Intensidade sempre foi a palavra de ordem quando falamos em Robert Saleh. Mas isso nem sempre se traduz em resultados. Um cozinheiro pilhado sem os ingredientes certos não vai a lugar algum. Se algum torcedor dos Jets sonhou que no primeiro ano de trabalho veríamos uma reviravolta na defesa do time apenas pela chegada de Saleh depois de seu ótimo trabalho como coordenador defensivo, isso era mais sonho que possibilidade.
Afinal, a secundária do time – especialmente o corpo de cornerbacks – era um dos piores da NFL no papel e a lesão de Carl Lawson antes mesmo da temporada começar minou o que poderia ser um pass rush que ajudaria o fundo do campo. A verdade, porém, é que existe uma demora até que Saleh tenha sua defesa encaixada. Para começar, são necessários ingredientes. E o tempo em banho-maria é importante também. Sem contar que a unidade mudou o front do 3-4 para o 4-3.
Foi parecido em San Francisco, aliás. A primeira temporada de Saleh no cargo, em 2017, não foi das melhores. O time foi o 25º em mais pontos cedidos por jogo, com 23,94. Mas não só: a defesa foi a terceira pior em conversão de terceiras descidas, a 26ª em eficiência na red zone, a 24º em rating cedido para os adversários, enfim, poderíamos ficar até amanhã citando como era problemática. O único ponto “menos ruim” era a unidade em jardas cedidas por carregada. Não surpreende que a defesa do New York Jets do ano passado também tenha essa única potencial virtude – embora coloquemos um asterisco no desempenho péssimo porque as lesões avacalharam a unidade.
Há motivos para otimismo?
Sim, mas não muitos. Um enorme problema para os Jets é que o ataque com Zach Wilson, que já não era a melhor coisa do mundo, pode ser ainda pior com Joe Flacco nas primeiras semanas. Wilson machucou-se na Semana 1 da pré-temporada e, ao menos, não rompeu nenhum ligamento. Mas seu status para as primeiras semanas está em xeque. Isso obviamente não é bom, porque por mais complicado que seja ter Wilson depois do ano ruim que fizeram em 2021, com Flacco – a não ser que role a maior lei do ex do ano contra os Ravens – a defesa pode ser chamada a campo num festival de three and outs.
De toda forma, mesmo com o ataque podendo atrapalhar em alguns momentos, a razão de otimismo vem da intertemporada. Lawson, por exemplo, volta para 2022. Mas o principal é a questão dos reforços. O time trouxe Jordan Whitehead, uma chegada subestimada dada sua boa capacidade de marcar em zona como mostrou em Tampa como safety. Via Draft, chegou Ahmad “Sauce” Gardner, um clone como prospecto de Richard Sherman – líder das secundárias de Saleh em San Francisco. O time ainda conta com Jermaine Johnson, prospecto que tem um teto interessante de talento caso refine mais seu arsenal de pass rush e que conta com uma forte primeira passada.
Os Jets não devem ter a melhor defesa da liga nesta temporada. Mas é praticamente certo que haverá melhora. Essa defesa, caso saudável, tem cacife para dar um sufoco interessante nos jogos contra Miami e New England. Ademais, tem dois candidatos plenos a calouro defensivo do ano em Johnson e Gardner. O otimismo foi a lei com a chegada de Saleh. Mas agora, sim, existem razões para isso e a unidade deve provar que neste ano está no caminho certo.
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