“Coitado do Jared Goff”. Essa foi uma das primeiras reações possíveis quando falamos sobre a troca que na intertemporada do ano passado levou Matt Stafford para Los Angeles e fez de Goff o novo quarterback do Detroit Lions. Passado praticamente um ano e meio, Goff ficou em um contexto ainda mais de pena pelo fato de que Stafford tenha sido campeão em literalmente seu primeiro ano com Sean McVay.
Na primeira temporada de Goff em Detroit, por sua vez, uma queda nos números. Considerável. Rating e jardas por passe caíram, enquanto a porcentagem de passes completos subiu na medida em que ele se tornou um cara mais… tímido do que aquele que era potencializado com o sistema mcvayiano.
Agora, chega dessa lenga-lenga de “Coitado do Goff”. Porque os Lions não são mais o patinho feio da NFL. A reconstrução foi bem feita e há material humano para talvez até mesmo brigar por campanha positiva. Claro, não depende só dele, mas Goff tem que mostrar algo em sua potencial última chance como quarterback titular na NFL.
Material, tem
Como dito, o time fez boas contratações e escolhas no Draft. Reforçar as trincheiras no início do processo era o óbvio e assim o foi bem-feito. A linha ofensiva, tão importante para qualquer quarterback e ainda mais para aqueles que são limitados como Goff, tem potencial para ser uma das melhores da liga. Taylor Decker é pra lá de sólido e Penei Sewell, prospecto com piso altíssimo, entra forte em seu segundo ano. T.J. Hockenson é um tight end bastante subestimado, diga-se. E o corpo de recebedores (saudável, claro) com D.J. Chark, o calouro veloz Jameson Williams e a grata surpresa Amon-Ra St. Brown é acima da média.
O que me preocupa é o próprio Goff. Ben Johnson, o coordenador ofensivo em seu primeiro ano, não é nenhum McVay. E Goff é limitado, rendendo quando tudo está lindo mas quando há chuvas e trovoadas a coisa desanda – a analogia do câmbio automático é sempre a ideal aqui, ainda mais quando falamos da terra das montadoras de carros dos EUA, Detroit.
Mas a defesa ainda parece estar a alguns passos de render mais. Aiden Hutchinson em nada surpreenderá se ultrapassar 10 sacks e for o calouro defensivo do ano. Julian e Romeo Okwara são jogadores sólidos no front. Mas e o corpo de linebackers e a secundária? Fraco. Infelizmente, Jeff Okudah vem sofrendo com lesões e passa longe de ser o jogador que se espera. Os arredores também não convencem. É um setor que ainda precisa de uma mão de pintura nesse pojeto de reconstrução.
Detroit, todavia, certamente está no caminho certo. É um time que hoje está na frente dos Bears, deve ter um novo quarterback ano que vem – tudo indica, ao menos – e pode até ter campanha positiva se Hutchinson brilhar, Goff lembrar seus melhores momentos de Rams e a secundária jogar melhor do que se espera. Alegrias, pequenas, mas ainda assim alegrias, finalmente virão.
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