Desde 2008, o Jacksonville Jaguars tem uma temporada com mais vitorias que derrotas. Sim, você não leu errado: em 14 anos, a franquia da Florida só teve mais de 50% de aproveitamento uma única vez. Fica evidente que o problema é mais que mudar uma peça ou outra: a filosofia dentro da organização se mostra falha e sem conexão. Não são poucos os boatos de ingerências do dono Shahid Khan no time, como no Draft, onde ele sempre está disposto a dar um pitaco.
A manutenção do general manager Trent Baalke também é algo muito questionável, vide seus fracos resultados e ações controversas. Todavia, não dá para se negar que na questão de comando no gramado, a mudança para 2022 é significativa: sai Urban Meyer e seu projeto Iraque, chega Doug Pederson, campeão do Super Bowl LII pelo Philadelphia Eagles. E aí, entra o grande questionamento que permeia o imaginário: Pederson salva ou afunda com o barco bagunçado dos Jaguars?
Experiência faz a diferença
Nesse ponto da carreira, aos 54 anos, Pederson já é uma velha raposa na NFL, tendo enfrentando todas situações possíveis. Vindo da árvore de Andy Reid, com que trabalhou de 2009 até 2015 nos Eagles e também no Kansas City Chiefs, o treinador já tem uma rodagem suficientemente grande para entender os percalços que a liga traz. Para um elenco jovem – sétimo mais novo da liga, com média inferior a 26 anos – e que tem peças-chave como o quarterback Trevor Lawrence e o EDGE Josh Allen ainda sob contrato de calouro, essa casca no comando faz diferença.
Por mais que tenha enfrentado problemas de vestiário em seu último ano de Eagles, Pederson é conhecido por ser um treinador bom de grupo. Quando ele foi demitido, diversos de seus ex-jogadores lamentaram, agradecendo o tempo que trabalharam juntos. Clay Harbor, treinado por ele ainda nos tempos de Philadelphia, disse que Doug “…é um desses treinadores que te deixa confortável. Ele dá uma risada, conta uma piada e ganha sua confiança. É o que chamamos de treinador jogador”. Um com começo é ter um elenco que jogue por você e Pederson deve buscar isso.
Trevor Lawrence está em boas mãos
Digo sem medo algum: o treinador dos Jaguars já tirou produção de quarterbacks bem inferiores em termos de talento ao de Trevor Lawrence. Alex Smith teve sua carreira ressuscitada nas mãos de Pederson em Kansas City. Nick Foles foi de um reserva mediano para o melhor dos playoffs em 2017, culminando com MVP do Super Bowl daquele. Carson Wentz vinha em nível de brigar pelo prêmio no mesmo ano até se lesionar. Depois disso, sua carreira degringolou, mas a recente saída do Indianapolis Colts fala por si: o “Rojão Ruivo” é que tem problemas em ser treinado.
Toda essa cancha é essencial para se desenvolver Lawrence. Vindo de um primeiro ano completamente disfuncional, onde ele só deu lampejos no fim da temporada, o passo inicial será trabalhar suas confiança. Para isso, já espere um sistema recheado de play-action, run-pass option, screens e passes rápidos, alguns inclusive com o quarterback se movendo para fora do pocket. Ver Trevor fazendo o dropback direto e esperando rotas longas se desenvolverem é algo que não vai acontecer rotineiramente. Quando a maturidade técnica e a confiança se tornarem maiores, Doug deve ousar mais, mas no começo o cabresto será curto.
Não acredito que Jacksonville se torne um time espetacular do dia para noite. O elenco tem buracos, em especial no corpo de recebedores e na secundária, que impedem que se projete algo grande já em 2022. Todavia, Doug Pederson é um treinador que merece mais crédito por seus trabalhos na liga e está pronto para provar isso. Em 2 ou 3 anos, Jacksonville será sob seu comando uma equipe bem diferente, disputando de volta um jogo de playoffs.
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