O mercado de Jameis Winston foi ficando cada vez mais raso a medida em que os dias se passaram em 2020. Primeiro, Winston não viu conversas de renovação com Tampa Bay – cujo técnico, Bruce Arians, nunca fizera questão de elogiar publicamente seu quarterback após a temporada. As 30 interceptações de Winston no ano passado – tendo chegado à incrível marca de começar quatro jogos com uma interceptação, recorde absoluto na história da liga – fizeram com que o jogador levantasse mais questionamentos do que certezas.
Adicionalmente, o histórico extra-campo de Winston não é dos melhores, como já se sabe desde os tempos de Florida State. Como consequência, o interesse das franquias beirou o zero. Tampa Bay virou Tompa Bay com a chegada de Brady e times carentes de quarterbacks acabaram se “arranjando”, como o Chicago Bears com Nick Foles e Miami/LA Chargers/Cincinnati via primeira rodada do Draft. Mesmo equipes que poderiam contar com Winston como reserva para o futuro, como o Indianapolis Colts, optaram por apostar no Draft em rodadas posteriores – com Jacob Eason, neste caso.
Então sobrou a Winston o quê? Apostar em si mesmo.
Field Yates reportou hoje que o contrato de Winston é de um ano e apenas 1.1 milhão de dólares – são 952 mil de salário base e só 148 mil dólares de luvas na assinatura de contrato. Há incentivos que podem melhorar o contrato – notoriamente no caso dele acabar jogando – e que injetam 3,4 milhões de dólares. Mas ainda é muito pouco considerando que ele fora titular na temporada passada.
Sim, eu sei: foram 40 turnovers. Mas Winston terá salário inferior ao de CJ Beathard, que é o terceiro quarterback do San Francisco 49ers. Mas não só: Warren Sharp listou no twitter aqueles que são reservas e com contrato de valor maior do que o de Jameis: DeShone Kizer, Chad Henne, Jeff Driskel, Ryan Griffin, Chase Daniel, Nate Sudfeld, Matt Barkley, Nathan Peterman, Cooper Rush, Colt McCoy, Matt Schaub, Case Keenum, AJ McCarron e o colega de Draft 2015, Marcus Mariota.
Por mais que Winston tenha sido uma metralhadora de interceptações no ano passado, ele pode ser considerado melhor e mais talentoso do que esses nomes. Até por conta disso – e para dar uma melhorada na imagem fora de campo – o ex-Buccaneer aposta em si mesmo. Com o 52º contrato na posição, Jameis demonstra claramente que seu objetivo agora não é pura e simplesmente ganhar dinheiro: mas, sim, aprender e se colocar numa boa posição.
Foi o que aconteceu. Winston aprenderá com Sean Payton, head coach do New Orleans Saints e uma das melhores mentes ofensivas dos últimos 15 anos. Na pior das hipóteses, deve ter mercado superior em 2021. A tendência é que ele não cometa mais problemas extra-campo (ao menos a humildade de aceitar tal salário demonstra essa mudança de mentalidade) e também porque a demanda por quarterbacks estará maior do que a do momento (escassa, para falar o mínimo).
No lado dos Saints, a contratação é formidável. Primeiro porque mitiga o potencial problema em dar 16 milhões de dólares para Taysom Hill. Segundo porque Winston é uma hipótese melhor do que Hill caso os Saints precisem de seu quarterback reserva como em 2019 precisaram. Terceiro porque… Cara, são menos de 2 milhões de dólares para o potencial melhor reserva da liga na posição de quarterback – custo a acreditar que Sean Payton permitiria tantas interceptações como ano passado, então podemos falar isso sem muito medo.
Winston tem talento. Tem problemas pra todos os lados também – dentro e fora de campo. Ao menos, ao não escolher ganhar 5 milhões como reserva em qualquer equipe – e, sim, topando receber bem menos com a oportunidade de aprender – há um indício forte de que ele amadureceu e quer mostrar isso. Que seja o que aconteça, de modo a ter 30 touchdowns de novo no futuro… Mas sem as 30 interceptações acompanhando.
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