No que prometia ser o confronto mais acirrado das Semifinais de Conferência, o Buffalo Bills conseguiu se sobressair sobre o Baltimore Ravens, chegando à final da AFC pela primeira vez desde 1994. O placar de 17×3 pode passar a transmissão de um jogo tranquilo, mas a realidade é que os donos da casa conquistaram o triunfo no melhor estilo “enverga, mas não quebra”, com jogadas decisivas nos momentos críticas da partida.
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Com Josh Allen controlando o jogo, Brian Daboll sendo criativo e a defesa neutralizando as forças adversárias, Buffalo agora espera o resultado de Cleveland Browns e Kansas City Chiefs para conhecer seu oponente, na esperança de voltar ao Super Bowl após mais de 20 anos de espera.
Sob adversidade, Bills crescem – de novo
Com a frase acima, dei o título à minha análise do primeiro confronto de Buffalo nos playoffs contra o Indianapolis Colts. Naquele dia, a franquia sofreu com uma partida perfeita do adversário e contou com a sorte de um field goal errado, chegando à vitória por conta de uma partida excelente de Josh Allen e o crescimento de sua defesa nas horas decisivas – como na não conversão de quarta descida.
No último sábado, a situação foi muito semelhante. A neve não veio como se esperava, mas o vento estava forte e indicava que o resultado da partida se daria pelo chão, a principal força de Baltimore. Apesar da melhora nas últimas semanas, a defesa de Buffalo possuiu como grande ponto fraco ao longo da temporada justamente a contenção terrestre, o que tornava esse duelo, inclusive, um dos principais confrontos das Semifinais de Conferência.
Para tornar a situação dos Bills ainda mais crítica, no início do confronto os passes de Allen – principalmente em profundidade – estavam sendo nitidamente influenciados pelas condições climáticas, o que resultou em diversos lançamentos fora do alvo que custaram ganhos ofensivos aos donos da casa. Como Daboll lidou com isso? Passando ainda mais. Durante todo o primeiro tempo, Devin Singletary correu com a bola uma única vez, entretanto, o coordenador ofensivo mais uma vez demonstrou sua qualidade realizando ajustes no intervalo e, mesmo com a adversidade do clima, entrou no segundo tempo com uma campanha extremamente criativa que resultaria no primeiro touchdown do jogo.
Sim, a sorte foi um fator determinante na vitória de Buffalo outra vez, afinal, não é todo dia que vemos Justin Tucker errar dois field goals para menos de 50 jardas. Bons campeões, porém, também precisam de doses de sorte, principalmente quando estão em momentos críticos na partida. Os Bills foram levados ao extremo quando o jogo terrestre de Baltimore começou bem e Allen sentia dificuldades para passar a bola, ainda assim, o ataque se reformulou, a defesa selou a partida na hora H e, bem, a sorte só completou a história.
Crescimento defensivo faz Buffalo sonhar
Se na semana passada a defesa da equipe cresceu apenas em alguns momentos, o trabalho feito contra Lamar Jackson, desta vez, foi de se aplaudir de pé. A unidade foi muito bem não só na contenção terrestre dos running backs adversários, mas principalmente, do próprio quarterback. Quando Baltimore conquistou boas jardas pelo chão no início da partida, parecia que seria um longo dia para o setor, todavia, Sean McDermott fez um excelente trabalho no plano de jogo e controlou tanto as trincheiras quanto as options feitas pelo passador, que foram mortais contra diversos oponentes ao longo do ano.
Ver Lamar encerrar o jogo com 162 jardas aéreas contra o vento não seria nenhuma surpresa em diversas ocasiões, só que colocar esse número ao lado das meras 34 jardas terrestres do quarterback é uma comprovação da grande atuação defensiva de Buffalo. A pick 6 de Taron Johnson foi apenas a cereja do bolo que coroou um trabalho preciso da unidade ao longo do embate, dando condições de triunfo em um jogo tenso e, mais ainda, permitindo que os Bills sonhem alto na próxima semana.
Ao fim da temporada, o temor das atuações defensivas tornava Josh Allen, em seu nível de MVP, a única esperança da equipe ir longe nos playoffs. Isso poderia funcionar, mas com certeza não seria o suficiente. Com a defesa crescendo na reta final e depois de uma atuação excelente contra Baltimore, as aspirações de Buffalo se elevam. Se antes a equipe precisava de uma partida perfeita de seu quarterback, agora sabe que também pode contar com quem outrora foi sua grande força, o que será essencial no próximo final de semana, seja contra o ataque dos Browns ou contra Patrick Mahomes.
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