O primeiro classificado ao Super Bowl veio de um jogo com o nível técnico que esperávamos. O Tampa Bay Buccaneers foi até o Lambeau Field com uma missão extremamente espinhosa: parar o fortíssimo ataque do Green Bay Packers. Aaron Rodgers é o claro MVP da temporada e, mais ainda, a linha ofensiva de Green Bay parecia impenetrável ao longo da temporada. Mesmo com a missão ardilosa, os Buccaneers triunfaram.
Primeiro time da história da NFL a decidir o Super Bowl em casa, Tampa Bay não teve o ataque como principal responsável pela vitória: Tom Brady teve duas exibições distintas antes e depois do intervalo. O grande responsável pelos Buccaneers voltarem para a Flórida com a vaga na final assegurada foi a defesa, que conseguiu pressionar Aaron Rodgers e forçou turnovers ao longo do confronto.
Defesa brilhou na hora certa
Desde a semana 11, Rodgers só havia lançado uma interceptação e solidificou semana-a-semana seu caso para o prêmio de MVP da liga, que, na prática, é dado ao melhor jogador da temporada. Foi uma rara interceptação do quarterback dos Packers que mudou inteiramente a história do confronto quando Green Bay buscava ir para o intervalo liderando o placar: com o turnover, os Buccaneers tiveram a chance de um último drive antes da metade da partida e, depois de arriscar (e converter) uma quarta descida vital, Brady conectou com Scotty Miller num touchdown longo para liderar por 21 a 10 no fim do segundo quarto.
Esse não foi o único momento de brilhantismo da defesa de Tampa Bay: já na volta do intervalo, Jordan Whitehead forçou um fumble em Aaron Jones que colocou os Buccaneers em ótima posição para ampliarem o placar para 28 a 10, como o fizeram no drive seguinte. A partir dali, os Packers não conseguiram reassumir a dianteira em momento algum.
Foi um dia em que Todd Bowles não saiu de sua agressividade tradicional. Os Buccaneers enviaram blitzes em 23 snaps, a segunda maior marca que Aaron Rodgers teve de enfrentar na pós-temporada ao longo de sua carreira. Pior ainda, os adversários pressionaram o quarterback dos Packers 22 vezes, muitas delas quando Tampa Bay enviava apenas 4 homens para a pressão. A ideia era limitar os passes verticais dos donos da casa com 2 safeties marcando o fundo do campo, uma estratégia que se provou acertada especialmente quando os Buccaneers dispararam no placar.
Não dá pra deixar de destacar, também, as excelentes atuações dos EDGEs Shaquil Barrett e Jason Pierre-Paul, que juntos acumularam 5 sacks na partida. Individualmente, eles venceram suas batalhas contra os offensive tackles Billy Turner e Rick Wagner, um matchup que se provou chave para o triunfo dos visitantes. Rodgers sofreu com a pressão adversária durante a tarde inteira.
Apesar da vitória, Brady precisa melhorar
Tudo bem, tudo bem, os Buccaneers venceram e voltarão pra Tampa Bay com a vaga na pós-temporada, mas os erros individuais de Tom Brady, especialmente no segundo tempo, não passarão intactos como aconteceu na final da NFC, especialmente se o time precisar entrar num tiroteio contra Patrick Mahomes ou Josh Allen para vencer.
Brady parecia um jogador completamente distinto antes e depois do intervalo: na primeira metade do confronto, ele foi basicamente perfeito, especialmente no drive final que resultou na conexão longa com Scotty Miller na end zone, e o que vinha afetando o ataque aéreo dos Buccaneers eram os drops dos recebedores; já no segundo tempo, Brady lançou três interceptações bizarras, forçando passes com uma porcentagem baixíssima de sucesso e também estando impreciso em alguns lançamentos que resultaram em oportunidades desperdiçadas. Novamente: contra os fortíssimos ataques de Kansas City Chiefs e Buffalo Bills, isso não vai passar batido.
Impossível deixar de mencionar a excelente exibição de Aaron Rodgers apesar da derrota dos Packers. Apesar da interceptação – com uma segurada clara de Sean Murphy-Bunting não marcada pela arbitragem -, o MVP da temporada teve mais uma exibição fantástica, conectando muito bem com Marques Valdez-Scantling, sua principal arma em profundidade, e lançando 346 jardas e 3 touchdowns. Os Packers perderam por vários motivos: as chamadas ruins de Mike Pettine e a covardia de Matt LaFleur numa quarta descida crucial no fim do jogo entre os principais. Rodgers, no entanto, passa isento de culpa: ele jogou muito bem.
Uma temporada promissora para os Buccaneers tem a chance de terminar com um conto de fadas, possivelmente se tornando o primeiro time na história da liga a vencer o Super Bowl jogando no próprio estádio. Para isso, Tom Brady e companhia só precisam de vencer mais um adversário: ou Patrick Mahomes ou os antigos rivais da AFC East. Seja lá quem Tampa Bay enfrentar, temos a certeza de um grande jogo pela frente.







