Eagles: Fim da linha ou ainda há esperança sem Carson Wentz?

O pior pesadelo dos torcedores de Philadelphia se tornou realidade nesta segunda-feira, após o head coach Doug Pederson confirmar que Carson Wentz rompeu o ligamento do joelho e está fora do restante da temporada. O quarterback se machucou no terceiro quarto da vitória por 43 a 35 sobre os Rams, enquanto fazia um scramble curto tentando chegar à end zone.




A lesão é um banho de água fria duplo. Em primeiro lugar, é uma perda gigantesca para os Eagles, os quais terão que se virar sem seu quarterback titular no restante da temporada regular e nos playoffs – a equipe já está classificada ao mata-mata, porém ainda briga para assegurar o seed #1 da NFC, então os próximos três jogos continuam sendo importantes. Em segundo, Wentz vinha tendo um ano espetacular, tanto que era um dos favoritos ao prêmio de MVP – ele, por exemplo, tinha acabado de quebrar o recorde da franquia de mais passes para touchdown na mesma temporada (33).

A bola da vez agora é Nick Foles. Reserva imediato de Wentz e velho conhecido em Philadelphia. A grande questão: Foles está à altura do desafio de substituir um candidato à MVP e conduzir o time nos playoffs? Em outras palavras, existe vida sem Carson Wentz? Estariam os Eagles condenados ou é possível ter esperança?

O abismo entre Wentz e Foles

Para quem não se lembra, Foles, draftado em 2012, era o titular na última vez que Philadelphia foi à pós-temporada, em 2013. Naquele ano, ele teve um desempenho espetacular, terminando com 27 touchdowns lançados e apenas duas interceptações (segunda melhor marca da história da NFL), depois de entrar no lugar do lesionado Michael Vick. Entre seus feitos, está uma partida contra os Raiders em que passou para sete touchdowns, igualando o recorde da liga.

Entretanto, aquela acabou sendo a primeira e única grande temporada de Foles na NFL. Talvez pelo frenético ataque de Chip Kelly ser uma novidade e ele ter caído como uma luva no esquema, as defesas simplesmente não conseguiam oferecer uma resposta. Isso, porém, mudou em 2014. Foles foi bem mais discreto em seu segundo ano como titular e não voltou aos playoffs. Na sequência, acabou trocado com os Rams em 2015, onde foi muito mal e terminou sendo dispensado. Por fim, em 2016, foi reserva de Alex Smith nos Chiefs, até retornar aos Eagles na última intertemporada. A chegada fez todo sentido, dado que os esquemas ofensivos dos dois times guardam semelhanças e o mesmo DNA de West Coast Offense.

Não vamos mentir, a diferença entre Foles e Wentz é gigante. Além de ser o líder do ataque, o segundanista é um legítimo playmaker, tirando coelhos da cartola nos momentos mais importantes das partidas. Por exemplo, Wentz é uma máquina de converter terceiras descidas[note]http://www.espn.com/nfl/statistics/team/_/stat/downs/sort/thirdDownConvPct Acesso em: 12/12/2017[/note], brilhando em uma situação que separa os quarterbacks acima da média dos normais. Ele também tem uma presença de pocket fantástica e uma habilidade natural para estender as jogadas fugindo da pressão.

Por falar em pressão, Wentz soma 43% de passes completos, oito touchdowns e nenhuma interceptação quando os defensores estão na sua cola (2017). Foles, por outro lado, completou 37% dos seus lançamentos para sete touchdowns e nove interceptações na mesma situação ao longo da carreira. Tal estatística ilustra bem o que queremos dizer e a diferença entre ambos.

Resumindo, a ausência de Wentz significa que Philadelphia perdeu seu diferencial, passando a ser um time comum under center ao invés de um time especial, mais ou menos igual ao que aconteceu com os Packers há algumas semanas por conta da lesão de Aaron Rodgers. Não temos dúvidas que Foles será um mero game manager, tendo como principal missão não comprometer. Dificilmente veremos um ataque tão explosivo e dinâmico daqui para frente, sobretudo pelo alto.

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Nem tudo está perdido: Philadelphia continua sendo uma ótima equipe

É claro que não podemos subestimar o impacto da perda do melhor e mais importante jogador do time, mas, por outro lado, também não podemos esquecer que o futebol americano é um esporte coletivo e uma franquia não vive apenas do seu quarterback. Os Eagles não possuem uma campanha 11-2 só por causa de Carson Wentz. Antes de mais nada, eles são uma excelente equipe.

Por exemplo, o monstro de três cabeças formado pelos running backs Jay Ajayi, LeGarrette Blount e Corey Clement parece ser mais do que capaz de manter o ataque competitivo (média de 143 jardas terrestres por partida, segunda melhor da NFL), mesmo se as coisas ficarem difíceis com Foles lançando a bola. A defesa, por sua vez, é recheada de talento, sendo uma das mais produtivas da liga em diversos aspectos: melhor de todas contra a corrida (71,2 jardas terrestres permitidas em média), quarta em jardas totais (294,2), quinta em pontos (19,2) e a terceira que mais forçou turnovers (24)[note]http://www.espn.com/nfl/statistics/team/_/stat/givetake/sort/takeTotal Acesso em: 12/12/2017[/note]. Por fim, não devemos esquecer da linha ofensiva, a qual segue fazendo um bom trabalho mesmo após a lesão do left tackle Jason Peters.

Philadelphia pode usar o caso de Minnesota para se inspirar. Os Vikings são um exemplo claro de como um quarterback mediano é capaz de render em uma equipe talentosa e organizada. Case Keenum, um signal caller absolutamente medíocre ao longo de sua carreira, entrou no lugar de Sam Bradford, foi bem e se tornou um jogador muito confiável. Talvez Foles, apoiado por um jogo terrestre forte e uma defesa eficiente, passe por um processo similar.

Além do mais, é preciso sermos justos aqui: Foles não é o pior quarterback do mundo. Sim, sua passagem pelos Rams foi trágica, mas considerando o efeito tóxico que Jeff Fisher exerce em seus signal callers (Keenum e Jared Goff que o digam), podemos, no mínimo, dividir a culpa pelo fracasso. Mais importante ainda, Nick tem uma experiência razoável como titular na NFL, inclusive em playoffs, e isso não deve ser desprezado. Nesse sentido, ele é um reserva bem mais interessante do que Brett Hundley e Tom Savage, respectivamente os substitutos de Aaron Rodgers e Deshaun Watson.



Em nossa opinião, ainda é muito cedo para descartá-los de qualquer disputa. Acima, mais de uma razão para acreditarmos que a temporada dos Eagles ainda está longe de ter chegado ao fim. E não estamos sozinhos: segundo o Football Power Index, índice estatístico criado pelo ESPN norte-americana, Philadelphia tem 93% de chance de terminar com o melhor seed da conferência, 46% de chance de chegar ao Super Bowl e 25% de chance de vencê-lo (melhores porcentagens da NFC).

Em 1990, os Giants viram Phil Simms se machucar no final da temporada regular e precisaram seguir em frente com Jeff Hostetler, o quarterback reserva. No final das contas, acabaram sagrando-se campeões do Super Bowl XXV. Esta talvez seja a maior prova de que perder o signal caller titular não é necessariamente o fim do mundo, sobretudo para um time consistente, o que sem dúvida é o caso dos Eagles.

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