Draft: Com elenco completo, Eagles buscam profundidade de talento

Somente Miles Sanders deve ser útil no curto prazo

Os Eagles não tinham muitas escolhas disponíveis no Draft de 2019, mas a munição existente era suficiente para que o time pudesse adicionar peças importantes em seu elenco. Com três escolhas nas duas primeiras rodadas e com um elenco praticamente completo, o time procurou se preparar para o longo prazo ao invés de usar suas escolhas para sanar as poucas necessidades do time atual.

A principal lacuna do elenco de Philadelphia antes da offseason se iniciar estava na posição de linebacker, já que a saída de Jordan Hicks esvaziou ainda mais um grupo que já era um problema há algum tempo. Ainda assim, o time preferiu não selecionar um jogador da posição, acreditando que o valor das escolhas poderia ser melhor utilizado.

Escolhas no Draft 2019 pelo Philadelphia Eagles

1/22: Andre Dillard, OT, Washington State
2/53: Miles Sanders, RB, Penn State
2/57: JJ Arcega-Whiteside, WR, Stanford
4/138: Shareef Miller, EDGE, Penn State
5/167: Clayton Thorson, QB, Northwestern

A necessidade de um offensive tackle era evidente. Os Eagles possuem em Jason Peters e Lane Johnson uma das melhores duplas da liga, mas o futuro não é positivo igual o presente: Peters agora está mais do que certamente em sua última temporada com a franquia e Lane Johnson está a apenas uma suspensão por PEDs de ficar suspenso pelos próximos dois anos.

Com efeito, os Eagles apostaram em Andre Dillard na primeira rodada. Um offensive tackle de atleticismo invejável e com grande qualidade na proteção para o passe, Dillard saiu de Washington State necessitando de algum refinamento técnico no uso de suas mãos e também precisando evoluir no trabalho no jogo terrestre. Ao mesmo tempo, tendo em Jeff Stoutland um dos melhores treinadores de linha ofensiva de toda a NFL e um mentor como Jason Peters, Dillard não precisará ser apressado para adentrar o campo e terá todo o tempo do mundo para se desenvolver.

As ações dos Eagles no segundo dia se resumiram a segunda rodada. Com uma escolha extra provinda do Baltimore Ravens por trocar no Draft de 2018, o time poderia combiná-las para subir na ordem de escolhas ou simplesmente mantê-las e selecionar dois jogadores. Optando pela segunda opção, Philadelphia surpreendeu a todos ao passar alguns talentos defensivos que estavam caindo no board para selecionar dois jogadores ofensivos.

O primeiro, Miles Sanders, chega para ser mais uma opção num backfield que tradicionalmente atua no formato de ‘comitê’, ou seja, não há um líder claro na posição e Duce Staley, treinador dos running backs, é quem determina quais jogadores receberão determinada % de snaps. Sanders, o sucessor de Saquon Barkley em Penn State, é um jogador conhecido por sua agilidade e cortes laterais e que possui boa qualidade para conquistar jardas após o primeiro contato. Além disso, ele adentrará já como uma das principais opções no comitê, afinal, verdade seja dita: uma das razões pela qual os Eagles adotam tal sistema é a falta de um jogador que seja realmente dominante na posição.

Já em JJ Arcega-Whiteside, o time adicionou uma opção que se assemelha à Alshon Jeffery no estilo de jogo: não muito veloz, mas com um range e atleticismo ideais para fazer recepções difíceis em bolas divididas. É discutível o quanto de tempo de jogo estará disponível para Arcega-Whiteside em suas primeiras temporadas, já que, com um estilo semelhante ao de Jeffery, não faz muito sentido de um ponto de vista tático ter dois recebedores do tipo ‘X’ em campo; ao mesmo tempo, sabendo que Alshon costuma sofrer com lesões ao longo de sua carreira, o time tem um bom reserva disponível caso algo aconteça – ele não será uma arma útil no slot.

Eu realmente não gosto de ser o cara que critica escolhas do último dia porque, no fim das contas, a grande maioria delas não dá em nada, mas eu acho que os Eagles poderiam ter tido um desempenho melhor com essas com relação ao valor adquirido. Shareef Miller mostra flashes de potencial técnico – que não está alinhado com seu potencial atlético – e Clayton Thorson tem um bom braço em passes longos, mas a lista de coisas boas que eu poderia falar sobre ambos acaba aí.

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Os Eagles fizeram uma escolha parecida com a de Miller no último Draft e também na quarta rodada quando buscaram o EDGE Josh Sweat saindo de Florida State. Sem ofensas à Miller, mas Sweat é muito mais talentoso – por que não apostar no desenvolvimento dele? No caso de Thorson, sendo esta a última escolha disponível do time, eu esperaria que Philadelphia buscasse algum jogador com uma red flag gritante mas que possuísse imenso potencial: é a quinta rodada, não a primeira. Riscos estão ali para serem tomados. E o time não necessariamente precisa de quarterback nesse momento: Sudfeld é um excelente reserva e Luis Perez tem lá seu potencial para ser desenvolvido no reserva de Carson Wentz.

Melhor escolha: 1/22: Andre Dillard. O ponto sobre Dillard é que ele é um jogador com imenso potencial adentrando um time que não possuía buracos escancarados, então, o valor com essa escolha é bem alta. Estamos falando de uma das posições mais importantes num time e de um jogador que pode se tornar uma estrela no futuro à médio e longo prazo.

Pior escolha: 5/167: Clayton Thorson. Como disse acima, os Eagles não possuíam uma necessidade real na posição de quarterback, nem mesmo de um reserva. Seria muito mais útil se o time buscasse algum jogador com talento notável, mesmo que tivesse seus problemas, do que um jogador com piso baixo e teto mais baixo ainda. No fim das contas, escolhas de quinta rodada quase sempre são inúteis, então…

Nota: bom.

No ano passado, escrevi no meu relato sobre o Draft dos Eagles de que o time não tinha necessidades reais e que as escolhas haviam sido boas se olhássemos para o futuro à longo prazo. Acho que esse mesmo processo se repete em 2019: escolhas com bom valor à médio prazo mas que, com exceção de Sanders, não terão tamanha importância na temporada que se aproxima.

E não há problema nenhum nisso. Estamos falando de um time que tem um franchise quarterback estabelecido, experiente e que já possui um anel de Super Bowl em sua carreira – não importa o fato de que ele estava machucado e não disputou a partida. A tendência é que os Eagles sejam potência por, ao menos, uma década, então pensar no futuro é também importante.

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