[dropcap size=big]A[/dropcap] NFL foi sacudida no último sábado com a troca de Khalil Mack do Oakland Raiders para o Chicago Bears.
Não é todo dia que um dos três melhores defensores da liga é trocado. Por mais que o preço pago por ele seja duas escolhas de primeiro round, Jon Gruden praticamente ignorou sua importância e o tratou como um jogador comum. Bom para os Bears, que conseguiram um dos melhores pass rushers da NFL, que com apenas 27 anos ainda tem bom tempo para produzir em alto nível na carreira.
O fato é que a chegada de Khalil Mack impacta de maneira abismal na qualidade da defesa dos Bears, sendo capaz de a colocar em outro nível. Falando especialmente sobre o front seven, além de impactar imediatamente, os Bears podem ter um grupo especial por um longo período. Trata-se de um grupo com profundidade interessante e que pode facilmente substituir peças de rotação que forem envelhecendo ou saindo por questões de mercado.
Tudo começa pelo miolo da linha defensiva. Akiem Hicks, com 28 anos já é um veterano na NFL e é um jogador claramente subestimado. Com boa qualidade contra o jogo corrido, ele foi o jogador da linha defensiva com mais tackles no time na temporada passada. Além disso, foram 8,5 sacks, um número excelente para um jogador de interior de linha defensiva. Na NFL cada vez mais tomada pelo run-pass option, criar pressão pelo miolo se faz fundamental e Hicks com essa qualidade pode se tanto criar essa pressão em downs normais quanto se manter em campo nos downs óbvios de passe.
Jonathan Bullard deve ser o outro titular na posição de defensive tackle neste ano e seu bom trabalho contra o jogo corrido é o destaque. Indo para seu terceiro ano na liga, a expectativa é que esse seja seu breakout year, o ano onde o jogador dá o salto de qualidade definitivo. Jogador de escolha de terceira rodada, ele mostrou bons momentos na temporada passada e será um dos responsáveis por fazer o famoso trabalho sujo na rotação para que os pass rushers brilhem. Ele tem apenas 24 anos e tem muito tempo na liga ainda. Atenção as idades, elas são muito importante para o contexto. Além disso, desde os tempos de Florida Gators é um jogador versátil.
Na posição de nose tackle, com capacidade de ocupar mais de um bloqueador, está Eddie Goldman. Depois de problemas para ficar saudável nas temporadas passadas, em 2017 Goldman foi um pilar contra o jogo corrido.
Sua capacidade em conseguir infiltração no backfield é fundamental no esquema de Vic Fangio. Mesmo nem sempre sendo o homem a conseguir o tackle, Goldman muitas vezes atrasa o corredor ou o faz mudar de direção e isso facilita demais o trabalho dos linebackers. No trabalho contra o passe, ele é um bull rusher que abre espaços para blitzes e stunts no meio. Com 24 anos, ele está no seu último ano de contrato e será fundamental para ele manter uma boa produção para ter valor de mercado ou renovação.
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A rotação terá o promissor Bilal Nichols, draftado na quinta rodada este ano. Jogador com capacidade ser versátil, ele pode jogar bem tanto nas funções de Goldman quanto Bullard e sobrou até este ponto por vir de uma escola menor (Delaware). Foram 11 tackles e 3,5 sacks na pré temporada, deixando uma boa impressão. Roy Robertson-Harris complementa o grupo, sendo consistente contra o jogo corrido, ele cresceu de produção nas últimas semanas da temporada passada. Mais um jogador jovem, que tem apenas 25 anos e teto para crescimento.
Na pressão pelas laterais, com a chegada de Khalil Mack, os Bears entram nas conversas dos melhores grupos de pass rushers da liga.
Mack é um jogador fenomenal e basicamente dispensa apresentação. Em quatro anos pelos Raiders, foram 40 sacks. Seu repertório de pass rush moves é imenso e ele é capaz de criar pressão em qualquer snap. Além disso, ele é um excelente defensor contra corrida, com ótima capacidade de selar a sua lateral e evitar ganhos com as pernas.
Um ponto subestimado do seu jogo é seu processamento mental: Poucos edge defenders na NFL tem a capacidade de identificar uma jogada e responder rápido como ele tem. Contendo quarterbacks em read option ele é um dos melhores da posição também. Os Bears têm em suas mãos um potencial Hall da Fama e isso não se consegue todos os dias.
Outro ponto é com Mack em campo, acabam as dobras em Leonard Floyd no outro lado e o jogador de 25 anos deverá colocar todo seu potencial a prova em definitivo. Jogador escolhido na nona posição no Draft de 2016, Floyd tem sofrido com algumas lesões em seus primeiros anos. Porém, quando em campo vem se mostrando um jogador com flashes de brilhantismo e com a chegada de Mack a tendência é um salto de qualidade que o eleve a um patamar mais alto. A dupla titular tem tudo para ser um terror aos quarterbacks durante todo o ano.
O grupo tem boa profundidade. Sam Acho (o mais veterano do grupo, com 30 anos) segue sendo um reserva com boa capacidade de ser útil sem comprometer enquanto os titulares descansam. Aaron Lynch nunca se firmou em San Francisco, mas tem apenas 25 anos e capacidade de ser uma arma em terceiras descidas. Um jogador nada badalado e que demonstrou durante a pré temporada sua capacidade em produzir no pass rush é o novato Kylie Fitts. Vindo de Utah na sexta rodada do último draft, é um especialista em pass rush que não chamou tanta atenção durante o processo de seleção por lesões que teve em seus anos de universidade. Nos quatro jogos de preparação, foram 10 tackles e 2,5 sacks, garantindo com tranquilidade seu lugar no roster.
Entre os inside linebackers, Danny Trevathan é o mais experiente do grupo. Apesar de já ter um Super Bowl no currículo com o Denver Broncos e ser um jogador consolidado na liga, ele tem apenas 28 anos e muita lenha a queimar ainda. Sua capacidade em cobrir contra o passe o faz um dos 10 melhores da liga na função. Ele tem boa desenvoltura contra tight ends e running backs e isso evita a criação de mismatches tão comuns hoje na NFL. Numa divisão que acaba de receber Jimmy Graham para ser uma arma com Aaron Rodgers, será de grande valia. Além disso,abre espaços para que jogadores de secundária fiquem mais livres para eventuais blitzes.
Ao seu lado jogará Roquan Smith, escolhido na oitava posição no último draft. Vindo da universidade da Georgia, ele é um dos melhores prospectos da posição dos últimos anos. Jogador com processamento mental acima da média, trata-se de um linebacker que mostrou completo. Sua capacidade em cobrir lateral a lateral contra o jogo corrido é excelente, bem como em defender contra o passe. Especialmente contra running backs que saem para receber passes, Smith se mostrou fenomenal. Caso confirme todo seu potencial, é um sério candidato a calouro defensivo do ano.
Nick Kwiatkoski é um terceiranista de 25 anos que se mostrou promissor nas duas primeiras temporadas. Sólido contra a corrida e contra o passe, ainda mostrou bons momentos em blitz pressionando o quarterback e deve ganhar snaps no decorrer do ano se mantiver a produção. O novato Joel Iyiegbuniwe foi uma escolha de quarto round esse ano e é um projeto. Jogador muito atlético, terá tempo para se desenvolver e ganhar espaço nos próximos anos.
Leia mais sobre os Bears: PRÉVIAS 2018 – Empolgou: até onde vai o Chicago Bears de 2018?
De tudo citado, é importante notar que apenas um jogador de todo front seven já chegou na casa dos 30 anos (Sam Acho). Isso mostra que é um grupo já bom, mas com teto para crescimento. Ou seja, é possível que vejamos o auge de muitos destes jogadores simultaneamente nas próximas temporadas. O resultado tende a ser sensacional para os Bears e eu cravo sem medo que ao final da temporada esse front seven será colocado no mesmo patamar de Panthers, Texans e Vikings como um dos melhores da NFL.
Com uma boa secundária que o time já tem, não se espantem se essa defesa levar os Bears muito mais longe que imaginávamos a apenas pouquíssimo tempo atrás.
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