Eagles chegam aos playoffs com melhor ataque terrestre da liga. Dá para ameaçar?

Equipe se reinventou ofensivamente ao longo da temporada, venceu sete dos últimos nove jogos e se classificou aos playoffs. A dúvida, agora, é se ela será capaz de fazer frente ao pelotão de elite da NFC

Lá pela semana 7, após perder para o Las Vegas Raiders e ficar 2-5, o Philadelphia Eagles parecia ter ido à lona: Nick Sirianni e Jalen Hurts eram massacrados por conta da ineficiência do ataque, a defesa cedia um caminhão de jardas e pontos, enfim, o ano parecia perdido. Depois disso, porém, a franquia encontrou um rumo, venceu sete dos seus últimos nove compromissos e se classificou aos playoffs com uma rodada de antecedência.

O segredo dessa inesperada volta por cima foi uma total reinvenção ofensiva. Philadelphia decidiu parar de dar murro um ponta de faca com ideias que não funcionavam, aproveitando melhor os talentos de Hurts ao focar no jogo terrestre, seja com o próprio quarterback, seja utilizando os running backs. Além da sequência de vitórias, o resultado foi uma mudança radical da opinião pública a respeito da viabilidade de Hurts em longo prazo.

Revolução ofensiva salvou a temporada

Há três meses nós escrevemos como o ataque dos Eagles estava moribundo. O time não corria nem passava com qualidade, apostando cegamente nas jogadas do tipo RPOs. Em resumo, Hurts quase não lançava em profundidade porque os recebedores não corriam rotas longas e a bola não era entregue aos running backs em corridas designadas.

Sirianni e o coordenador ofensivo Shane Steichen, então, pareceram ter um estalo: as RPOs continuaram (Philadelphia ainda lidera a liga com 291 chamadas do tipo), contudo começaram a ser usadas de maneira inteligente. Hurts passou a soltar mais o braço, sobretudo procurando DeVonta Smith no fundo do campo. Hoje, a equipe é a segunda em média de jardas aéreas tentadas por passe (8,7), atrás apenas do Seattle Seahawks (9,2).

Jalen não é o signal caller mais preciso ou dono do melhor braço da NFL, no entanto desde o início era óbvio que a maneira correta de aproveitar seu talento era tentando emular o que o Baltimore Ravens fazia com Lamar Jackson. Em outras palavras, um jogo terrestre poderoso, inclusive usando a mobilidade do próprio quarterback, e um ataque aéreo extremamente vertical e cirúrgico. Hurts e Lamar não vão lançar sempre, mas quando o fizerem é para causar estrago nas defesas.

Deu certo, principalmente a parte do jogo terrestre poderoso. Além de Hurts (784 jardas e 10 touchdowns corridos), os running backs também começaram a brilhar. Os Eagles correram para mais de 175 jardas em sete partidas seguidas, algo inédito desde o Chicago Bears de 1985. Por ora, a franquia lidera a NFL em jardas terrestres por jogo (160,4), ficando também em segundo em tentativas de corrida (517) e terceiro em média de jardas por tentativa (4,9).

À parte o talento de Hurts, Miles Sanders e cia., é preciso também destacar o excepcional trabalho da linha ofensiva. Saudável, a unidade voltou a ser uma das mais eficientes (3ª em termos de Adjusted Line Yards), por exemplo, permitindo que os corredores tenham uma média de 3,3 jardas antes de sofrer o primeiro contato – a melhor da liga. Jason Kelce, Lane Johnson e o calouro Landon Dickerson são a fundação para tudo de bom o que o ataque faz.

Dá para ameaçar o Power 5 da NFC?

Certo, tudo isso é muito legal, entretanto a pergunta é: Philadelphia tem alguma chance nos playoffs ou só vai bater e voltar?

Seria iludir o torcedor dizer que a franquia está no mesmo patamar de Green Bay Packers, Tampa Bay Buccaneers, Los Angeles Rams, Dallas Cowboys e Arizona Cardinals. Ademais, vale lembrar que nenhuma das nove vitórias vieram diante de um adversário com campanha positiva; o New Orleans Saints foi o mais próximo disso e eles estão 8-8. De resto, os Eagles não passaram vergonha contra Chiefs, Buccaneers, Chargers e 49ers, mas também não venceram.

Times com boa linha ofensiva e jogo terrestre forte podem dar trabalho se conseguirem encaixar uma atuação quase perfeita, porém Philadelphia talvez não tenha potência ofensiva e muito menos defensiva para bater de frente com os ataques do pelotão de elite da NFC. Deste modo, uma vitória fora de casa no Wild Card já seria um grande e surpreendente feito.

De certa maneira, o limbo dos Eagles permanece. Eles não estão em processo de rebuild nem parecem prontos para vencer agora. Talvez no próximo ano com a evolução de Hurts, já enxergado como um projeto de franchise quarterback, e a injeção de talento vinda através do caminhão de escolhas de 1ª rodada acumuladas. Em todo o caso, 2021 já saiu bem melhor do que a encomenda.

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