Sobe, encontra uma pedra, tropeça, se levanta, cai de novo, recomeça a subida. Essa vem sendo a temporada do Buffalo Bills. A equipe oscilou mais do que devia ao longo do ano, mas tem rumo encaminhado à pós-temporada com dois confrontos mais fáceis nas últimas três semanas, Atlanta Falcons e New York Jets.
Nessa estrada, muitos problemas foram vistos: oscilações defensivas, Josh Allen cometendo loucuras, e assim vai. Só que um deles foi uma constante durante toda a temporada – e não vem só deste ano. O jogo corrido de Buffalo é inexistente. E, sim, coloco em negrito porque é, realmente, um absurdo. Devin Singletary, running back titular, tem pouco mais de 600 jardas corridas mesmo sendo titular em todos os jogos. Na segunda colocação, está Allen com 555 e, bem abaixo, Zack Moss com 286 (um número pífio mesmo para um corredor reserva).
Equipes que não sabem correr com a bola morrem cedo na pós-temporada, principalmente quando precisam controlar o jogo. Ou Brian Daboll começa a valorizar o jogo corrido, ou Buffalo morrerá na praia, mais uma vez. Para sua sorte, a solução não está longe de casa.
Basta correr mais
Para ser bem simplista, um jogo corrido ruim envolve três variáveis: um corredor ruim, um esquema ofensivo falho e/ou uma linha ofensiva porosa. Para “sorte” dos Bills, o único grande problema está na segunda variável.
Singletary não é um grande running back, mas é um corredor mais do que capaz e tem boa explosão para liderar o backfield, faltando-lhe mais oportunidades ao longo dos jogos. Sua média inferior a 10 carregadas por partida são baixíssimas – em carregadas totais (134) ele é o 28ºda posição.[foot]Pro Football Reference[/foot] Nos primeiros quatro jogos da temporada, Daboll colocou a bola na sua mão em um nível pelo menos decente e Buffalo venceu em três oportunidades; desde então, seu volume despencou e as oscilações aumentaram.
Não é coincidência. Quando você se torna monotemático, é mais fácil para as defesas te anularem, ainda mais quando você tampouco utiliza seus quarterback como arma neste quesito. Allen é um dos melhores signal callers da liga pelo chão e, mesmo assim, 55% das suas jardas vieram de scrambles; ou seja, corridas que ele mesmo improvisou quando uma jogada deu errado. Nós não conseguimos ver em campo inventivas chamadas que o coloquem para correr e conquistar jardas, mesmo que ele seja bom nisso.
E não pense que isso se trata de preservar o quarterback. Daboll simplesmente não gosta de correr. A linha ofensiva da equipe, que poderia ser um empecilho, está no meio da tabela em métricas de eficiência[foot]ESPN e Football Outsiders[/foot] e é possível notar que isso poderia ser melhor se o volume fosse maior, dando chance de mais jogadas explosivas.
