Mais um ano se passou e o Denver Broncos segue no limbo. 2020, que deveria ser o ano de afirmação de Drew Lock, foi um show de decepções: o quarterback não se firmou, Von Miller se lesionou e o time em nenhum momento ameaçou brigar por playoffs, conseguindo míseras 5 vitórias.
Para a próxima temporada, o treinador Vic Fangio tem que provar que pode tornar essa equipe em competidora, algo que não conseguiu em seus dois primeiros anos de gestão.
DRAFT E FREE AGENCY 2021: No mercado, Ronald Darby e Kyle Fuller chegaram para a secundária, além do time ter trocado pelo quarterback Teddy Bridgewater. Os safeties Justin Simmons e Kareem Jackson tiveram seus contratos renovados. Já o running back Phillip Lindsay foi liberado, enquanto A.J. Bouye e Jurrell Casey também deram adeus a franquia.
O Draft deu a oportunidade da equipe selecionar Justin Fields, mas o general manager George Paton preferiu escolher o cornerback Patrick Surtain, de Alabama. Javonte Williams chegou para preparar a sucessão de Melvin Gordon na posição de running back. Outro destaque é o linebacker Baron Browning, que pode ocupar espaço na rotação logo de cara.
Principal reforço: Patrick Surtain, CB. Cornerbacks nunca são demais: essa é a filosofia de Fangio. Patrick Surtain é um jogador completo, com capacidade de ser o titular da posição por longos anos. Muito dinâmico, pode jogar em qualquer alinhamento e terá impacto imediato na equipe.
Principal perda: Phillip Lindsay, RB. O prejuízo nem é tão grande em campo e sim fora das quatro linhas: Lindsay era amado pelo torcedor e tinha uma energia acima da média. Nos momentos mais complicados dos últimos anos, ele foi uma das poucas coisas que alegrou o torcedor e sua saída deixou saudades nos fãs.
Fórmula ofensiva é arriscada para a NFL de 2021
Sabe quando, no rodízio, você está esperando a picanha a bastante tempo, o garçom não te vê e logo em seguida o próximo lhe oferece linguicinha, que você aceita para matar a fome? Essa é a sensação do torcedor dos Broncos ao ver o time passar Justin Fields e optar por Teddy Bridgewater. Caberá agora a ele provar que pode levar a franquia aos playoffs.
Bridgewater é experiente e seguro, o que foi decisivo para ser a escolha de Fangio, porém é pouco agressivo. Ao que tudo indica, sua capacidade de soltar a bola nos passes rápidos e evitar turnovers é que a comissão técnica quer: nada de entregar a bola em boas posições para o oponente. Entretanto, não dá para depender de Teddy para vencer jogos decisivos: foram apenas 5 drives para vitória em 7 anos de liga. Essa é a última oportunidade dele provar que pode ser um franchise quarterback. Já o projeto Drew Lock viu seu fim e ele terá que esperar por uma oportunidade no mercado.
Falta de suporte não será desculpa. O corpo de recebedores é jovem e promissor. Courtland Sutton retorna de lesão e o wide receiver clássico: grande e veloz, se torna um confronto favorável a favor do ataque sempre. Jerry Jeudy precisa mostrar evolução em seu segundo ano, mas é dono de grande potencial. K.J. Hamler e Tim Patrick são bons complementos e Noah Fant é um tight end atlético, muito produtivo depois da recepção.
A linha ofensiva também não é problema. Garrett Bolles deixou de ser um boneco de posto bloqueando e se tornou um bom offensive tackle. O miolo da linha ofensiva também é forte, com destaque para o guard Dalton Risner. O único problema fica na ponta da direita: Calvin Anderson e Bobby Massie não são nomes dos mais confiáveis e podem ser o elo fraco. De toda forma, é uma unidade de qualidade na proteção de passe, mas que precisa evoluir abrindo espaços pelo chão[foot]22° em bloqueios de corrida, segundo a ESPN[/foot].
Com um quarterback não tão confiável, correr bem e estabelecer o jogo terrestre é essencial, em especial para destravar o jogo aéreo. Melvin Gordon e Javonte Williams devem se revezar nas carregadas, com o primeiro tendo um volume levemente maior, pelo menos até o meio da temporada. Conseguir sucesso em primeiras descidas pelo chão é fundamental, não deixando o ataque em segundas e terceiras longas.
Esperança dos Broncos passa pela defesa
Não existem dúvidas que a defesa é o carro-chefe da equipe. Fangio acredita que possa emular o Chicago Bears de 2018: placares baixos, unidade defensiva capaz de controlar o jogo e conseguir turnovers, trazendo vitórias mesmo com um ataque com limitações na posição mais importante do jogo.
Nos anos 90, existia um brinquedo muito popular, chamado Pula Pirata: os dois jogadores iam espetando faquinhas no barril, até o pirata pular. É assim que o quarterback adversário deve se sentir ao ver que de um lado está Von Miller e do outro Bradley Chubb: uma hora você vai ser pego. Dois dos melhores pass rushers da liga, Miller e Chubb precisam apenas se manter saudáveis para conseguirem estar em campos juntos. No miolo, Shelby Harris é o destaque, em especial desviando passes na linha de scrimmage: 7 em 2020, maior marca entre a posição[foot]Pro Football Focus[/foot].
O grupo de linebackers é mais modesto. Alexander Johnson se firmou como líder da posição e isso fez Denver parar de ter problemas cobrindo running backs no jogo aéreo, se tornando a quarta melhor equipe na função em 2020[foot]Football Outsider[/foot]. Entretanto, a segunda vaga está em aberto, já que Josey Jewell é limitado. Baron Browning pode ganhar snaps no decorrer do ano, ocupando a posição.
A menina dos olhos é a secundária. A dupla de safeties tem em Kareem Jackson um veterano muito competente e Justin Simmons um dos melhores da posição. Opções de cornerback não faltam agora que Surtain chega para ocupar um espaço importante, e os veteranos Kyle Fuller e Ronald Darby são perfeitos para o sistema de Fangio, que tem mesclado bastante coberturas em zone e individual. Com a pressão de Miller e Chubb funcionando, a expectativa é de um bom número de turnovers.
Como foi em 2020: 5-11, quarto lugar na AFC West.
Aspecto tático: pode parecer algo meio old-school, mas ao ter um quarterback mediano, ter o apoio do jogo terrestre se torna fundamental. Denver foi muito mal correndo com a bola em 2020, sendo apenas o 26°[foot]Football Outsiders[/foot] em eficiência. Isso passa por uma maior variação de jogadas, em especial mesclando zona e bloqueios angulares. Dessa forma, Teddy poderá jogar em menos descidas óbvias de passe e ter maior sucesso.
Jogo mais importante: semana 12, vs Chargers. Rival de divisão, em casa e voltando da semana de folga: esse jogo tem suma importância para os Broncos se quiserem pensar em algo maior e mostrar que podem sim, a sua forma, vencer equipes fortes e que almejam playoffs.
Pergunta a ser respondida: Foi um erro passar Justin Fields? A temporada dos Broncos terá Fields em sua sombra, e provar que não foi um erro deixar de escolher o promissor quarterback terá de ser respondido em campo, com resultados positivos e um time que faça o torcedor entender que ele não fez falta.
O que esperar em 2021: Que o talento existe em boas doses em Denver, ninguém discute. O problema é que quando seu quarterback é limitado, tudo fica 10 vezes mais difícil na NFL. Apesar das recentes chegadas ao Super Bowl de Los Angeles Rams e San Francisco 49ers como Jared Goff e Jimmy Garoppolo, Denver não tem a mesma qualidade na sua comissão técnica. Sendo assim, o time que poderia pensar em coisas grandes, não passa de um candidato aos playoffs.
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