leves que não impediram que ele estivesse apto para jogo.
Por fim, a AFC East fica ainda mais parelha que já estava. Afinal, não sabemos do estado físico de Newton e menos ainda sabemos como ele jogará após tanto tempo parado e na prática voltando de duas lesões. Bills e Patriots têm duas defesas fortes, os Dolphins estão arrumando a casa e Adam Gase finalmente deve ter Sam Darnold em 16 jogos. Será uma divisão pra lá de interessante nesta temporada. No final das contas, para New England, se Newton jogar como antes da lesão de 2018 o time tem totais chances de vencer novamente a AFC East e potencialmente até bater de frente com Baltimore Ravens e Kansas City Chiefs na AFC.
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