Depois da queda de audiência em 2016, NFL meteu o pé no peito com um ótimo calendário

Na empolgação da publicação do calendário 2017, uma coisa pode ter passado despercebida. Quando a gente vê finalmente quando nossos times vão jogar – porque o contra quem, já sabemos desde janeiro – a empolgação é maior do que qualquer coisa. Já começamos a calcular quantas vitórias dá para ter, os jogos que poderemos ver na TV por serem a noite…

E o “todo”? Há algo nas entrelinhas. Roger Goodell, o comissário, deve estar feliz com o resultado. Para quem não sabe, a temporada 2016 foi um tanto quanto atípica para a NFL. A liga, toda-poderosa no que tange à audiência de televisão, tomou uma pancada que, na prática, não tomava desde os anos 1980.

Tal como 2016, a temporada de 1984 foi um anti-clímax em alguns aspectos. Não que hoje a pancada tenha sido como naquele ano, quando um filme para TV com a ex-Pantera Farrah Fawcett venceu o Monday Night Football entre 49ers e Giants. É, isso aconteceu. Naquele ano, tal como em 2016, os Cubs eram mania e a liga vivia uma entressafra de ídolos. Os Eric Dickersons e os Dan Marinos estavam apenas chegando, tal qual os Derek Carrs e os Ezekiel Elliotts em 2016. Para piorar, 1984 – assim como 2016 – viveu uma eleição presidencial polêmica. O problema é que em 2016 existe a TV a cabo com 24 horas de notícias.

Ante esse panorama, a NFL se recuperou nos anos 80. Deve se recuperar novamente agora. No ano passado, houve, nos Estados Unidos, uma queda de 16% na audiência dos jogos. Após um Super Bowl LI fantástico, a liga vem com um calendário pé-no-peito para que a queda de audiência não continue. Não ter Tom Brady suspenso e um recém Peyton Manning aposentado ajuda. De qualquer forma, é importante notar: as novas estrelas chegaram.

E aí vem as novas estrelas – no horário nobre

O Philadelphia Eagles terá cinco jogos em horário nobre. Isso pode soar estranho para aquele que vê apenas que o time ficou em último lugar na NFC East. Carson Wentz, dentre os quarterbacks escolhidos na primeira rodada do Draft do ano passado, foi o que se saiu melhor. Não surpreende que os Eagles estejam tantas vezes no horário nobre.

Calouro ofensivo do ano e o melhor dos quarterbacks calouros no ano passado, Dak Prescott também estará – a rodo – nos jogos noturnos. Na realidade, é possível dizer que você verá o Dallas Cowboys na TV até não poder mais. Na primeira semana, os Cowboys jogam em casa no Sunday Night Football contra o único time da NFC East que não venceu no ano passado – os Giants. Depois, na Semana 2, devem ser o “America’s Game of the Week”, a transmissão nacional da FOX americana, contra os Broncos. Na Semana 3, mais Cowboys, Dak e Zeke: jogam o Monday Night Football contra os Cardinals. No todo, Dallas estará em cinco partidas noturnas e mais o thanksgiving, a qual deve ser uma das duas transmissões de Tony Romo no AT&T Stadium como comentarista.

Derek Carr também estará, merecidamente, sob os holofotes. Ao contrário dos últimos anos, há uma overdose de Oakland Raiders nos jogos noturnos – os quais têm transmissão nacional nos EUA. Oakland está em cinco partidas de horário nobre e mais um jogo às 16h (CBS) contra os Patriots, o qual praticamente será transmissão nacional.

A força da AFC West e a audiência da NFC East

Um time tem de ter no mínimo uma partida em transmissão nacional e no máximo cinco ou seis. As divisões que mais estarão no horário nobre estarão ali para atrair audiência. Seja por boas equipes, seja por estarem nos maiores mercados consumidores da liga.

Considerada a melhor divisão de 2016, a AFC West terá pelo menos um de seus times em 18 partidas noturnas (Raiders 5; Broncos 5; Chiefs 6; Chargers 2;). A NFC East, como sempre, estará em muitas partidas noturnas também. Serão 19 (Cowboys 5; Eagles 5; Giants 4; Washington 5).

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Sabe aquele negócio de “cada time tem pelo menos um jogo à noite”? Então, esquece. 

Digamos que a NFL encontrou uma lacuna nessa regra sem deixar os donos de franquias em mercados consumidores menores… P da vida. Com todo respeito aos torcedores de Browns e Jaguars, mas seus times não atraem muito público em partidas noturnas com transmissão nacional.

A bem da verdade, a regra é: cada time tem pelo menos uma transmissão nacional. Como elas sempre eram a noite, adotamos “cada time tem pelo menos um jogo a noite”. E era assim desde que o Thursday Night Football começou. Era.

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Cleveland Browns e Jacksonville Jaguars estão em apenas uma transmissão nacional. O truque da NFL para evitar que joguem a noite e deem menos audiência? Ambas as transmissões são nacionais mas em jogos matutinos em Londres. Jacksonville joga na Semana 3 às 9:30 da manhã, horário local. Cleveland, na Semana 8. Nenhum joga partidas a noite neste ano (a menos que o calendário do Sunday Night Football seja alterado por conta das duas equipes estarem brigando por playoffs). Browns e Jaguars, vale lembrar, tem as piores campanhas da NFL desde 2008.

Basicamente, no sopesamento, a NFL chegou à conclusão que não pode tolerar jogos ruins à noite, porque a vitrine é maior. O produto fica desgastado. A paridade é importante, mas a meritocracia também. O Chicago Bears, por exemplo, está localizado no terceiro maior mercado consumidor da liga. O time está uma draga. Assim, ao invés dos quatro jogos noturnos de 2016, estará apenas em dois (ainda bem), sendo ambos divisionais e um deles contra os Packers. Outro time com elenco fraco, mas no segundo mercado consumidor da liga, o Los Angeles Rams estará em apenas um jogo noturno.

Falando nisso, o calendário noturno como um todo está mais forte: olha o Sunday Night!

Olha o Sunday Night Football. Para começar (o Kickoff é quinta, mas é considerado SNF), a NFL acertou muito em não colocar os Falcons para jogarem contra os Patriots na abertura da temporada. Imagina o psicológico dos caras ao ver o banner de campeão do Super Bowl LI aparecendo NA PRIMEIRA PARTIDA do ano. Eu sinceramente não duvido que jogar o kickoffem Denver (e perder de novo) atrapalhou a campanha dos Panthers no ano passado. Ao invés dos Falcons, a NFL colocou o adversário “em casa” mais forte contra os Patriots – o Kansas City Chiefs. Dentre os que iriam jogar fora de casa em New England, é o com maior possibilidade de “dar jogo” fora os Falcons.

Na sequência, ainda na Semana 1, os Giants – que venceram as duas partidas de 2016 contra Dak e cia – jogam em Dallas no Sunday Night. Os Falcons aparecem na Semana 2, na abertura de seu novo estádio, contra os Packers – reprise da final da Conferência Nacional do ano passado. Falcons e Patriots? Na semana 7. O Sunday Night ainda conta com Patriots @ Broncos, Packers @ Steelers, Ravens @ Steelers e um jogo que promete bastante em Cowboys @ Raiders.

O grande problema nesses jogos noturnos, ao meu ver, era “o início e o fim da balada”.

Neste ano, parece que isso não será mais o problema de outrora. Era ruim que a rodada começasse com um jogo horrível no Thursday Night Football e terminasse com um ainda mais sem sal no Monday Night. Jets e Colts no MNF no ano passado. Yikes.


“RODAPE"

Neste ano, o TNF tem um lineup sólido. Com a NFL precisando justificar a grana que a Amazon pagará para transmitir os jogos, nada mais lógico. Tem Bears e Packers (rivalidade mais antiga da liga) antes de Chicago estar matematicamente eliminado, na Semana 3. Tem Patriots contra o ascendente Buccaneers. Chiefs e Raiders foi um dos melhores TNF do ano passado – novamente estarão na quinta à noite. Um jogo que poderia facilmente ser de domingo – Seahawks e Cardinals – está na quinta. Ainda, tem tiroteio com Saints e Falcons.

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No que tange ao Monday Night, eu diria que finalmente a ESPN americana terá o que merece pelo o que paga. O MNF não era o SNF-B como deveria ser há pelo menos uns três anos. Neste ano, o cardápio – que, ao contrário do Sunday Night, não é flexível na reta final da temporada – está mais forte. Lembra aquele Broncos e Chargers do TNF de 2016 que foi tão bacana? É o segundo MNF da Semana 1 (ao invés do pavoroso 49ers e Rams). Na semana 2, tem Lions e Giants, dois times que foram para os playoffs. Broncos e Chiefs, Lions e Packers, Falcons e Seahawks (!!!), Steelers e Bengals, Patriots @ Dolphins: temos um número maior de partidas que prometem na segunda.

No ano passado? Qual era o potencial de Eagles e Bears? 49ers e Rams? Cardinals e Jets? Colts e Jets? Em 2015, também não foi fácil. 49ers e Vikings, Jets e Colts (ô tara nesse jogo), Ravens e Browns. No todo, o calendário de 2017 do MNF parece melhor do que nos últimos anos. Pelo menos assim esperamos.

Lei do Ex na Semana 2 para já chegar com pé no peito

Por fim, algo que percebi: além da semana de abertura da temporada, a Semana 2 vem violenta também. São 5 jogos (de 16) com possibilidade daquela deliciosa Lei do Ex. São partidas que, por envolver “reencontros”, acabam sendo de atrativo extra.

Seja com jogadores voltando às suas antigas casas ou com treinadores, temos Eagles/Chiefs (Doug Pederson), Bills/Panthers (Sean McDermott), Washington/Rams (Sean McVay), Patriots/Saints (Brandin Cooks) e Buccaneers/Bears (Mike Glennon): tudo na segunda semana.

No todo, a NFL parece ter prestado atenção no desastre de audiência que tivemos no ano passado. Tivemos fatores externos – Romo machucado, Packers mal no início do ano, Brady suspenso, Trump vs Hillary, Peyton aposentado, entressafra de ídolos, Cubs pegando fogo – mas a liga não quer mais correr riscos. A televisão foi o fator preponderante no estabelecimento da NFL como principal liga dos Estados Unidos. E ela foi contemplada neste ano. Esperemos por bons jogos.

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“RODAPE"

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