FIM DA ERA CAM NEWTON: O QUE OS PANTHERS PRETENDEM?

A saída de Cam Newton e a chegada de Teddy Bridgewater foram oficializadas na terça-feira

Meses após o início de uma novela cheia de idas e vindas, a relação entre Cam Newton e o Carolina Panthers chegou ao fim na última terça-feira. E não foi um rompimento bonito: enquanto a franquia ia às redes sociais anunciar a disponibilidade do quarterback para troca, dando a entender que se tratava de uma decisão tomada em conjunto, Newton alegava estar sendo forçado a ir embora, pois amava Carolina e gostaria de permanecer.

Seja como for, foi uma situação sem volta, tanto que os Panthers já fizeram outras postagens em suas redes sociais despedindo-se de Newton, o franchise quarterback da equipe desde que foi draftado com a 1ª escolha geral de 2011. Ademais, eles também já arrumaram um novo titular: Teddy Bridgewater, contratado por três anos e 63 milhões de dólares.

O corte veio. Carolina, por sua vez, ainda terá que tomar outras decisões importantes, como por exemplo apostar totalmente em Bridgewater ou usá-lo como “ponte” (com o perdão do trocadilho) para um novo signal caller escolhido no Draft.

Por que trocar de quarterback exatamente agora?

Em primeiro lugar, existe a questão física. Newton sofreu com muitas lesões nos últimos anos que o fizeram perder partidas ou o obrigaram a atuar limitado, longe da sua melhor forma. Os Panthers simplesmente não parecem confiar 100% que ele voltará a ser o mesmo de antes, algo especulado já no ano passado, após Kyle Allen ser promovido à condição de titular enquanto Cam se afastava para tratar de problemas físicos – ele, aliás, no momento está se recuperando de uma cirurgia no pé realizada em dezembro.

Em segundo – e provavelmente mais importante de tudo -, Carolina está passando por uma imensa reformulação no time e em sua comissão técnica. A era Ron Rivera chegou ao fim, dando o início à era Matt Rhule. E aqui vale a máxima: novos sistemas (quase sempre) exigem novos quarterbacks. Rhule e Joe Brady, o novo coordenador ofensivo, parecem dispostos a promover uma revolução no ataque, o que inclui substituir um signal caller com características tão únicas quanto Newton por um pocket passer tradicional como Bridgewater.

Além disso, vale mencionar o histórico de Brady e Bridgewater no New Orleans Saints em 2018, quando este era reserva de Drew Brees e aquele assistente ofensivo de Sean Payton. O fato de ambos já terem trabalhado juntos deve ter facilitado a ida de Teddy para a Carolina do Norte.

Por fim, há também uma questão contratual envolvida. Newton estava na última temporada da sua extensão de cinco anos e 103 milhões assinada em 2015. Uma renovação não sairia nada barato para os Panthers, certamente fazendo a média anual de salário pular dos 20 para os 30 milhões. Um corte ou uma troca, por sua vez, significará uma economia de 19 milhões na folha salarial em 2020 e um dead money de apenas 2 milhões.

Bridgewater é uma solução em longo prazo ou apenas um tampão?

A melhor maneira de tentar entender como os Panthers enxergam seu novo titular é analisando o que foi oferecido a ele. E a verdade é que está longe de ser um contrato de franchise quarterback, portanto Teddy está muito mais para o lado de tampão do que de solução em longo prazo.

Bridgewater fechou por três anos e 63 milhões, sendo apenas 33 milhões totalmente garantidos no momento em que o contrato é assinado. Teddy também terá 40 milhões garantidos nos dois anos iniciais de vínculo, com um salário base de oito milhões em 2020 e 17 milhões em 2021. Já a remuneração de 2022 não está assegurada.

Em suma, é um contrato barato e que facilmente pode ser rompido depois de duas temporadas, típico de quarterbacks “ponte”. Apenas como base de comparação, as cifras são bem mais modestas do que aquelas oferecidas pelo Jacksonville Jaguars a Nick Foles, embora a média anual seja similar: quatro anos, 88 milhões totais e 45 milhões garantidos no momento da assinatura.

Isso significa que Carolina é sim um possível interessado em buscar um signal caller cedo no Draft, afinal o projeto Bridgewater tende a ser de curto prazo – e o projeto Kyle Allen franchise quarterback foi abortado. Os Panthers, por exemplo, detêm a 7ª escolha geral em 2020, o que os coloca no território de nomes como Justin Herbert ou Tua Tagovailoa.

Ou então Carolina pode esperar mais um pouco e ir atrás de um novo quarterback no ano que vem, dando uma temporada inteira para Bridgewater tentar provar que pode ser o futuro da franquia. Seja como for, o mais provável é Teddy acabar passando o bastão para algum jovem selecionado no Draft daqui a não muito tempo, provavelmente em 2022 ou até 2021, a menos que ele choque o mundo com um desempenho inesperado.

Vale lembrar que Matt Rhule assinou um contrato de sete anos com os Panthers, mostrando o plano em longo prazo da franquia. Ao abrir mão de Cam Newton, o head coach deixou claro que um dos focos da reconstrução é encontrar um novo quarterback para o futuro. Bridgewater, por conta de sua idade (27 anos) e mesmo de suas limitações técnicas, não deve ser esse cara.

Um anúncio rápido: Não vamos “fechar” nenhum texto para assinantes nesta semana no @profootballbr. Tudo aberto para incentivar as pessoas a ficarem em casa nesses tempos de COVID19. Caso você goste de nosso conteúdo e queira apoiar nosso site, estamos também com uma promoção de 50% de desconto. Clique aqui para conferir

“odds