Estamos carecas de saber da paridade da NFL em 2021. Nas últimas semanas, o quadro de imprevisibilidade se agravou com as inúmeras ausências de atletas devido ao avanço da variante Omicron nos Estados Unidos. Diante desse cenário, vimos três resultados “surpreendentes” – cada um à própria maneira.
O Detroit Lions venceu o Arizona Cardinals, alcançando sua segunda vitória na temporada. Em Baltimore, o Green Bay Packers triunfou sobre o Baltimore Ravens de Tyler Huntley por 31 a 30. Em Tampa, os campeões do Super Bowl sequer anotaram pontos contra o New Orleans Saints. Os atuais seeds 1, 3 e 4 – Packers, Buccaneers e Cardinals, respectivamente – precisam tirar grandes lições das partidas.
O único vitorioso continua surfando a onda de um Aaron Rodgers inspirado. O dueto com Davante Adams continua afiado. A facilidade do camisa 12 em distribuir passes em todas as partes do campo para inúmeros recebedores é praticamente incomparável. E, assim, anotaram 31 pontos. Todavia, o que preocupa não é a parte ofensiva, mas as duas outras equipes que compõem o Green Bay Packers.
O time de especialistas demonstrou erros nas duas últimas semanas que alguns times sequer exibiram na temporada inteira. Faltas, fumbles e touchdowns cedidos são péssimos sinais para qualquer special team, e tivemos tudo isso pelo time de Wisconsin contra o Chicago Bears e Baltimore Ravens. Além disso, a defesa dos Packers, que foi alçada como o grande diferencial na grande temporada do time, teve erros de comunicação que permitiram um comeback de Huntley. O fato do time ter impedido a conversão de dois pontos é importante, mas, mais importante do que isso, é entender como os Ravens chegaram naquela situação.

Em Arizona, as críticas ao head coach Kliff Kingsbury ressurgem rapidamente. Conhecido por insistir nos mesmos conceitos – espalhar recebedores em rotas longas, deixar Kyler Murray resolver com as pernas e seja o que Deus quiser -, os Cardinals mostram sinais de desgaste. O time sofreu com campanhas longas do time da casa, que dominou o tempo de posse de bola, e Murray não resolveu nem por ar, nem por terra. Ainda que o tornozelo não esteja 100%, o camisa 1, antes candidato a MVP, sai da corrida. Sem DeAndre Hopkins, o jogo aéreo precisa reencontrar um caminho funcional. É necessário trazer alternativas ofensivas, especialmente na red zone, antes que a vaca vá de vez para o brejo. O tempo urge.
O Tampa Bay Buccaneers, por sua vez, parece ter expiado sua “sorte” com lesões durante a temporada contra o New Orleans Saints. Os atuais campeões do Super Bowl perderam Chris Godwin pelo restante da temporada. Mike Evans saiu de campo no meio da partida e Leonard Fournette sofreu uma lesão na coxa no segundo tempo do Sunday Night Football. Por mais preocupante que isso seja, se alguém consegue contornar situações ruins de recebedores é alguém como Tom Brady. Ajustes durante a partida são mais difíceis – precisaremos da próxima partida para entender como Bruce Arians pretende contornar as perdas.
Ainda assim, o time foi dominado pela defesa do New Orleans Saints. Os bons nomes da linha ofensiva de Tampa foram dominados por Cameron Jordan, Marcus Davenport e companhia. Tristan Wirfs, um destaque como right tackle, sofreu com o pass rush de New Orleans. Dennis Allen, mais uma vez, mostra que atingir Tom Brady é a forma de tirá-lo do seu ritmo. Com marcações homem a homem e confiante na sua linha defensiva, o New Orleans Saints fez Tom Brady sair sem pontos de uma partida pela primeira vez desde 2006. O time precisa, agora, contornar a falta de importantes talentos nas derradeiras semanas de temporada regular.
Além disso, podem ter certeza que o celular de Dennis Allen vai tocar algumas vezes com perguntas e pedidos de dicas de “como fazer”.
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Estamos falando aqui de três dos quatro melhores retrospectos da NFC. Packers, Buccaneers e Cardinals mostraram o que há de melhor no futebol americano em 2021, mas há espaço para melhora. Na verdade, não é uma questão de espaço para melhora, mas sim de vulnerabilidades evidentes. Qualquer um destes times pode chegar ao Super Bowl e vencer, sem dúvida. Agora, os times sabem o que precisam fazer para batê-los. Nas palavras de Maestro Júnior durante uma calma transmissão de futebol, “quando você enfia a faca no inimigo, você tem que rodar a faca, se não ele pode sobreviver.” Saber onde desferir o golpe com a faca é meio caminho andado. Na última semana, os pontos fracos foram expostos, e nos resta ver como os favoritos à Conferência Nacional os protegerão.






