Curti: Queda de produção de Brady sem Gronkowski não será tão grande como pode se imaginar

Sou eu assim sem você: o final (será?) de uma das maiores parcerias da NFL pode indicar uma queda de rendimento de Brady – mas bem longe do que pode se pensar para 2022 no contexto tático dos Buccaneers

A aposentadoria de Rob Gronkowski e o potencial efeito dentro de campo que isso acarreta é um tema fantástico do ponto de vista de análise esportiva. Até porque ela levanta uma discussão interessante sobre números e sobre a análise mais humana e, queira ou não, subjetiva. 

Futuro Hall of Famer, Gronkowski foi o “terceiro” recebedor do Tampa Bay Buccaneers na temporada passada e teve uma temporada bastante sólida. Sua média de jardas recebidas por jogo, por exemplo, foi maior do que a de George Kittle em 2022 – superando as 66. Por outro lado, a dominância de outrora não apareceu tanto e mais uma vez as lesões atrapalharam, com o tight end perdendo jogos. 

Muito foi alardeado sobre os números de Brady com e sem Gronkowski considerando toda a carreira deste. São números que precisam de cautela para serem lidos e que precisam de cuidado na interpretação. Se a interpretação for no caminho para mostrar como o tight end é um dos grandes – se bobear o maior – parceiro de Brady no jogo aéreo, aí é mais do que válido. Se a interpretação foi para considerar que Brady está acabado sem ele ou que o golpe no jogo aéreo de Tampa será violento, aí trata-se de um exagero

Menos touchdowns, fora isso quase tudo igual

Uma análise mais justa do efeito Gronkowski (ou sua ausência) para a temporada 2022 é ver os números de Tom Brady com e sem Gronk em campo – mas apenas nos dois últimos anos, em Tampa. De nada adiantaria considerar os anos em que estiveram em New England, até porque houve bastante negligência no corpo de recebedores em várias temporadas (parece familiar). 

Considerando 2020-2021, em Tampa, Brady teve 7,64 jardas por passe, 56 touchdowns, 17 interceptações e rating de 67,3 quando Rob Gronkowski esteve em campo. Sem ele, os números caem. Mas levemente. 7,22 jardas por passe, 27 touchdowns e 11 interceptações. 

O maior problema, veja, é a razão touchdown/interceptações. Natural. Gronkowski por muitas vezes foi a bola de segurança de Tomás Eduardo, então sem ele viriam mais interceptações e na red zone a produção cairia. Não chega a ser fim de mundo porque o time ainda conta com uma das melhores duplas de wide receivers da NFL em Chris Godwin e Mike Evans. Talvez exceção a 2007 e ao início da década de 2010, Brady não teve em New England um conjunto assim. 

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Cameron Brate é um dos mais inteligentes e subestimados tight ends da NFL e pode ter um impacto maior na próxima temporada. Mesmo sendo “titular” por apenas três jogos na temporada passada[foot]Games Started, via ProFootballReference[/foot], ele acumulou quatro touchdowns em 30 recepções. Gronkowski teve 6 e, 55 recepções. 

Ou seja, é plenamente possível imaginar que Brate consiga suprir, tatica e esquematicamente falando, a saída de Gronkowski no jogo aéreo. Não é o mesmo jogador mas, pensando no conjunto, a baixa não é colossal – embora no jogo terrestre seja outra história, vide que Rob ainda era um dos melhores jogadores em sua posição na ajuda aos bloqueios. 

Aspecto humano

De toda sorte, é importante salientar que nem só de números e esquemas táticos a NFL é feita. Embora eu ame a parte analítica da coisa e o uso de informações estatísticas, o esporte não é ciência exata e estamos falando de pessoas de carne e osso aqui. A saída de seu grande parceiro impacta para Brady, claro. Como dito, muitas vezes ele foi a referência e bola de segurança do quarterback. 

Em vários esportes, esse tipo de confiança e parceria fazem diferença. Romário e Bebeto na Copa do Mundo FIFA de 1994, Michael Jordan e Scottie Pippen na dinastia do Chicago Bulls nos anos 1990, Neymar e Ganso no Santos campeão da Libertadores em 2011, você pegou a ideia. Então, a saída tem esse impacto.

Por outro lado, não podemos esquecer de que a virtude de grandes quarterbacks é seguir em frente não importando quem saia ou chegue. A alma do time tem que ser o franchise quarterback e obviamente será o caso aqui. Brady não ganhou nenhum Super Bowl com Randy Moss, seu principal recebedor. Peyton Manning foi campeão sem Marvin Harrison nos Broncos. A parceria não é a única coisa que existe – o mesmo valerá para Patrick Mahomes e Aaron Rodgers em 2022, aliás. 

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