É bastante difícil prever uma campanha meses antes da temporada acontecer. Afinal de contas, lesões acontecem, estrelas caem de desempenho, novas tendências aparecem no lado tático e poderíamos dar mais mil motivos para o imprevisível ser a tônica da NFL. Isso não quer dizer, todavia, que não possamos estimar o futuro de um time com base em seu elenco, quarterback titular, comissão técnica e calendário – bem como outros contextos, como a divisão que esse time joga.
Mike Tomlin nunca teve uma campanha negativa como head coach. Este pode ser o primeiro ano? Essa á uma das grandes histórias na AFC North e na NFL como um todo. Afinal, 2022 será o primeiro ano no qual Tomlin não terá a liderança de Ben Roethlisberger no ataque. Por mais que (há algum tempo) ele não seja mais o grande quarterback que um dia fora, ainda era um ponto focal do ataque e ajudou em vitórias importantes, como contra o Chicago Bears naquele que talvez fora o melhor jogo de Justin Fields no ano.
Agora é o Trubs
Pois é, mas a gloriosa carreira do futuro Hall da Fama acabou e a verdade é que os Steelers não se prepararam devidamente para isso – da mesma forma que aconteceu após a dinastia do time nos anos 1970. No pós-Terry Bradshaw, ficaram de 1985 a 1991 sem vencer a divisão – mesmo ainda contando com algumas peças boas no elenco e com Chuck Noll de head coach, o mesmo que vencera quatro Super Bowls entre 1974 e 1979.
Não dá para julgar também, porque o não processo de sucessão é o outro lado da moeda da super-estabilidade que existe nos Steelers. Como muito se diz, houve mais papas na Igreja Católica desde 1970 do que head coaches por lá. Desde o meio da década de 2000 e mesmo ante os solavancos e queda de produtividade, a lealdade para com Roethlisbeger se manteve até que ele decidisse sair.
A alternativa encontrada foi Mitchell Trubisky. Um quarterback com mais mobilidade e que sistematicamente pode ajudar a linha ofensiva e o jogo terrestre – e bem, atrapalhar em todo o resto, especialmente passando a bola. O ponto, porém, é que a defesa é um ponto de interrogação grande para além do quarterback, o qual a gente meio que já conhece e que não tem muitas expectativas. Sim, mesmo com T.J. Watt.
E a defesa?
T.J. Watt e sua temporada fabulosa de 22,5 sacks mascararam alguns pontos da defesa dos Steelers no ano passado. Em pontos cedidos por jogo, por exemplo, ela foi a 20ª. Ainda, muito se elogiou sobre Watt e a unidade pressionando o quarterback, mas pouco foi falado como essa unidade sofreu contra o jogo corrido. Mais do que a defesa de Houston ou do LA Chargers, unidades que batemos muito. A situação foi ainda pior fora de casa, como também algumas vezes destacamos. Pittsburgh tomou 27 pontos por jogo quando longe do Heinz Field e foi a 27ª em jardas cedidas por jogada fora de casa. Um terror.
A má notícia é que não há muito o que ter de otimismo em termos de melhora. Watt pode sofrer uma leve regressão à média – embora ainda figure como um grande EDGE, óbvio. Na prática, houve basicamente duas adições defensivas em Myles Jack (LB que teve uma temporada ruim em Jacksonville) e Levi Wallace (CB que é bom jogador mas que era um coadjuvante em Buffalo). Os esforços foram concentrados na posição de quarterback e de wide receiver. A defesa pode (e terá) solavancos novamente. Minkah Fitzpatrick voltará a ser o safety que era? Watt sofrerá regressão? Alex Highsmith passará de 30 pressões? Veja, para além de quem será o quarterback (Trubisky, Rudolph, enfim), não é como se a defesa fosse uma certeza.
No panorama atual, a primeira temporada negativa da carreira de Mike Tomlin está virando a esquina. Não por muito, porque um ano de 8 vitórias e 9 derrotas é plausível. Ser mais otimista do que isso é sonhar e isso cabe ao torcedor. Mas no panorama atual, com Cincinatti e Baltimore mais fortes e com Cleveland (a depender do que acontece) tendo Deshaun Watson como quarterback, os Steelers devem ter um ano complicado. Mesmo com Watt e a ótima comissão técnica.
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