Jets? Texans? Quanto vale e para onde vai Jay Cutler?

Após anos de uma relação conturbada, marcada por momentos de amor e ódio – muito mais ódio, no caso -, o casamento entre Jay Cutler e o Chicago Bears tem tudo para finalmente chegar ao fim em 2017. Há alguns dias, confirmando o que tudo mundo já imaginava, veio a público a notícia de que a franquia está ativamente procurando alguém disposto a fazer uma troca pelo quarterback. Caso nenhum time se mostre interessado no negócio, ele deverá ser cortado.

A despedida de Cutler, por sinal, já poderia ter acontecido há muito tempo não fossem questões financeiras. Em 2014, Chicago praticamente virou refém do quarterback ao lhe dar um contrato de sete anos e 126 milhões de dólares (54 garantidos). Ou seja, Cutler não podia ser trocado porque nenhuma equipe em sã consciência assumiria a responsabilidade por um acordo desses. Ele também não podia ser dispensado, pois o grande valor garantido inviabilizava esta opção. Em 2017, porém, a quantidade de dinheiro garantido a ser pago caiu bastante – Jay recebeu a maioria dele nos três primeiros anos de vínculo -, o que deu maior poder de escolha à franquia.

Contudo, mesmo saindo dos Bears pela porta dos fundos e despertando mais dúvidas do que certezas, Cutler ainda tem mercado na NFL – quer dizer, se quiser continuar jogando. Caso realmente vire free agent, ele será uma das melhores opções na posição, afinal a lista de quarterbacks sem contrato é quase sempre muito escassa de talento. Seja como solução emergencial em um lugar carente under center ou um reserva de luxo, o signal caller ainda pode ser útil para vários times.

Em que circunstância faz sentido apostar em um atleta tão contestado?

Antes de mais nada, quem resolver ir atrás de Cutler precisa ter um plano definido. Isso significa, basicamente, ter um objetivo realista traçado para a contratação. Ele levará meu time ao Super Bowl? Ok, exageramos. Proporcionará uma melhor chance de classificação aos playoffs? Será um “quarterback tampão”, ou seja, com um “prazo de validade”, preparando o terreno para alguém assumir a titularidade no futuro próximo? Ou será apenas um reserva de luxo que fará pressão no titular?

Levando em conta o que vimos nas últimas temporadas, apostar em Cutler para ganhar um título ou mesmo tentar uma arrancada rumo ao mata-mata não parece ser uma boa ideia. Suas deficiências dentro e fora do campo (problemas de liderança e relacionamento) não o credenciam ao posto de salvador da pátria. Deste modo, franquias com maiores ambições poderiam quebrar a cara ao contratá-lo.

Vamos usar o exemplo dos Texans, uma equipe com potencial de playoffs. Cutler possivelmente seria um upgrade em relação a Brock Osweiler, mas ainda assim não mudaria o time de patamar. Se for contratado para ser titular, entretanto, a cobrança com certeza será nesse sentido. Assim, na primeira ocasião em que ele jogar mal, a pressão será imensa e a chance dele se queimar rapidamente com os torcedores maior ainda.

Em nossa opinião, Cutler deve ser visto como um tapa buraco, uma espécie de Mark Sanchez gourmet. O melhor dos cenários seria um time sem grandes pretensões no presente o contratar para quebrar um galho. Talvez um time que esteja disposto a selecionar um quarterback no próximo Draft e deixá-lo no banco aprendendo com um veterano por um ou dois anos. Desse jeito, a mini Era Cutler funcionaria como uma transição.

Possíveis destinos

San Francisco 49ers: A equipe da Califórnia é o exemplo perfeito do que dissemos no parágrafo anterior. San Francisco não brigará por nada grandioso em 2017 (desculpem torcedores, mas é a verdade) e é uma das franquias que mais precisam de um novo quarterback no Draft. Cutler chegaria para deixar os 49ers um pouco mais competitivos do que com Kaepernick ou Blaine Gabbert e, além disso, serviria para blindar um eventual calouro, evitando que ele fosse jogado logo de cara aos leões.

No último dia 20 de fevereiro, o head coach Kyle Shanahan disse que San Francisco deve ser paciente e não comprometer o futuro em busca de um franchise quarterback imediato. Quer mais paciência do que adotar a estratégia mencionada acima? Ademais, trazer Cutler não atrapalharia o futuro, pois no pior dos casos ele seria trocado por uma escolha baixa no Draft.

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Cleveland Browns: Situação bastante parecida com os 49ers. Cleveland pode querer apostar de novo em algum veterano para tentar amenizar os problemas em curto prazo – fez isso com Robert Griffin III em 2016 -, enquanto busca uma solução para o futuro. Contudo, vários boatos ligam os Browns à uma troca com os Patriots por Jimmy Garoppolo. Nesse caso, não faria muito sentido ir também atrás de Cutler.

New York Jets: Será que Jay Cutler dará uma melhor chance aos Jets de voltarem aos playoffs do que Ryan Fitzpatrick? Bem, se o time por algum motivo acreditar nisso pode tentar uma investida, afinal as atuais opções do elenco são Bryce Petty e Christian Hackenberg. E New York não está em modo de reconstrução como Browns ou 49ers, eles têm uma equipe que em teoria pode brigar por alguma coisa agora. Por outro lado, não custa lembrar o que dissemos antes: quem enxergar Cutler como salvador da pátria provavelmente se decepcionará.

O que pesa contra o acordo, além de uma possível rejeição enorme da franquia e dos torcedores, é que os Jets são um dos times com menos espaço livre no salary cap, e Cutler, mesmo em decadência nessa fase da carreira, não deverá aceitar receber um salário tão baixo assim.

Houston Texans: Faz sentido para Houston pensar em trazer algum nome com um pouco mais de bagagem para disputar posição com Brock Osweiler. Quem sabe pressionado ele pega no tranco. O que não faz sentido é pagar uma remuneração muito alta para outro quarterback contestado, já que Osweiler terá um salário base de 16 milhões em 2017.

Resta saber se os Texans acharão que alguém como Cutler vale o risco e o investimento. Como já dissemos antes, ele seria um possível upgrade, mas não faria o ataque do time ser um dos mais temidos da NFL.

Buffalo Bills: Os Bills vivem uma situação similar aos Jets: eles precisam de um quarterback capaz de levá-los aos playoffs imediatamente. O time tem talento e pode buscar voos maiores, mas a inconsistência under center vem condenando nos últimos anos. Se por acaso Buffalo não quiser pagar os 27 milhões de Tyrod Taylor e acreditar que Cutler é capaz de dar conta do recado, então é só seguir o coração. Em todo o caso, não há como deixar de pensar que a sua eventual chegada seria quase uma Kyle Orton Experience 2.0.

Kansas City Chiefs: Adquirir Cutler não representaria necessariamente um ganho técnico em relação a Alex Smith, mas teria o efeito de injetar um pouco de disputa na briga pela posição – hoje, o limitado Smith é o titular inquestionável, o que pode gerar uma certa acomodação. O problema é que Kansas City é a franquia com a folha salarial mais apertada da liga e precisa, por exemplo, resolver a situação contratual do safety Eric Berry. Deste modo, investir dinheiro demais em um provável quarterback reserva não deve ser a prioridade lá em Missouri.

Tennessee Titans: Marcus Mariota sofreu com lesões em suas duas temporadas na NFL. Matt Cassel, o reserva em 2016, será free agent. Você já entendeu onde queremos chegar. Tennessee é o quinto time com mais espaço sobrando no salary cap, então pode se dar ao luxo de investir um bom dinheiro em um substituto para Mariota, alguém capaz de manter a equipe minimamente competitiva caso ele se machuque de novo. Nesse cenário, Jay Cutler seria uma ótima opção.

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