Curti: Cole Beasley, contra tackles e vacinas

Wide Receiver do Buffalo Bills vem posicionando-se na contramão das vacinas que imunizam contra a COVID-19. "Se eu precisar me aposentar, que seja", disse. Em contraste, os EUA têm quase metade da população totalmente vacinada e reduziu em 90% o número de mortes por dia desde o início da vacinação

O cornerback é uma das peças mais importantes de uma defesa. Sua essência é a proteção, espelhar a rota do wide receiver ou em dados momentos proteger um dado setor do campo na marcação em zona. Sua função é muitas vezes a antecipação ao que o adversário faz. Em certa medida, as vacinas atuam da mesma forma. De maneira típica, a vacina fornece ao organismo uma versão atenuada de um microorganismo para que ele crie anticorpos e caso a doença de verdade aparecer, o combate seja efetivo desde o primeiro momento.

Cole Beasley está acostumado a ir contra cornerbacks. Agora, o wide receiver do Buffalo Bills decidiu ir contra as vacinas. “Posso morrer de COVID-19, mas ao menos vou morrer vivendo”, escreveu o recebedor numa rede social. Falas negacionistas de Beasley ante as vacinas contra o novo coronavírus fizeram-lhe um protagonista contra os imunizantes. O recebedor decidiu agir dessa forma depois que a NFL publicou os novos protocolos para atividades em 2021 para o combate à pandemia.

Para quem estiver vacinado, não haverá obrigatoriedade do uso de máscaras ou distanciamento social. Toda e qualquer interação, como reuniões presenciais, estão liberadas entre pessoas que já tomaram a vacina. Ainda, caso haja exposição de um jogador vacinado a alguém contaminado, não haverá necessidade de quarentena. Ante o novo protocolo, Beasley rebelou-se contra a liga e o Sindicato de Jogadores. “A NFLPA [sindicato de jogadores] é uma piada”, disse no Twitter. “Tem que mudar o nome, não é pelos jogadores”, completou o recebedor.

Caso invista nas atitudes e falas negacionistas, Beasley terá problemas para atuar na NFL nesta temporada. Não será impedido de jogar e tampouco obrigado a se vacinar. Mas haverá um “soft power” da NFL em relação aos atletas para que haja um incentivo pela vacina. Jogadores que não tiverem tomado a vacina terão que manter o distanciamento social, serão obrigados a fazer o teste PCR todos os dias e restrições de viagem estão mantidas. Na prática, é como se Cole Beasley seguisse em 2020.

País vacinado reduz mortes em 90%

Os Estados Unidos são um dos países mais avançados em relação à imunização da população. 45% dos americanos já tomaram as duas doses de uma das vacinas disponíveis[foot]https://ourworldindata.org/covid-vaccinations?country=OWID_WRL[/foot]. Ao mesmo passo, o número de mortes/dia caiu vertiginosamente a medida em que mais pessoas foram sendo vacinadas. As primeiras doses foram aplicadas em meados de dezembro de 2020 nos EUA[foot]https://www.washingtonpost.com/nation/2020/12/14/first-covid-vaccines-new-york/[/foot]. Na ocasião, o país estava tendo 3 mil mortes por dia[foot]The New York Times[/foot]. Três meses depois, em março, o número já estava abaixo dos 1000 óbitos por dia. Hoje, com quase metade da população imunizada com as duas doses, os EUA têm 300 mortes por dia na média móvel. 10% do número de mortes que tinha na semana do início da vacinação.

Não é coincidência e isso também pode ser observado em outros países com vacinação avançada. 82% da população de Israel tomou duas doses e está imunizada[foot]https://en.wikipedia.org/wiki/COVID-19_vaccination_in_Israel[/foot]. Há uma semana o país não registra nenhuma morte[foot]The New York Times[/foot]. “Não vou tomar remédios para uma perna que não está quebrada. Prefiro minhas chances contra a COVID-19 e criar minha imunidade. Comer melhor, hidratar-se, fazer exercícios, fazer o necessário para ser um indivíduo saudável”. Há diversos exemplos que sugerem o contrário, porém. Um deles é o de Fábio Torrecillas, triatleta que tinha 40 anos e morreu devido a complicações da COVID-19. Torrecillas completou por três vezes o Ironman Brasil e treinava oito horas por dia, chegando a nadar 30 quilômetros.

Segundo Beasley, outros jogadores da NFL concordam com sua postura e posições, mas “não podem falar ao mundo” com ele. A NFL não pode obrigar alguém a tomar a vacina, embora pelo acordo coletivo trabalhista e acordo conexo com o Sindicato dos Jogadores, possa impor as medidas que acima ilustramos. O quarterback e líder do time, Josh Allen, disse em março que decidiria em tomar ou não a vacina de acordo com estatísticas sobre sua eficácia. Sobre a vacinação, o técnico do time, Sean McDermott, disse que a equipe está seguindo na direção certa. “Acredito que sabemos que em nosso país as coisas estão melhorando e isso, para mim, é uma correlação direta com o fato de que as pessoas estão sendo vacinadas”, falou. “Queria continuar a ver nosso time seguindo nessa direção, num aumento no número de pessoas vacinadas”, completou o treinador.

As repercussões para o ano de Beasley são complexas e difíceis de prever. Mas ao não estar vacinado, ele não poderia participar presencialmente de algumas reuniões e haveria as restrições de viagens. Caso o recebedor não esteja vacinado e tenha tido contato com alguém contaminado, poderia perder jogos – jogadores vacinados apenas serão afastados dos gramados caso estejam contaminados, em contrapartida. Num ano no qual o Buffalo Bills é o principal competidor ao Kansas City Chiefs na Conferência Americana, o ideal seria que o time. No ano passado, Beasley foi o segundo recebedor do time em jardas e touchdowns no jogo aéreo. “Se eu tiver que aposentar-me, que seja”, disparou o recebedor.

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